quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

 A Divina Comédia II

1324 – 1321- Período de escrita
É chegado o momento do encontro com a amada Beatriz, não só de júbilo e doces palavras, mas de reprimenda, pois sua amada o relembra seu mau proceder, evidenciando o motivo da licença especial para que Dante em vida entre no Reino dos Mortais e antevendo as agruras que o aguardam, mudar seu proceder.
Chegando aos vários espaços do Paraíso, etapa final desta viagem, desse clássico da literatura universal, destacamos além da poesia, outro aspecto já citado no texto anterior: https://www.facebook.com/share/p/1Dtf5Yqe8K/ e alguns ainda não mencionados.
Reiteramos as metáforas, Figura de Linguagem utilizada no transcorrer da narrativa: “Pois assim como o Sol ofusca mais fortemente a vista menos robusta, ao grato memorar daquele doce sorriso (de Beatriz) a minha mente se debilita e prostra.” Nesse exemplo temos também outro recurso poético, a Hipérbole, ou seja, o exagero intencional.
Os capítulos são breves e denominados Cantos, pois originalmente trata-se de um poema Épico-Teológico, por ser longo, evocando elementos e personagens bíblicos.
Uma heterodoxia é o envolvimento desses elementos com a Mitologia Greco-romana, “Do mesmo modo vi o fulgurar de Júpiter, que tempera o frio do pai (Saturno) e o calor do filho (Marte).”... “E tal qual o bom senhor que atento e contente ouve seu servo transmitir-lhe boa notícias e abraça-o quando ele se cala – assim, tão logo silenciei, o iluminado espírito de São Pedro abençoou-me volteando três vezes ao meu redor, em atitude de aprovação.”. Configurando sincretismo religioso.
Outra constante é a forma dialogal que a narrativa se desenvolve, há sempre uma questão que Dante deseja formular, na maioria das vezes mediada pelo seu guia Virgílio e também por outros, como a própria Beatriz e respondidas por alguma Eminência do Além.
A Divina Comédia é um clássico por perdurar com qualidade e também por outro motivo, que acreditamos ser de orgulho para os italianos, pois até então os clássicos eram escritos em latim, a exemplo da Eneida do poeta Virgílio ou grego, A Odisseia de Homero e vem Dante Alighieri e escreve essa obra em italiano vulgar, inaugurando, por assim dizer, a escrita de obras de qualidade em outro idioma.
Enfim, ler os Clássicos é beber diretamente nas fontes, isso não tira o mérito da Literatura contemporânea, mas nos torna leitores mais atentos e pouco tendenciosos a pensar que o como se escreve, o que se escreve é novo, pois fazemos um paralelo com o já lido e vemos que beberam nessas antigas e límpidas fontes clássicas. Quem não fica impressionado com a forma brilhante que os russos escrevem, a exemplo de Dostoiévski e também o nosso não menos importante Machado de Assis? Eles provocam e estimulam o leitor, pois veja um exemplo desses recursos na Divina Comédia: “Medita, leitor, nestes prodígios de cuja grandeza antecipei-te algo; pois sei que aprecias a satisfação antes do cansaço. Preparei-te o prato, serve te dele se for de teu agrado.”
Eis o convite!

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