Sair do anonimato é uma necessidade básica, todos querem ser vistos, reparados e considerados e ninguém quer passar pela vida sem deixar uma marca, um sentimento no coração de alguém, uma ideia inteligente que desperte no outro algum interesse. Tudo isto porque somos seres afetivos, precismos dar e receber calor humano, somos seres inteligentes e queremos que, de alguma forma, nosso raciocínio interaja com outro e que nossa inteligência brilhe nele.
Pois bem, tudo isto percebemos em nossos alunos. Quando falam, querem ser ouvidos; quando escrevem, querem ser lidos; quando reclamam, querem ser notados, são como todos os seres humanos. Assim, promover o diálogo, a interação, a leitura, o riso, o desabafo, o silêncio ... parece tarefa simples, mas para aquele professor que está de corpo e alma na sala, não o é, pois exige esforço, acuidade, amorosidade e conhecimento.
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Um destes momentos é quando escrevem, querem que aquilo seja lido, pois demandou debruçar-se sobre, desnudar-se algumas vezes, silenciar-se num mundo ruidoso. Então lemos, afixamos na sala e, caso permitam, publicamos aqui. As cartas e autobigrafias que você lê abaixo são exemplos disto, um texto que me comoveu foi o da aluna Mayara do noturno, moça pacata e ingênua que se vê assustada com a perspectiva de ser mãe, o que já aconteceu recentemente.
Tivemos um aluno notável no noturno, o Sr. Roque, homem de elevada distinção e elegância no trato com todos. Hoje, ele está concluindo o Ensino Médio na E.E. Pedreira de Freitas, aqui perto do nosso Cemei. Numa determinada atividade de escrita, ele nos apresentou um belo texto, fizemos algumas sugestões de reparos ortográficos e gramaticais, mas de antemão, já avaliamos a qualidade de seu texto. Pois bem, enviamos sua redação para o Jornal A Tribuna, que tem uma bela parceria com as escolas públicas municipais de Ribeirão Preto.
Para nossa alegria, risos, o Sr. Roque não só teve sua história publicada, como também foi homenageado pelo Jornal numa cerimônia pública à qual comparecemos com grande satisfação. Mais uma vez, parabéns, Sr. Roque. E a todos os alunos que escrevem e nos confiam seus texto, nosso muito obrigado.
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Somos impacientes e ansiosos, infelizmente, queremos ver no semblante dos que nos ouvem uma resposta, ainda que mínima, talvez um mover de lábios, um arregalar de olhos, ou seja, um simples sinal de que estão acompanhando nosso raciocínio. Mas isto nem smpre acontece, muitas vezes, nos olham com cara de paisagem e é difícil controlar nossa decepção.
Há pouco tempo, li em sala um dos mais belos contos que conheço " A moça tecelã", de Marina Colasanti. Fiz uma leitura quase que dramatizada e ao terminá-la nem uma expressão diferente, parecia que eu tinha passado um teoria sobre substantivos. Com um nó na garganta, passei para a atividade de compreensão do texto que o livro propunha.
Aprendemos há algum tempo que isto se chama idiossincrasia, que a maneira com que cada um recebe uma mensagem é pessoal. Aí entra nossa ansiedade, que é o querer "comandar" a maneira como o outro recebe o que falamos. Exercício difícil, pode acreditar, é este para o professor, pois nossa ânsia para que o outro cresça, assimile é tanta que até esquecemos a interessante frase de Paulo Freire "A educação é um fruto que o professor não come"
Um abraço,
Adalto Paceli