Caso você me perguntasse como saber se um livro é ou não literatura, como fez uma colega professora, eu não daria resposta de chofre, pois a questão é delicada por leitura ser algo muito pessoal. Há uma moderna corrente que afirma que o importante é ler, não digo que estão totalmente errados. Quantos de nós passamos a ser leitores ao travarmos contato com livros bem simplórios, ou mesmo gibis, e para os da minha geração, ih, que vergonha! fotonovelas, pronto, falei!
Há aqueles livros que nos prendem pela história, o enredo é instigante, queremos saber o que vai acontecer logo em seguida, e assim os lemos rapidamente e logo queremos ler mais um com outra história eletrizante, isso também é válido, não é? É bom ler um livro com uma história que flui. Esses são do estilo dos do Nicholas Sparks, estou lendo paralelamente com outro, um deles "Um homem de sorte", já li outros, dos quais já comentei em outros textos.
Alguns metidos a intelectuais que vivem criticando este ou aquele gênero literário, isso é preconceito, cada um lê o que quiser, uma categoria bem criticada é a dos livros de auto-ajuda, a exemplo dos do Augusto Cury, confesso que li alguns dele e foi válido.
No entanto, há uma categoria de livros que nos prendem pelo que não dizem diretamente, pelo que está nas entrelinhas, nas figuras de linguagem e que pedem que de repente paremos a leitura e digamos "Que lindo", "Isso mexeu comigo", "Também sinto essas coisas". Ou depois que lemos um capítulo, ou o livro todo, nos pegamos pensando numa coisa que foi dita ou que aconteceu na história e esses pensamentos vão nos envolvendo, misturando às vezes com outra leitura. Dentre esses estão Memórias Póstumas de Brás Cubas; Dom Casmurro; Zorba, o grego; O pequeno príncipe; Dom Quixote, dentre outros.
Gostaria de incluir nessa categoria O leitor do trem das 6h27, o autor é um francês quarentão e tipo galã - Jean Paul Didierlaurent. Um livro que, a princípio, parece despretensioso, mas é nisso que ele nos prende, pois atingir a simplicidade não é tarefa simples na arte de escrever, conta a história de Guylain, um cara pacato que trabalha numa usina de reciclagem de livros e que adora pegar às escondidas as folhas que escapam da máquina de reciclagem para lê-las em voz alta no trem que o conduz ao trabalho e os demais passageiros adoram ouvi-lo.
Mas essa é só a ponta do iceberg, o livro entra por veredas de amizade, otimismo, fidelidade, paciência e por outros singelos caminhos que vão facilmente ganhando o coração do leitor.
Aqui vai mais essa dica.
Adalto Paceli de Oliveira