quinta-feira, 30 de março de 2017

Ah, Minas Gerais!
Era Julho de 37, era roça e era vila,
um vendeiro, uma rezadeira,
nasce outra Maria.
Chão de Minas, tempo antigo,
gente que ama, gente rude,
povo calado e sofrido!
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
Corre, dança nos bailes,
estuda, vai nas tias,
repisa o chão de Minas
Sofre vendo a mãe
na lama recolher
a massa de bolo
que o pai derrubou por querer.
Ah, Minas Gerais,
Quantas Marias iguais!
Falar da vida
é dizer
que ela passa,
a moça se casa.
Filhos, rotina... alguma alegria,
liberdade por conquistar.
O primeiro foi seu pai.
O segundo, beberrão,
o terceiro, um tipo mandão.
O tempo se esvai.
Ah, Minas Gerais,
quantas Marias iguais!
Nas ruas a pisar e repisar,
todos se foram,
segue sozinha a vagar.
Marido já não tem,
filhos a Minas não vêm.
Sente a velhice chegar.
A velha casa vende,
um filho pra longe,
Maria vai levar.
Nas contas do rosário desfia
cinco invernos bem rezados
nas terras de São Paulo.
Num junho, treze era o dia,
sua conta derradeira
a mineira acaba de rezar.
Ah, Minas não mais,
outra Maria se vai!
Adalto Paceli

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