Sim, a vida enfeito
feito criança que brinca
porque a noite é escura e longa
e meu caminhar tem se tornado lento.
Estando comigo sinto-me só,
o pó da estrada está no meu rosto,
um gosto de poeira não sai da minha garganta.
A saudade é tanta que olho e nada vejo,
mas sinto seus passos atrás de mim,
mesmo em meio ao barulho da multidão.
Sua ausência trouxe nitidamente
o meu cansaço acumulado,
o sentido exato de minha idade
camuflada nas ilusões do dia.
Nunca pensei que sua partida,
tão anunciada e por vezes até admitida,
trouxesse esse peso que me prende ao chão
tirando de mim, por vezes, o sentido, a razão.
Hoje, nostalgia de algo que há tempos não existia,
Já não havia alegria nos seus últimos dias,
mas eu ainda lhe sentia e o sol batia em seu rosto
quando você deixava que eu abrisse sua janela.
Sigo, pois tenho que seguir,
junto o que não espalhei.
Já não sonho, tenho um sono cansado,
quero despertar-me e as forças não vêm.
Passa, porém, ínfima réstia de luz
que tremula no seu distante sorriso
e fixo candidamente seus negros olhos
que dizem 'Há algo além, descanse, durma bem!'
Adalto Paceli
Adalto Paceli
Nenhum comentário:
Postar um comentário