segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mosaico II


Como atividade escolar passei algumas vezes para meus alunos o filme O caçador de pipas. Fiquei emocionado em todas as ocasiões e revoltado com o personagem Amir nas cenas  em que ele tentava prejudicar Hassan, não conto detalhes para que você não perca o interesse em assistir ao filme, pois vale a pena. No entanto, o que ficou essencialmente do filme para mim foi o dia a dia do povo afegão. Os seus valores, seus sofrimentos e  perseguições e, em particular, a questão da violência sob o manto da religiosidade. Não quero entrar no mérito da questão e sim passar minha sensação. É óbvio que, sendo um filme rodado por americanos, temos que considerar a ideologia dos Estados Unidos com relação a esse povo, a questão do Onze de Setembro e a perseguição aos Talibãs.
Soube depois pela Internet que os dois atores mirins e um adolescente sofreram perseguição ao retornarem das gravações para o Afeganistão, pois as autoridades consideraram uma determinada cena entre os três personagens ofensiva à moral afegã.
Retornando à essência do filme, aqueles costumes não saem de minha mente. A subjugação da mulher, a burca, as proibições, enfim, a falta de liberdade individual me impressionam, não escrevo isso como contestação à ideologia islâmica ou ao regime de governo, não sou estudioso do assunto.
Recentemente caíram em minhas mãos dois livros, os quais li com avidez, pois tratavam também do povo afegão. Os livros são A cidade do sol, escrito por Khaled Hosseini, aliás autor do livro homônimo ao filme a que me referi e O livreiro de Cabul, escrito pela norueguesa Asne Seierstad. Confesso que antes de terminar a primeira parte do livro A cidade do sol senti um mal estar, joguei o livro num canto e disse em voz alta "droga, não quero mais ler esse livro!". Mas a curiosidade falou mais alto e concluí a leitura. O livreiro de Cabul começou mais leve, esse livro tem um caráter de quase pesquisa, sem a chatice de se ler uma, a autora passou uma primavera em Cabul, na casa do livreiro Sultan e, com a permissão dele relatou depois, em forma de histórias, tudo que pôde presenciar e sentir nesse período em que ficou hospedada com essa família.
Enfim, deixo essas  dicas  para você que gosta de sempre aprender coisas novas viajando na leitura.
Adalto Paceli



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