Douglas
Íamos e voltávamos juntos a pé, a rua mais longa nesse trajeto era a Francisco Ramos, daqui a pouco contarei uma história engraçada que aconteceu nessa via. Disse que íamos? Sim, eu e o Douglas, meu colega de classe do primeiro ano do antigo colegial.
Certa vez, em sala de aula, por um motivo tão frívolo que nem me recordo qual, discutimos asperamente durante o intervalo, lá pelas nove e meia da noite. É! Trabalhávamos estudávamos! Quando voltamos para as duas últimas aulas, eu estava arrependido, pois exagerei no desentendimento.
Não conseguia me concentrar na aula de química e eu pensava "perdi meu colega que estava se tornando meu amigo, não terei mais a companhia dele nas idas e vindas". Ele sentava à frente e parecia tranquilo fazendo anotações e acompanhando as explicações do professor.
Ah, vou contar o que aconteceu na rua Francisco Ramos. Numa noite o Douglas passou e eu não estava pronto, mamãe avisou e ele seguiu sozinho. Aprontei-me e saí às pressas para ver se ainda o alcançava e vi um vulto que descia pela tal rua a uns 200 metros de distância. Dei um grito para que me esperasse, mas quando fui me aproximando vi que não era o meu amigo, fiquei muito sem jeito e me desculpei com o rapaz que seguiu seu caminho resmungando. Você já passou por isso também?
Mas voltemos à discussão, à sala de aula, à minha angústia? A aula dupla de química estava terminando e eu pensava "E agora, o que faço? Saio sem dizer nada e vou embora?!" O professor fez a chamada, e nos dispensou. Douglas pegou seu material, saiu lentamente, esperando a sala ficar quase vazia e com um gesto disse pra mim "Vamos!".
Adalto Paceli de Oliveira