Ribeirão Preto, 13 de dezembro de 2015
Prezado(a) leitor (a),
Como vai? Esperamos que você e os seus estejam bem. Nós vamos enfrentando a vida e seus desafios na esperança de melhores dias.
É estranho receber uma carta de alguém desconhecido ou pouco familiar, não é? Mas deixemos a primeira impressão passar, para tanto continuemos a nos falar somente no próximo parágrafo...
Gostaríamos de conversar com você sobre um assunto que não tem unanimidade e que talvez à primeira vista possa deixá-lo desconfortável, mas saiba que nosso intuito não é desrespeitar sua opinião, mas o de apenas apresentar a nossa ótica.
Queremos falar-lhe sobre a Dilma, sim, a nossa Presidente, prefiro essa grafia a presidenta, coisa pessoal apenas. Sabemos que muitos questionam seu início político como guerrilheira e tentam compará-la aos torturadores da Ditadura, mas nem ela nem seu grupo tomou o país de assalto como fizeram os militares.
Deixemos essa circunstância e sigamos, atuou profissionalmente num governo estadual, foi ministra de importantes pastas do governo Lula. Foi eleita para o primeiro mandato com boa margem de votos e reeleita com pequena margem, mas eleita e entrou pela porta da frente.
"Disso já sei", você me diria. Sim, é apenas para entabularmos uma conversação sobre alguma base. Então, agora seria sua vez, "E a roubalheira, a corrupção?" Nisso damos a mão à palmatória, mas antes de recebermos a primeira pancada, conceda-nos uma observação. Pode ser?
Gratos, já percebemos que gosta do diálogo. Será possível que apenas a partir do governo Lula tivemos roubo e corrupção? Que tal pensarmos que em outros governos também houve, mas não foi difundido como agora? Não seria ingenuidade acreditar que antes o país não ia bem, aliás hoje está muito melhor, mas que a corrupção era menor?
Não nos deixe falando sozinhos, já vamos encerrar esta simples missiva. Pois bem, Dilma entrou pela porta da frente, caso nosso Legislativo Federal e nossa Justiça acolham seu impedimento, que também é dispositivo constitucional, é de bom tom, civilizado e democrático que acatemos seu veredicto, que esperamos ser justo.
Estamos de volta ao regime democrático há mais ou menos 30 anos, nesse curto espaço de tempo já tivemos um impedimento, não há impeditivo legal para que haja outro, no entanto não é recomendável que se deponha presidentes com essa frequência, para que isso ocorra deve-se observar todas as regras institucionais, pois corre-se o risco de hábito, o que não fortalece a democracia de nenhum país do mundo.
Enfim, paciente leitor(a), não pesa contra nossa presidente nenhum ato desonesto, enriquecimento ilícito ou desobediência constitucional. Ah, as pedaladas, íamos nos esquecendo, queira nos desculpar. Houve ilícito, mas não é exclusividade de seu governo, nas três instâncias executivas já se constatou esse procedimento e nenhum prefeito, governador ou presidente foi cassado por isso. Aperfeiçoemos nossas instituições, punamos todos os culpados, doa a quem doer, mas não queiramos depor a presidente a qualquer custo, isso além de ser uma atitude maniqueísta, querer um bode expiatório, revela falta de memória dos anos de chumbo e falta de cidadania.
Caso concorde com nosso raciocínio integral ou parcialmente, ótimo. Caso não concorde, ótimo também. É no contraditório que construímos consenso.
Um forte abraço, com votos de saúde, felicidade e paz,
Adalto Paceli.