Conviver, viver com alguém, com poucos ou muitos, subentende calar-se quando se tem algo a dizer, não dizê-lo por pesar a situação e ver que o momento pede silêncio. Não agir em situações que exigem ação, mas esta significaria rompimento ou complicação maior.
Na convivência há pontos de vista, personalidades se encontrando. Há um outro com ou sem estrutura para
certos aspectos da vida. Há um eu consigo falar e um você que não consegue ouvir.
Estar ou viver só tem suas alegrias e tristezas, mas pode cristalizar um eu exacerbado. Conviver é dividir, exige plasticidade. O que é o certo, o melhor?
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Mastigo muito a leitura antes de engoli-la, o que me impede de ler muito. Comentei sobre o livro A palavra e os dias da escritora cabo-verdiana Vera Duarte há algum tempo, mas só por estes dias terminei de lê-lo e confesso, estava com dó de deixar o livro. Impressionou-me sua elegante escrita e algumas belas formas de se expressar no nosso belo idioma. Discorreu sobre família, livros, pátria, amigos, infância e outros caros temas. Escreve como quem fala. É objetiva sem deixar de ser terna. Demonstra conhecimento sem arrogância. Observe este trecho em que Vera retrata o grande poeta de Cabo Verde Amílcar Cabral " Mas houve outras realidades objetivas que não chegou a ver. Por exemplo, as flores de Quitáfine. Porque, sabes, também há flores: só não tivemos tempo de tas is mostrar..."
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Nasci circunstancialmente numa cidadezinha paulista e alguns meses depois já estava em Minas. Cresci em meio a manifestações culturais, Folia de Reis, Cavalhada, Congada... Andava livre pela cidade e arredores, criança e adolescente livre a nadar nos córregos, apanhando frutas nos pés e com uma turma de amigos brincando em frente de casa. Isso e muito mais, lembranças que adormecem e que de vez em quando alguém ou algo vem me chacoalhar e as desperta. Meu último despertador foi uma viagem recente a Tiradentes, meu intento maior era ver as igrejas e monumentos históricos, mas fiquei fascinado com a rotina da cidade. As ruas com carroças, cavaleiros, as vielas, a tranquilidade. O passeio de charrete, a curta viagem até São João Del Rei de maria-fumaça. Os cães por toda parte, soltos e respeitados. Ah, em São João Del Rei visitei o Memorial Tancredo Neves. Fiquei arrepiado, aquele ambiente impõe respeito. Fotos, vídeos, slides, objetos expostos em algumas salas, bem organizados, revelam e relembram o grande homem que foi Tancredo Neves, um político que visava ao bem comum. Político com P maiúsculo, um estadista. O que teria sido do Brasil se no sistema parlamentarista o tivessem deixado governar como primeiro-ministro de Jango? Outra indagação, esta mais profunda: Eleito presidente pelo Colégio Eleitoral, se tivesse cumprido seu mandato em vez de José Sarney?
Enfim, revi Minas, revi a mim mesmo.
Adalto Paceli
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