Ah, Minas Gerais!
Era Julho de 37, era roça e era vila,
um vendeiro, uma rezadeira,
nasce outra Maria.
um vendeiro, uma rezadeira,
nasce outra Maria.
Chão de Minas, tempo antigo,
gente que ama, gente rude,
povo calado e sofrido!
gente que ama, gente rude,
povo calado e sofrido!
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
quantas Marias iguais!
Corre, dança nos bailes,
estuda, vai nas tias,
repisa o chão de Minas
estuda, vai nas tias,
repisa o chão de Minas
Sofre vendo a mãe
na lama recolher
a massa de bolo
que o pai derrubou por querer.
na lama recolher
a massa de bolo
que o pai derrubou por querer.
Ah, Minas Gerais,
Quantas Marias iguais!
Quantas Marias iguais!
Falar da vida
é dizer
que ela passa,
a moça se casa.
é dizer
que ela passa,
a moça se casa.
Filhos, rotina... alguma alegria,
liberdade por conquistar.
liberdade por conquistar.
O primeiro foi seu pai.
O segundo, beberrão,
o terceiro, um tipo mandão.
O segundo, beberrão,
o terceiro, um tipo mandão.
O tempo se esvai.
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
Nas ruas a pisar e repisar,
todos se foram,
segue sozinha a vagar.
todos se foram,
segue sozinha a vagar.
Marido já não tem,
filhos a Minas não vêm.
Sente a velhice chegar.
filhos a Minas não vêm.
Sente a velhice chegar.
A velha casa vende,
um filho pra longe,
Maria vai levar.
um filho pra longe,
Maria vai levar.
Nas contas do rosário desfia
cinco invernos bem rezados
nas terras de São Paulo.
cinco invernos bem rezados
nas terras de São Paulo.
Num junho, treze era o dia,
sua conta derradeira
a mineira acaba de rezar.
sua conta derradeira
a mineira acaba de rezar.
Ah, Minas não mais,
outra Maria se vai!
outra Maria se vai!
Adalto Paceli