Galinha ao molho pardo
Ela fora bem recomendada, trabalhara em casas de fino trato e nas três cartas de apresentação sobravam elogios à sua fineza e ao trato carinhoso com as crianças. Porém, de tudo, o que sobressaía era sua criatividade.
A nova patroa estava radiante com a nova contratação e o marido eufórico, pois há muito queria comer uma galinha ao molho pardo “à moda da mamãe”.
Ester começou naquela mesma tardinha, com a incumbência de fazer a tal galinha para o jantar. A despensa estava repleta, o patrão salivando, a esposa orgulhosa e as crianças corriam pela sala, mas a pobre Ester tinha um probleminha: não tinha galinha! E, para seu desespero, naquela hora todo o comércio daquela pequena cidade estava fechado. O jeito era tentar explicar para sua plateia na sala. A patroa, decepcionada e já duvidando da competência da cozinheira pergunta:
_Não dá para improvisar, querida?
Assim também está a educação, querem que nós, professores-esters, improvisemos. Fornecem os temperos: alguns computadores, merenda, reforço... mas, não temos a galinha, que tornou-se um detalhe.
Estamos carentes de pais conscientes e do retorno do imposto que todos pagamos, em forma de efetiva condição, para que nosso aluno possa dedicar-se às tarefas escolares e à leitura, sem precisar submeter-se aos mal remunerados empreguinhos , os “Escravegnagos” da vida e possa ir para a escola com condições de desenvolver plenamente suas potencialidades.
Enquanto isso, nós, abnegados Esters, continuamos a preparar galinha ao molho pardo sem galinha!
Adalto Paceli
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