O Rei da Vela – Oswald de Andrade
Certamente muitos que ora nos leem já assistiram a peças de teatro, e ler uma, já leram? Tínhamos um pouco de rejeição, pois pensávamos que seria monótono, mudamos nosso ponto de vista quando nos dispusemos a ler esse gênero literário com os alunos, foi uma experiência excepcional, escolhem o personagem que querem representar e muitos revelam-se artistas.
Óbvio que é diferente ler sozinho a fala de vários personagens, mas é questão de hábito, de repente essa leitura começa a fluir e entramos na trama.
Vejam, eis uma peça de teatro, o autor é Oswald de Andrade 1890 – 1954), e tem por título “O Rei da Vela”, esse tal rei é Abelardo que tem um negócio de fachada, venda de velas, mas na verdade, é um usurário, em palavra de dia de semana, um agiota.
Essa peça é dividida em três atos, com 88 páginas, Coleção Folha – Grandes Escritores Brasileiros. Escrita em 1933 e publicada em 1937, no entanto, encenada somente em 1967, talvez devido à censura, pois o tema é polêmico e incomoda poderosos poderes.
Ao ler parece que estamos diante de fatos que estão acontecendo agora, aí vão algumas “coincidências”: milícias, subserviência ao capital estrangeiro, aos EUA, que beira a servilismo ou neocolonialismo. Família detentora de ilha adquirida à custa de escorchantes juros...
Abelardo e sua família são o mesmo retrato de muitas famílias abastadas de hoje, com suas intrigas, trapaças, exploração e degradação moral, como será o desfecho dessa trama?
Essa temática não é afeita a pessoas que se alienam, pintam um mundo cor de rosa e trancam-se em si ou em seu pequeno círculo familiar, mas desafiamos aos outros a lerem e compararem com o que vivemos hoje, aumentando sua acuidade e senso crítico.
Boa leitura!
Adalto Paceli de Oliveira
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