Ontem na escola foi dia de festa, formatura das oitavas séries, cheguei e fiquei conversando com alguns colegas, observando o alvoroço. Risos nervosos, fila pra pegar a beca, arrumações de última hora, grupinhos aqui e ali no pátio, convidados indo para o local da cerimônia, a quadra.
Lá, apesar do calor, mesa bem posta, bandeiras, convidados sentados aguardado e o costumeiro atraso. Hino, homenagens de praxe, entrega de lembranças e de certificados , encerramento.
Gostaram do resumo? É claro que não! Isto todos vemos, é o ordinário. Há, porém, alguns refinamentos que talvez escapem para a maioria. Pois é, vamos conversar sobre isto?
Vi olhos brilhantes e lacrimosos, mãos trêmulas e suadas. Ouvi vozes gaguejantes e entrecortadas. Senti nos abraços corações descompassados. Percebi passos trôpegos e vacilantes. Mas, eles não são os nossos jovenzinhos com pilha duracell? É que, embora jovens, sentem medo, saudade, cansaço, apenas disfarçam tudo isso com a fantasia da juventude.
Foi assim que traduzi em meu íntimo aqueles momentos, sublimes, mágicos, irreversíveis, gravados no meu coração e fiquei monologando, lembrando dos outros alunos que já se foram. Lá mesmo encontrei alguns. Veio à minha mente a Adélia Prado "A coisa mais fina do mundo é o sentimento".
Não senti tristeza, sou por natureza melancólico. Experimentei enlevo, suavidade, uma sensação gostosa de bem estar, de satisfação por ser professor e uma carícia suave que chegava pelos sorrisos e gestos daqueles que há bem pouco tempo eram tão crianças e agora iam pra vida, eram retirados, pela imposição da vida, do nosso convívio. Despedi-me de todos intimamente e agora tento esvaziar um pedaço do meu coração para receber aqueles outros que em breve virão.
Adalto Paceli
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