no fosso do elevador
no quarto de despejo
no armário embutido
a noite eterna espreita
pelas frestas, o vulto
sob a luz inventada:
é preciso vigiar
as coisas que se furtam
nunca mostram a face
mesmo quando sugerem
como as sandálias
sob a janela aberta -
com o branco dos olhos
vigiar a escuridão
que sustém luz e coisas
e o nada atrás da porta -
não permitir a fuga
ou a invasão: mas vem
a fome e a noite salta
da lata de biscoitos
vem o sono e debaixo
da cama ninguém sabe
(como dentro dos sonhos)
o que, na sombra, se oculta
e nas gavetas vazias
no poço atrás dos olhos
baratas, pensamentos
sem veneno, deslizam
no quarto de despejo
no armário embutido
a noite eterna espreita
pelas frestas, o vulto
sob a luz inventada:
é preciso vigiar
as coisas que se furtam
nunca mostram a face
mesmo quando sugerem
como as sandálias
sob a janela aberta -
com o branco dos olhos
vigiar a escuridão
que sustém luz e coisas
e o nada atrás da porta -
não permitir a fuga
ou a invasão: mas vem
a fome e a noite salta
da lata de biscoitos
vem o sono e debaixo
da cama ninguém sabe
(como dentro dos sonhos)
o que, na sombra, se oculta
e nas gavetas vazias
no poço atrás dos olhos
baratas, pensamentos
sem veneno, deslizam
"O Vigia" faz parte da coletânea "O Corpo no Escuro", primeiro livro do poeta e livreiro na USP Paulo Nunes. O volume será publicado em fevereiro pela Companhia das Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário