Dezembrar, verbalizar e metaforizar
A leitura nos detém nos detalhes, achei linda uma dessas mensagens de bom dia que recebemos no “zapp”, dizia “Dezembre-se para o último mês do ano” É o substantivo dezembro se verbalizando...
E agora que quase estou entrando no Paraíso, claro, do livro A Divina Comédia, encontrei uma metáfora que me encantou, assim como fico encantado com aquelas do Pablo Neruda no livro e no belo filme O Carteiro e o Poeta.
Contextualizemos. Dante, em sua jornada, impossível para os mortais antes da morte, risos, mas com licença especial, pois vai encontrar sua amada Beatriz que no Paraíso está, continua nesse momento acompanhado e tutelado pelo poeta Virgílio e também por outro grande poeta da antiguidade, Estácio. Estão quase chegando ao destino final quando anoitece no finalzinho do Purgatório e Dante sente medo. Aqui vai a metáfora:
“As cabras agilíssimas que, rápidas, velozes, galgam penhascos à procura de pasto, logo depois de saciadas são apenas mansidão e brandura no ruminar demorado, à sombra silenciosa. Vigia-as o pastor diligente, apoiado em cajado que é também o arrimo delas. De seu lado o zagal (ajudante do pastor) que nos plainos pernoita vigilante, junto de seu gado, permanece atento contra assaltos de feras noturnas.
Assim estávamos os três, eu como se fosse a cabra, eles como os pastores – um ao lado do outro, aconchegados sobre a fria rocha,”.
Lindo, em vez de falar diretamente da proteção que teve, metaforizou, meu amigo, talvez querendo dizer desabroche-se verbalizou com um dezembre-se... Assim é a leitura, muitíssimas vezes nos encanta nos detalhes.
Adalto Paceli de Oliveira
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