domingo, 12 de agosto de 2012

Resposta ao tempo



Batida na porta da frente é o tempo,

eu bebo um pouquinho pra ter argumento.

Mas fico sem jeito, calado, ele ri,

Ele zomba do quanto eu chorei,

Porque sabe passar e eu não sei.

Num dia azul de verão sinto o vento,

Há folhas no meu coração é o tempo.

Recordo o amor que perdi, ele ri.

Diz que somos iguais, se eu notei.

Pois não sabe ficar e eu também não sei.


E gira em volta de mim,

sussurra que apaga os caminhos.

Que amores terminam no escuro, sozinhos.

Respondo que ele aprisiona , eu liberto.

Que ele adormece as paixões, eu desperto.

E o tempo se rói com inveja de mim,

Me vigia querendo aprender

como eu morro de amor pra tentar reviver.

No fundo é uma eterna criança

que não soube amadurecer.

Eu posso e ele não vai poder me esquecer.




Cristóvão Bastos e Aldir Blanc

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