quinta-feira, 30 de março de 2017

Ah, Minas Gerais!
Era Julho de 37, era roça e era vila,
um vendeiro, uma rezadeira,
nasce outra Maria.
Chão de Minas, tempo antigo,
gente que ama, gente rude,
povo calado e sofrido!
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
Corre, dança nos bailes,
estuda, vai nas tias,
repisa o chão de Minas
Sofre vendo a mãe
na lama recolher
a massa de bolo
que o pai derrubou por querer.
Ah, Minas Gerais,
Quantas Marias iguais!
Falar da vida
é dizer
que ela passa,
a moça se casa.
Filhos, rotina... alguma alegria,
liberdade por conquistar.
O primeiro foi seu pai.
O segundo, beberrão,
o terceiro, um tipo mandão.
O tempo se esvai.
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
Nas ruas a pisar e repisar,
todos se foram,
segue sozinha a vagar.
Marido já não tem,
filhos a Minas não vêm.
Sente a velhice chegar.
A velha casa vende,
um filho pra longe,
Maria vai levar.
Nas contas do rosário desfia
cinco invernos bem rezados
nas terras de São Paulo.
Num junho, treze era o dia,
sua conta derradeira
a mineira acaba de rezar.
Ah, Minas não mais,
outra Maria se vai!
Adalto Paceli
A última visita

     Estava melhor, tão melhor que telefonou a ele, pedindo que fosse vê-la. Lutando contra a doença, ela dizia que teria alta em breve, queria marcar uma viagem, repetir, tanto tempo depois, o roteiro que haviam feito com o deslumbramento do amor recente: Roma, Florença, Veneza, Verona, Milão, Paris e Lisboa.
     Muitas águas e luas haviam passado, fizeram outras viagens, separaram-se, ela adoecera e agora queria reviver aquelas cidades nos mesmos hotéis, freqüentando os mesmo restaurantes, a Taberna Ulpia, em Roma, ela nem sabia que a taberna fora fechada pela polícia, ali se consumia cocaína. Inocentemente eles fora lá, tão atentos em si mesmos que nem repararam, dançaram o samba do Orfeu na pista, os outros perceberam que dançavam bem, deixaram a pista livre, depois aplaudiram.
     Tudo ficara para trás, nem lembranças boas eram, a realidade apagara uma parte, destacara outra e ela ficara doente e agora exigia que fosse vê-la, já fizera as reservas na mesma agência, mandara a irmã pagar a entrada, depois discutiriam o resto.
     Ele foi. Achou a magnífica, como nos melhores tempos. A lucidez formidável dos que dizem adeus. Ficou surpreso, não sabia dos planos dela, como dizer que tudo aquilo seria impossível?
     Nisso, entrou a enfermeira no quarto. Só então ele reparou que, na banqueta da parede maior, havia vidrinhos de remédio, uma mini- farmácia para as emergências. A enfermeira percebeu que ele se assustou e olhou-o de tal forma que ele compreendeu.
     Então, disse que sim, toparia aquilo tudo, a viagem, o roteiro, a vida. Vida que ela insistia em viver.

Dois dias depois, ele remexia em velhos papéis, recordações de Veneza, Florença e Verona, as duas entradas para os Uffizi, a conta do Dodici Apostoli, de Verona, o perfumado “risotto al funghi del Bosco”. O telefone toca. A irmã avisou: tudo acabara para ela. Só não sabia que acabara também para ele.


Carlos Heitor Cony

segunda-feira, 27 de março de 2017

TENHO ESCRITO MAIS VERSOS QUE VERDADE.
Tenho escrito principalmente
Porque outros têm escrito.
Se nunca tivesse havido poetas no mundo,
Seria eu capaz de ser o primeiro?
Nunca!
Seria um indivíduo perfeitamente consentível,
Teria casa própria e moral.
Senhora Gertrudes!
Limpou mal este quarto:
Tire-me essas ideias de aqui!
Fernando Pessoa por Álvaro de Campos.
Dica para redação: Organize primeiro sua história ou seu texto dissertativo na cabeça, faça um rascunho sem se preocupar com a pontuação ou paragrafação. Vá escrevendo as ideias que lhe ocorrem. Leia e releia seu rascunho, apague, risque, acrescente...
Escreva pra valer só depois de ter suas ideias colocadas, ainda que improvisadamente, num rascunho.

Adalto Paceli
Dicas para uma boa redação:
1. Evite usar expressões próprias da fala, por exemplo, Eu vi ELE : Eu o vi; quero encontrar ELA: quero encontrá-la.
2. Evite repetições desnecessárias substituindo o nome de determinado personagem ou objeto por pronomes ou simplesmente omiti-lo quando possível. Veja:
a. O homem avistou de longe A BALEIA, a baleia vinha em direção ao barco:
O homem avistou de longe a baleia que vinha em direção ao barco.
b. Sérgio saiu rapidamente do apartamento e Sérgio nem percebeu que tinha deixado a chave na fechadura:
Sérgio saiu rapidamente do apartamento e nem percebeu...
Observação: São exemplos simples para você ampliar ao escrever seus textos.

Adalto Paceli
Reforço ortográfico: Tenho percebido que os alunos têm dificuldade para localizar a sílaba mais forte numa palavra. Essa sílaba mais forte é chamada de sílaba tônica e as outras são chamadas de átonas. O sinal agudo (´) e o circunflexo (^) servem para nos indicar que a sílaba acentuada é a mais forte, aí fica fácil, não é? Infelizmente, não! Tenho visto essa dificuldade constantemente. Veja: Muitos alunos acentuam a palavra DOCE, assim: DOCÊ, isso significa que não entenderam o que expus acima.
Agora, a dificuldade para localizar a sílaba tônica pode ser maior quando a palavra não é acentuada, aí vale aquela dica que já dei,
leia a palavra em voz alta e perceba qual sílaba você pronuncia com mais intensidade, toda palavra com mais de uma sílaba tem.
carTEIra, DOce, menTIra, lenÇOL, tranQUIlo, aMAdo.
É isso!
Adalto Paceli.
Dificuldades de escrita: Ortografia significa escrita correta, claro que nos referimos à forma de escrita que o meio escolarizado pede. Veja alguns exemplos, a primeira forma é a correta:
1. de repente x derrepente, identidade x indentidade, ansiedade x anciedade, mas (porém) x mais, dentre outras.
Dicas? Leitura e escrita atenta, pois muitas vezes as palavras acima e outras estão na forma correta e ao escrevê-las, escrevemos de outra maneira, devido ao vício da escrita automática.

Adalto Paceli
Trovas - São quadrinhas com rima ABAB e com sete sílabas poéticas ou métricas. Quando o aluno Pedro Antônio estava no 6º ano, participamos do Concurso de Trovas - Jogos Floras e ele foi classificado, sua trova foi cunhada numa medalha e para nós foi motivo de muita alegria. Eis a trova que ele escreveu:
"De fato acordo pensando,
Ouço os pombos a cantar
É porque eu estou amando,
Como é bom poder amar!"
Para este ano, os participantes podem escrever uma trova filosófica, ou seja, que fale sobre os valores da vida; sentimentos, por exemplo, amor - saudade - alegria - tristeza - autoestima, etc, e na trova deve aparecer a palavra FUTURO.
Caso queira escrever uma trova engraçada, humorística, aí deve aparecer, em qualquer lugar da trova, a palavra GRAFITE.
Para contar as sílabas métricas, vamos dar como exemplo o primeiro verso da trova do Pedro:
De/fa/toa/cor/do/pen/san -
1 2 3 4 5 6 7
Obervação: ( como PenSANdo é uma palavra paroxítona, contamos somente até a última sílaba tônica - SAN - )
O 7º B topou participar do concurso, estamos escrevendo e tentando adequá- las às regras da trova.
Alguém aí se habilita? É só tentar e publicar aqui!
Adalto Paceli

quarta-feira, 15 de março de 2017

Nel mezzo del camin



Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha..

Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo teu vulto que desaparece
Na extrema curva do cominho extremo.



                                                               Olavo Bilac.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Rela – relaxo – relaxado
Este lugar tranqüilo,
Com você a conversar,
Já foi movimentado.
Vinha aqui pra namorar.
No alto daquele sobrado
Tinha um alto falante.
Aqui, não se espante,
Sem lugar pra sentar.
É que naqueles tempos
Não havia tantos points,
Ficava-se em casa
Ou ia à praça passear.
Porém, se você pensar
Que tudo era tão simples,
Sem engenho de arte,
Pode se enganar.
Aqui, nesta praça,
Bem onde estamos sentados,
Ficavam os casais
Bem comportados.
Descendo aquelas escadas,
Fora da parte central,
Os carinhos eram ousados.
Etecétera e tal...
O bicho pegava
Na divisa com a rua.
Os homens ficavam em pé,
As mulheres desfilavam.
Uns diziam gracejos,
Nos pontos mais escuros.
Outros iam com a mão,
Arriscando um beliscão.
Lembro que mamãe me contou
Num jeito muito engraçado
“No meu tempo era parecido,
Um pouco mais de recato.
Aqui, chamavam rela,
Lá embaixo, relaxo,
Perto da rua, o relaxado.”
Eu, ingênuo, pensava
Que nos tempos antigos
Eram todos comportados.”
Adalto Paceli
Desafio ortográfico - Responda: Por que Itaú é acentuada e Itu, não?
Desafio ortográfico - Analise estas duas orações: Eu APOIO sua decisão! e Contamos com seu APOIO. A qual classe de palavras pertence a palavra em destaque na primeira e na segunda oração?

Adalto Paceli
Quando escrevo MAL e quando escrevo MAU ?
Simples, MAL é o contrário de bem ( Advérbio) - Minha amiga está passando mal. ( Minha amiga não está passando bem).
MAU é o contrário de bom ( Adjetivo ) - Aquele homem é MAU.
( Aquele homem não é bom. )
Em resumo MAL X BEM, MAU X BOM.
Adalto Paceli

sábado, 11 de março de 2017

Amor é bicho instruído 
Olha: o amor pulou o muro 
o amor subiu na árvore 
em tempo de se estrepar. 
Pronto, o amor se estrepou. 
Daqui estou vendo o sangue 
que escorre do corpo andrógino. 
Essa ferida, meu bem 
às vezes não sara nunca 
às vezes sara amanhã. 


Carlos Drummond de Andrade


Dicas ortográficas do uso do "x" :
1. Antes de ditongos o som do /ch/ deve ser escrito com x, veja:
cAIxa - amEIxa - pEIxe...
2. Após a sílaba ME - veja :
MExa - MÉxico - MExerica... - Exceção: Mecha de cabelo.
3. Após a sílaba EN - veja :
ENxofre - ENxada - ENxame - ENxaguar... - Exceção: encher (cheio)
Adalto Paceli
Dica ortográfica: Escritas do porque
Vai perguntar? Então escreva o Por que
dessa forma, no início. Veja:
Por que você não foi ao teatro?
Caso queira colocar o por quê no final, use essa forma. Veja:
Você não foi ao teatro, por quê?
Ao responder, deve escrever porque. Veja:
Não fui porque estava doente.
E o porquê? Esse é sinônimo de motivo ou razão, tem a função de substantivo e geralmente vem antecedido dos artigos o, os, um; ou da preposição + artigo "do". Veja:
Alguém pode me dizer o porquê desta bagunça?
Será que tudo na vida tem um porquê?
Não passe a vida em busca dos porquês, viva simplesmente!
Adalto Paceli
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe 
o que será.
Carlos Drummond de Andrade
I. Dica sobre acentuação (´) e (^) - Identificar a sílaba tônica da palavra é essencial para acentuar corretamente as palavras. Há muito mais palavras sem acento que com acento.
Toda palavra tem uma sílaba forte, exceto os monossílabos átonos,
por exemplo: de, paz, cal, etc.
Para identificar a sílaba forte, leia-a em voz alta e perceba qual sílaba você pronuncia com mais intensidade, essa será a sílaba tônica. Veja:
carTEIra, LIvro, lenÇOL, geneRAL, vestibuLAR, caMInho, beLEza.
O acento serve para identificar a sílaba mais forte. Veja:
caFÉ, históRIA, MÉdico, saÚde, troFÉU.
Quando a última sílaba é a mais forte, dizemos que essa palavra é OXÍTONA. Veja:
ParaNÁ, matiNÊ, mocoTÓ, tamBÉM, paraBÉNS, PortuGAL, lenÇOL,
biquiNI, uruBU, etc.
Chamamos de PAROXÍTONA a palavra cuja sílaba mais forte é a penúltima. Veja:
aÇÚcar, diFÍcil, ÓRfão, ciÊNcias, XÉrox, caDEIra, prinCÍpio, reCIbo, etc.
PROPAROXÍTONAS são as palavras em que a antepenúltima sílaba é a mais forte ou tônica. Veja:
ÂNcora, reTÂNgulo, ÁRvore, proparoXÍtona, etc.
Observações:
Verifique que todas as palavras proparoxítonas são acentuadas, mas as oxítonas e as paroxítonas não. Aí é que entram as regras de acentuação.
É imprescindível saber quando a palavra é oxítona, paroxítona ou proparoxítona, pois as regras de acentuação dependem dessa percepção.
Adalto Paceli