Chorar e sorrir
“E retirou-se
precipitadamente, porque suas entranhas se tinham comovido por causa de seu
irmão, e tinha vontade de chorar; entrou em seu quarto e deu livre curso às
lágrima.” Gênesis, 43, 30.
A leitura da Bíblia traz para o leitor
múltiplas experiências e uma delas foi uma profunda emoção com a história de
José do Egito, em breves palavras, esse personagem bíblico era muito querido
pelo seu pai Jacó, o que provocou ciúmes em seus irmãos que o venderam como
escravo para mercadores egípcios. Aqui entra o episódio dos sonhos do Faraó e
desvendados por José, esse soberano
sonhou com sete vacas e sete espigas gordas; e com sete vacas e sete espigas
magras, José previu sete anos de fartura e outros sete de fome no Egito.
Tornou-se primeiro ministro, administrou bem os sete anos de fartura e os
outros sete de penúria foi possível atravessá-los sem piores consequências,
chegando mesmo a negociar víveres com os países vizinhos.
Aconteceu que a família de Jacó recorreu ao
Egito para adquirir comida e seus filhos foram enviados para tal e lá
encontraram o Primeiro-Ministro José, mas não o reconheceram, ele, no entanto,
soube quem eram assim que neles pôs os olhos e ficou extremamente comovido, em
especial, ao ter notícias de seu irmão caçula Benjamin e de seu pai.
Houve idas e vindas e numa dessas, José
ofereceu aos irmãos um jantar e contam as Escrituras que ele foi tomado de
tamanha comoção que se retirou da sala e seu choro foi ouvido pelos servos da
casa.
Demos um gigantesco passo e vamos ao Novo
Testamento e vejamos mais uma cena comovente, Lázaro e suas irmãs Marta e Maria
eram amigos de Jesus, aconteceu que Lázaro morreu e o Mestre não ficou sabendo.
Um tempo depois, visitou os irmãos e ao saber do falecimento do amigo, Jesus
chorou.
Por que as lágrimas causam tanta polêmica?
Por que ao vermos uma pessoa chorando temos a automática reação de consolá-la?
No entanto, não temos a mesma reação diante do sorriso, do riso e da
gargalhada. Por quê? Certamente todos já vivemos a experiência mental de tentar
sofrear nossas lágrimas com receio da reação dos circunstantes. Os amigos ficam
incomodados quando percebem que nossas lágrima afloram. Há também o velho
ditado “homem não chora”.
É hora de mudarmos esse paradigma, pois o
riso e o choro são lados de uma mesma moeda, choremos e permitamos que nossos
afetos possam chorar em nosso ombro, deixemos que vejam nosso olhos marejados e
ouçam com a mesma naturalidade o nosso riso, lembrando do Pequeno Príncipe,
cujo sorrir se transformou em estrelas brilhantes, que iluminavam a vida
daquele velho piloto.
Adalto Paceli