Linha Cruzada
No meio da noite o telefone de minha casa, tocou, tocou muito, então acordei, calcei meus chinelos, desci as escadas e fui para o pequeno corredor entre a sala e a cozinha, onde fica o telefone. Não reconheci o número no visor, mas atendi mesmo assim.
Foi muito estranho, eu conseguia escutar alguém na linha, na verdade, pareciam duas pessoas conversando, mas era impossível entender a conversa, pois as vozes pareciam distantes, como se estivessem bem longe do telefone. Curioso, porém assustado, desliguei o telefone e voltei para o quarto.
Já estava no último degrau da escada quando o telefone toca novamente. Desta vez, era possível escutar e entender bem melhor a conversa. Percebi que se tratava de uma linha cruzada, pois os dois sujeitos não perceberam que alguém escutava em momento algum.
Eram dois homens, um deles parecia mais velho que o outro. Por mais que eu estivesse com sono, continuei escutando os estranhos. Eles falavam sobre cordas, pregos, redes, martelos é mais uma série de outras ferramentas. Pareciam planejar algo importante, e estavam ansiosos, quando o mais novo falou:
- Já conseguiu a arma?
- A espingarda? Sim, sim. Tudo pronto, né?
- Acho que sim, tudo pronto.
- Estou indo, chego aí dentro de 15 minutos.
- Estarei aguardando no local combinado.
E desligou.
Entrei em pânico. Alguma coisa iria acontecer dentro de 15 minutos e não parecia nada bom. Liguei para a polícia, ainda muito assustado. Contei tudo o que escutei e o número do telefone que estava na lista de últimas chamadas. A atendente disse que já estava mandando uma viatura para o endereço do telefone, disse para eu não me preocupar e desligou.
Então, voltei para o meu quarto e tentei dormir, mas não consegui. Cerca de meia hora depois, escuto o telefone tocar novamente. Voei escada abaixo e atendi rapidamente. Era a atendente, a moça da polícia. Ela disse para eu não ficar tranquilo, pois foi tudo um mal entendido. Eram apenas avô e neto que planejavam acampar e caçar no fim de semana.
Fui dormir aliviado, e prometi a mim mesmo que nunca mais escutaria conversas dos outros.
- Gabriela Cardoso Ribeiro, 8° ano B, n° 8, 14 anos.