quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Poema Sujo - Ferreira Gullar

No mínimo, audacioso! Escrever há mais de 40 anos com palavras duras e, até mesmo de baixo calão sem deixar a beleza e o enternecimento de lado, não é pra qualquer um. Entrelaçar problemas de infraestrutura,  relacionamento e educação, fazer um paralelo da podridão do rio que corta São Luís do Maranhão com a podridão, que aos poucos vai comendo seus moradores da periferia é magistral e envolvente. Não se consegue interromper a leitura. Ela flui em meio ao ritmo da narrativa,  rimas e ausência de pontuação.
Em especial, o seguinte trecho do poema nos deteve, observe: "... Menos, claro,/nas palafitas da Baixinha, à margem/da estrada de ferro,/onde não há água encanada/ali/o clarão contido sob a noite/não é/ como na cidade/ o punho fechado da água dentro dos canos:/é o punho/da vida/ fechada dentro da lama//Já por aí se vê/ que a noite não é a mesma/ em todos os pontos da cidade;/...
Ao descrever esse local específico, a Baixinha, o poeta traz à tona a dureza da vida de seus habitantes e a desigualdade social da cidade. Será que as coisas mudaram tanto assim?
Para aqueles que pensam que poemas tratam apenas de romantismo, afeto recheado de pieguices e para aqueles que pensam na poesia com profundidade, vai a dica: Poema sujo!

As lágrimas de Potira



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A Vitória-Régia


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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Alce e os lobos

Videoclip realizado pelos alunos do 6º A
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domingo, 17 de novembro de 2013

Graciliano Ramos - Infância

Dividido em capítulos/contos, este romance surpreende pela crueza da narrativa autobiográfica, crueldade moral e física, abolição de mentirinha, coronelismo perene.
Causa-nos comoção a educação, permeada pela ignorância e violência na escola e nos enternece a cena descrita pelo autor-personagem em que encontra uma nova mestra e dela espera o mesmo tratamento rude que recebera até então, porém ela o trata com carinho, ouvindo sua leitura gaguejante em voz alta até o final. Neste particular, lembramos de Cazuza, de Viriato Corrêa, quando conta sua experiência na nova escola de Coroatá. Num trecho ele nos comove ao dizer " Ela nos recebeu com o carinho de quem recebe um filho". 
Não foi uma leitura leve, ao contrário, pesada e difícil. Não pela narrativa, pois o livro é de Graciliano Ramos, mas pela dor de uma infância roubada e violentada. Os espancamentos sofridos pelo narrador-menino tanto do pai quanto da mãe são de chorar. Em determinado momento, depois de uma surra homérica, ele diz, não textualmente, "Mamãe não quis deixar meu corpo tão marcado, coitada, ela não viu o nó na corda".
Outra característica digna de nota, é a escravidão. A narrativa está nos primórdios da Abolição e cita as mulheres escravas com filhos livres e os negros sexagenários. Estavam naquele momento em pior situação que antes, não tinham com quem deixar os filhos ou, velhos, para onde ir. Há uma garoto criado com o nosso protagonista, que é frequentemente espancado.
Enfim, embora não esteja entre as obras mais conhecidas de Graciliano Ramos e narrar tantas acontecimento tristes, é um romance que vale a pena ser lido. Saímos desse livro fazendo um paralelo com a atualidade, com o ECA, a polêmica da diminuição da idade penal para 16 anos, a Fundação Casa, nossos filhos e alunos. No livro a criança é desprovida de direitos, não é gente; isso é horrível. Hoje a criança, apesar das tragédias "Isabela, Joaquim" entre outras, têm assegurados alguns direitos, dois principais, de brincar e de estudar; mas está faltando deixar claro quais são as obrigações das crianças e, em especial, dos pais. Cidadania só com deveres ou só com direitos não é cidadania. Ler Infância nos ajuda a entender o hoje e a lutar por um mundo melhor.