sexta-feira, 29 de julho de 2011

Dona Zezé




     “Dona Zezé! Dona Zezé!” A simpática senhora  de cabelos brancos e passos lentos ouve aqueles gritos, sem contudo registrá-los, há tanto tempo não a tratam por este nome! Hoje, todos a chamam de Dona Maria José, aquele carinhoso apelido ficou para trás, nos seus bons e saudosos tempos de professora. Mas o chamado é insistente e num gesto quase que involuntário olha para o lado e vê um jovem senhor sorridente acenar-lhe com as mãos, tenta lembrar-se da fisionomia, mas suas vistas cansadas apenas conseguem divisar o vulto do rapaz que se aproxima rapidamente.
     Ao aproximar-se vem dizendo com voz alegre: “ Não está lembrada de mim, não é?” Aquela voz, um misto de riso e palavras enche sua alma de uma inexplicável alegria, parece renovar-lhe as energias e retorna a um passado distante onde era o que pensa  não mais ser, e se sente viva. “ Deixe-me ver, chegue mais perto, a luz do sol está ofuscando-me a visão” diz, tentando disfarçar sua quase cegueira. “ Se não  me falha a memória  você é o Roger e foi meu aluno no antigo colegial, acertei?
     Roger contempla longamente aquela senhora, como num flash a vê à frente da sala de aula, mapa do mundo dependurado na lousa, óculos na ponta do nariz, movimentos rápidos e elegantes... Volta rapidamente para o agora, pois ela o fita a espera de uma resposta.
     _Isso mesmo, Dona Zezé, ainda bem, pensei que não fosse lembrar-se de mim, afinal já faz tanto tempo, não é?” Vê-la aqui, neste parque numa tarde de um dia de semana, e numa cidade tão distante da sua causou-me enorme surpresa. Não mora mais em Sacramento?
     _Olha, meu querido! Não esqueço uma carinha sequer, todos os meus alunos estão na minha memória, ainda mais você! Adorava geografia, seus olhinhos ficavam vidrados quando eu começava a falar sobre o clima, o solo, as peculiaridades de outros países. Era muito gostoso vê-lo sentado à frente na sala de aula. Lá se vão mais de vinte anos, querido Roger. Parece que foi ontem.
     _ Parece mesmo. E é verdade, eu adorava suas aulas, ficava enlevado quando a senhora com uma varinha,  parecia uma antena de rádio, ia apontando e falando a respeito dos países. Sabe, em especial me lembro da Índia, do Paquistão e de Bangladesh, Meu Deus! Parecia que a senhora tinha estado lá, falava com um entusiasmo e minha alma devorava suas palavras.
     E os dois ficam totalmente envolvidos pela conversa, quem passa pelo parque e os vê, certamente não consegue ver mais que uma velha conversando com um jovem senhor, mas é muito mais que isso. É um encontro de almas, a velha retira-se daquela mulher e agora quem está ali é a mestra Zezé, reencontra seu eu, perdido nos últimos 17 anos, na mediocridade do seu dia a dia de aposentada. O marido, mais velho que ela, faleceu há apenas dois meses, com oitenta anos e foi ela quem dele cuidou até o fim de seus dias. Estava a passeio na casa de sua filha.
     Quarenta anos de professora, quase completou quarenta e um, não fosse uma jovem normalista ter ameaçado sua integridade física em sala de aula. A moça não gostou da nota que havia tirado no bimestre e exigiu explicações, como as explicações eram plausíveis e a aluna ficou sem argumentos, apelou para o mais primitivo. Não fossem os outros alunos, certamente ela teria sido agredida. Conseguiu contornar bem a situação, mas o marido e o filho foram radicais: ela não lecionaria mais. Não teve outra alternativa a não ser requerer sua aposentadoria.
     Não é amarga, conseguiu contornar bem este revés, embora a saudade da escola, da sala de aula, dos alunos a tenha feito chorar muito nos primeiros meses de afastamento. Fez um trabalho voluntário num asilo, onde conseguiu ensinar alguns velhinhos a ler e escrever. Mas o que gostava mesmo era de ensinar geografia e isto não era mais possível. Sua rotina pós escola não foi fácil, toda uma vida dedicada ao ensino e de repente se viu dentro de casa, ficou perdida, as tarefas de casa não eram o seu forte.
     _Dona Zezé, e os Kibutz de Israel, os Kolkhozes  da Rússia? Como eu me divertia com aqueles nomes e ao mesmo tempo achava aquilo tudo tão interessante. Aquelas experiências agrícolas em terras tão áridas mexiam demais com a minha cabeça, e quando a senhora associou estas experiências bem sucedidas com a pobreza do nosso Nordeste, nossa! Achei aquilo bárbaro! Tanto é que tantos anos se passaram, nunca pesquisei nada a respeito, porém jamais me esqueço disto!
     _Ah! Meu querido, você é que era um bom aluno. Sou uma simples professora, mas fico muito feliz por saber que o pouco que sei pude passar adiante. Ando meio por fora das novas maneiras de se ensinar. São atraentes e eficazes? Desculpe-me, como você poderia saber? Deixou a escola há tanto tempo. Aliás, você fez curso superior?
     _Fiz, concluí há dezoito anos o curso de Letras, pensava em ser professor, mas as coisas tomaram outro rumo e por catorze anos trabalhei em atividades burocráticas. Nunca me esqueci do Magistério. De início pensava que logo deixaria tudo e conseguiria realizar meu sonho de ser professor...
     _Ah, meu caro Roger! Meu caro Roger! Pensei que esta antiga profissão já não despertasse tanta paixão! Vejo que me enganei. Você passa uma emoção muito forte ao falar assim, mas prossiga, interrompi seu raciocínio.
     _Pois então! Há quatro anos prestei um concurso público para professor no Estado de São Paulo e fui aprovado. Nunca me senti tão feliz em toda minha vida. Meu início, porém, não foi nada fácil, querida professora, passei maus pedaços. Conservava na memória o meu tempo de aluno. Pensava que os alunos seriam iguais aos colegas que tive. Acreditava piamente que o respeito pelo professor continuava como dantes. Que os professores só falavam de coisas elevadas e sobre o prazer que deveriam ter pelo trabalho que exercem.
     _Ah! Meu querido, não seja tão amargo e saudosista, a educação nunca foi essa maravilha que você sonhava. Lembre-se que em toda profissão existem os bons, os maus, os corajosos, os medrosos, os alegres, os tristes, os preparados e os despreparados. Faz parte da condição humana. O que faz da educação algo mágico e envolvente é a maneira como a abraçamos. Se temos o desprendimento e a coragem de dizer sim e ir à luta concretizamos essa magia em nosso coração e pode ter certeza, ela jamais se desfaz. A paixão pela educação é eterna! Uma vez educadores pra valer, sempre o seremos!
     A velha mestra tira de uma vez por todas o cheiro de naftalina de sua mente. Suas idéias são claras, os movimentos decididos e a voz firme. Como o corpo é frágil! Neste momento fica tão evidente a fragilidade deste suposto envoltório da alma. Esta sim, é a que emerge, que se manifesta, que consegue dizer com a força da sua irradiação as verdades esquecidas da vida.
     _ Como é bom ouvi-la! Hoje sinto-me mais amadurecido, me desfiz de muitas ilusões, mas faço questão de conservar algumas. A vida sem um pouco de ilusão perde o brilho! Embora, no fundo saibamos que são fantasias, as conservamos conosco, pelo menos até substituí-las por outras.
     _ Entreolham-se e ficam a sorrir um para o outro, aqueles segundos parecem uma eternidade. Momentos de paz, enlevo, profunda e calada emoção, de certeza de um breve adeus. Um som longínquo vem os despertar.
     “ Mamãe, mamãe!” Uma senhora se aproxima esbaforida e fala, não, ela não fala, grita:
     _Quantas vezes tenho de repetir, mamãe? A senhora não pode sair por aí sozinha, ouviu bem? Não pode!
     _Mas, minha filha...
     _ Nem mais, nem menos. Vamos pra casa!
     A mulher sequer olha para o rapaz . Dona Zezé lançou-lhe um olhar que era um misto de desculpa e vergonha, baixa os olhos e segue arrastada pela filha.
     Olha para aquele vulto que se afasta, engole um soluço , impede que uma lágrima teimosa corra e pensa: “ Que pena! Nem todos conseguem enxergar, através de um corpo carcomido pelos anos, o espírito pujante de uma eterna educadora!”

Adalto Paceli


sábado, 23 de julho de 2011

Vida



Dizer o indizível,
loucura do poeta.
Tentando traduzir a vida.

Captar relâmpagos, sopros, flashes
do vivendo
no momento que acontece.

Pó na estante,
erros de gramática?
Esquece!

Sentir o pulsar,
sorrir e olhar,
gargalhar e ouvir.

Viver é centelha tênue.
só acende
se a gente
soprar.

Existe quando faz fogo,
vira incêndio
que leva
 momentos.

Depois...
Lembranças, saudade,
arquivo!

O valor da vida?
Fogo enquanto queima!




                                       Adalto Paceli - Pio

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Nós e a Nota Fiscal

     Gosto de caminhar pelo meu bairro e, na medida do possível, comprar o que preciso por lá, mas tem um detalhe que, na maioria das vezes chama minha atenção, a nota fiscal, ou melhor, a ausência dela. Você já percebeu isto também?
     Tirando as grandes lojas, se você não pedir, o comerciante fica na dele e fornece apenas um recibo, ou o comprovante do pagamento com cartão de crédito. Já presenciei notável descontentamento ao solicitar o referido documento e determinada vez, certa "dona de loja", argumentou que suas notas estavam  com o contador, pegou meu telefone e disse que entraria em contato, ainda estou aguardando, faz menos de um ano. Desconfio que não chegará, pois aquele comércio até já mudou de nome.
     Há alguns dias fui a uma pequena loja de roupas, ótimo atendimento, câmera de monitoramento interno e externo, pedido retirado pelo computador,  som ambiente  agradável. Mas quando pedi a nota fiscal paulista o simpático lojista lançou mão de um velho e empoeirado bloco  e a preencheu a mão. Pergunto, por que tanta sofiscação e um sistema tão antigo para cumprir sua obrigação fiscal?
     Pensemos no outro lado da moeda, o consumidor, você seria capaz de lembrar-se rapidamente do nome de cinco conhecidos seus que fazem questão da nota? Se for, parabéns, pois convive com pessoas conscientes. Infelizmente não é isto que acontece, a imensa maioria das pessoas nem está aí para isto e não percebem que além do poupudo lucro, dos baixos salários que pagam, ainda, de quebra, os nossos empresários, sejam grandes ou pequenos, ainda embolsam o que  devem como imposto. Você consegue isto, sendo assalariado, deixar de pagar imposto?
     Sei que este assunto tem muitas facetas e não tenho a pretenção de esgotá-lo aqui, poderíamos lembrar dos políticos desonestos, dos falsos recibos de médicos e dentistas para burlar a declaração e muito mais. Quero ater-me naquilo que é simples, prático e seguro, pedir nota fiscal. Por que não exigir este direito? Vamos refletir e começar a perceber que, se não somos os culpados diretamente pelos descaminhos da sociedade, colaboramos, e muito, com nossa omissão. Ah, não sou funcionário da Receita! Apenas cidadão.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ah! A ilusão!

Ah, a ilusão!

Esta dama vestida de seda
a enganar-me o coração.
"Desta vez vai dar certo."
Sopra em meus ouvidos.
 E certo alguém nada promete.

  "Você viu o brilho em seus olhos?"
Insiste!

   E  na busca vã do amor,
uma vez mais me deixo levar
pela voz da emoção.

Mas não pense que vou louvar
o sério ritmo da vida,
da solidão, do domínio da razão.

Fazer calar a voz que sonha
com um afago, um beijo,
um suave toque de mãos.

Hoje quero embriagar-me
de sonhos, de falsas juras.
  Meu bem, venha pra mim,
fique comigo, não me deixe só.

Quero enroscar-me em você
sentindo as batidas do seu coração.’
                                                               

                                                   Paceli

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A tesoura

A tesoura


I


     _Entre, por favor, querido. Esteja à vontade, Gisele está se trocando, sente-se.
     Entro timidamente, sem nada dizer, apenas aquiescendo ao convite com um leve sorriso. A sala é ampla e agradável, decorada com simplicidade e bom gosto. D. Gilda olha-me serenamente e percebo que tenta desvendar-me a personalidade, sonda-me o íntimo, ou como dizem os bons mineiros, “tira um mapa”. A mãe de Gisele sente necessidade de dizer alguma coisa. Todos somos assim, o silêncio sufoca e as amenidades têm o poder de nos fazer respirar melhor num momento desses.
    _Então, Mateus, como vão as coisas? Deve estar estudando muito, acredito. Último ano de faculdade... Já terminou sua monografia? Enquanto ela pronuncia essas palavras viajo e lembro-me de mamãe, ela nunca se preocupou comigo. Não a censuro, passo a imagem de um homem forte, que dá conta de tudo. No fundo, ela não me vê assim, mas seria mais trabalhoso reconhecê-lo, então prefere essa minha personalidade construída só para ela, minha mamãezinha!
    _Sim, D. Gilda, estou fazendo as correções finais para entregá-la no mês que vem. O difícil agora é conseguir um trabalho na área em que estou acabando de me formar. Imagine a minha loucura! Fazer um curso de Letras, com um enorme esforço, sem ter a menor segurança de conseguir  trabalhar na educação e já sabendo de antemão os baixos salários que são pagos aos professores!
    _Quer saber? Você fez o certo, seguiu o seu coração e isto é o que vale na vida. Você sabe o que a Gisele pensa sobre isso. Quando começou a trabalhar com crianças portadoras de necessidades especiais eu disse: “ Querida, isto é muito sério, pense muito bem antes de iniciar. Ao que ela prontamente retrucou: “Estou convicta do que quero, mamãe, fique tranquila”.
     _Como a senhora é diferente das outras mães, D. Gilda, essa sua facilidade para dialogar com seus filhos me comove, sempre foi assim?
    _Na verdade, não, quando eles eram pequenos tive sérios problemas de relacionamento com meu falecido marido, ele enveredou-se pelo vício do alcoolismo e era muito rude em casa, muitas vezes violento, pode parecer estranho, mas isso me deixou mais unida aos meninos.
    Nesse momento sinto um nó na garganta e lágrimas querem assomar de meus olhos, mas engulo um seco e seguro o choro, não é tanto pelo que essa amável senhora acaba de dizer, mas sim pelo que passei na minha infância. Se o pai de Gisele tinha o triste vício da bebida, o meu tinha por mim uma enorme indiferença e distância; minha mãe, por sua vez, não tinha a firmeza de D. Gilda, ao contrário, era frágil e se acomodou muito bem na situação de mulher submissa com esporádicos ataques de rebeldia.
     “Gisele, como você está linda, minha filha, estava aqui aborrecendo seu namorado com minhas repetidas histórias, não é mesmo, Mateus?”
     “Ah, Imagina! Sua mãe é uma excelente companhia e foi um enorme prazer ficar conversando com ela, qualquer dia a gente retoma nossa conversa. Vamos, meu amor?”

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II



     _Isso são horas, Mateus? Até agora com aquela mulatinha metida a besta? Como você é ingrato, deixar sua mãe sozinha em casa pra frequentar a casa daquela gentinha e sair por aí colocando o nome da nossa família na lama, você não tem vergonha, meu filho?
     Não consigo articular palavra, mamãe fala sem parar e faz gestos teatrais, parece representar uma tragédia grega. Age sempre assim diante das situações mais difíceis, faz um jogo de cena e inicia um enorme monólogo, com inflexões na voz e expressões corporais, mistura à sua fala, diversos ditos populares, um é recorrente “Os antigos diziam e com razão: Dize com quem andas e te direi quem és”. Às vezes termina a encenação com a simulação de um desmaio ou com uma crise de choro. Nesse dia, porém, ela está exagerando ainda mais no jogo de cena.
     _Tanta moça boa e você foi  escolher justamente essa? Sabe que o pai dela era um péssimo pagador? Vivem de aparências, só porque os filhos estudaram um pouco mais eles se acham os tais. Não vou admitir que você continue com este namorico absurdo.
     _ Mãe, eu já tenho vinte anos, não sou mais nenhuma crian...
     _Não  me interrompa! Por que você não continuou namorando a Beatriz? Ela, sim, é moça pra você. De boa família, os pais têm posses, e além de tudo tem a pele clara e cabelos lisos e compridos. Não aceito você namorar uma negra, jamais! Prefiro morrer a ter que passar por um vexame desses.
     _ Pare de gritar, os vizinhos estão ouvindo. O que a senhora pretende com um escândalo desse? Vamos nos deitar e amanhã a gente conversa com mais calma. Mãe, mãe, o que a senhora está escondendo?
     -Nada, vá dormir. Eu te avisei, não avisei? Você é quem vai escolher...
     Sai com um ar ameaçador e tranca-se no quarto, não consigo dormir, fico o tempo todo imaginando o que ela teria levado para o quarto e meu coração bate acelerado, não quero sentir-me culpado se algo acontecer com mamãe, mas ao mesmo tempo não quero fraquejar. Penso na figura meiga de Gisele, nas palavras doces de D. Gilda e na expressão de terror de mamãe.
     No dia seguinte, mamãe sai cedinho para ir à missa. Levanto-me e vou ao seu quarto e ao levantar o travesseiro encontro o objeto da chantagem, uma enorme e pontuda tesoura, pego-a e a escondo nem sei onde, achando que assim amenizo o problema.                                                                          Enquanto ela ouve os ritos católicos e se prepara para receber a comunhão, reflito em meu quarto. “Valeria a pena brigar por Gisele? E mamãe? Pobrezinha, tão carente e precisando do seu filhinho único... Mas, e eu? E os meus vinte anos? E minha vontade de ter um amor?... Mas isso pode esperar Mateus, você começou a namorar há pouco tempo, fica com sua mãezinha...”.
     Tento dormir, mas não consigo, então ligo pra minha amada. Dona Gilda atende e docemente pergunta por mim, observando que minha voz está diferente. Peço que chame Gisele e ao telefone mesmo termino nosso namoro com uma desculpa qualquer. Hoje, muitos e muitos anos depois, ainda ouço o soluço do meu primeiro e único amor e a repetida frase “Não me deixe, e o nosso amor?!”  ainda ressoa nos meus ouvidos. Mas, sabe como é, mãe é mãe!

Adalto Paceli    

terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma fonte

Uma fonte

Ele é
Só que ela
Jorrava pra
Fora

Num dia...
Vento forte
Alguns pingos
Nele respingaram

Auto abasteceu-se
Por fração de
Segundos

Experimentou diferente
Sensação
Mistura de poder
Com fragilidade

Agora com esta
Dualidade
Tem de conviver

Resistindo poderá
Quem sabe...
Começar a se
Conhecer.


            Adalto Paceli