sábado, 25 de julho de 2015

Tio Bejo

Aquele homem baixinho
Que anda olhando pros lados
Compra a casa da esquina
E os carrões estacionados.
Compra só de mentirinha
Em sua mente limitada.
Faz seu jogo de loteria
 Imagina-se milionário.

Ao voltar pra sua casa
Na Franca do calçado,
Encontra a mãe velhinha
Na rua em meio aos carros.
Grita, esbraveja, empurra
A pobre com mal de alzheimer.
Abre o portão aos arrancos
Com a mãe presa ao braço.

Não casou nem teve amor
De alguém que o quisesse,
 Vive assim iludido, no seu mundo encantado
Com mulher, mansão, empregados...
Enquanto isso na casinha
Morando com sua mãe,
Faz feijão com arroz,
Varre o chão, vai ao mercado.

Seu nome é Benjamin, 
 Todos o chamam de Bejo,
Levando essa vidinha, 
Cuidando da mamãezinha.
Poderia um dia ser lembrado
Pelo bem que assim fazia...
Mas não é bem assim,
Pois há algo errado.

Ser pobre, solitário e baixinho. 
Amargo e mal humorado 
É humano!
Sonhar e na lua tropeçar
Também se deve relevar.
Mas grosseria, gritos e arrancos?
Não! 
Aquela velha senhora

 merecia carinho!


                                                                                                                                  Adalto Paceli



















domingo, 5 de julho de 2015

Doidos de minha infância II

Dentre aquelas pobres almas que vagavam pelas ruas, uma protagonizou um episódio que mamãe contava com gosto. Era a Dona Maria, que ficava fora de si, se é que isso fosse possível, quando alguém a chamava de Cebolinha. Nessa circunstância ela gritava palavrões, pegava o que via pela frente para atirar e ficava por muito tempo fazendo escândalo. Isso para a criançada, infelizmente, era um show imperdível.
Certa vez, andando pelo Bela Vista, um bairro de Passos, ganhando um pedaço de pão aqui, uma moeda ali, passou pela porta de Dona Efigênia, uma bondosa senhora, amiga de minha mãe. Estando com a porta aberta, Dona Efigênia chamou pela pobre andarilha:
_ Dona Maria, como vai? Entre, acabei de passar um café.
A mulher entrou, convidada a sentar-se, tomou café e comeu pão. Quando fazia menção de ir-se, a dona da casa propôs:
- Fique essa manhã aqui, vou separar algumas roupas para a senhora, enquanto isso tome um banho, descanse. Depois do almoço a senhora segue.
Dona Maria, que era uma boa alma aceitou comovida. E assim passou-se a manhã, almoçaram juntas, tomaram  outro cafezinho, a caridosa mulher fez uma trouxa com roupas usadas e acompanhou a pobre senhora até a calçada, mas para sua infelicidade cometeu um pequeno equívoco:
-Venha sempre, quando estiver passando por aqui, não se acanhe, bata e virei atendê-la com o maior prazer, Dona Cebolinha.
Esse final não prestou, o desequilíbrio mental falou mais alto e a Dona Maria ficou possessa. Jogou a trouxa de roupas no meio da rua, levantou o vestido e xingou sua protetora de todos os palavrões imagináveis. Saiu pela rua a resmungar, esquecendo-se de todo o favor recebido.
Assustada, a amiga de minha mãe não teve outra opção que entrar e tentar esquecer o ocorrido, pois devemos fazer o bem sem olhar a quem.



sábado, 4 de julho de 2015

Doidos de minha infância I


Desde muito pequeno acostumei-me a conviver com andarilhos e doidos, pois isso era comum em Passos, Minas Gerais. Mexíamos com eles e fugíamos, às vezes quase nos pegavam. Hoje bate um remorso, mas eu era um garoto solto, que ia à escola, tinha horários, mas a rua da minha pequena cidade era meu quintal, meu e da minha turminha.
Dentre os  mais conhecidos, lembro-me de alguns, Biscoitão, Tião Galinha, Relógio Quebrado, Tomate Podre, Cebolinha e Dona Dita das Mangueiras.
A Dita das Mangueiras era assim conhecida por morar num casebre com um quintal que tinha várias mangueiras. Quando havia fruta madura, pulávamos o muro e, com a maior desfaçatez cascávamos a manga com a boca e comíamos montados nos galhos. Certa vez quase morri de susto, pois estava tranquilo saboreando uma fruta quando vi meus colegas descerem apavorados, nem liguei, continuei na minha. Mas de repente vi a ponta de um bambu passar pertinho do meu rosto, quando olhei pra baixo, era a Dona Dita tentando me derrubar da mangueira. Subi para um galho mais alto e, nem sei como, consegui passar de uma para outra árvore e descer. Como fiz para chegar ao muro e saltá-lo? Nem me pergunte, pois nem eu mesmo sei.

Adalto Paceli

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O diário de um menino - Aventuras


                                                                                 

A guerra do esgoto

Eu estava sozinho em casa vendo tevê e, de repente, ouvi um barulho estranho que vinha da cozinha. Fiquei assustado, não conseguia me mexer, então fiquei totalmente parado. Esperei uns minutos. De repente o barulho repetiu-se!!! Resolvi ir até a cozinha ver o que estava acontecendo.
Quando cheguei lá vi que o cano da pia que tem ligação com o esgoto tinha  rompido. A partir daí foi só desespero. Começou a sair uma coisa verde pelo cano e sair baratas, ratos, sujeira. No começo achei divertido, estava prestes a viver uma grande aventura, mas depois me arrependi de não ter ligado pra minha mãe, e pro meu pai. Aquele negócio verde meio preto ia tomando conta da casa. Então resolvi fingir que era um monstro e que eu era o salvador da pátria.
Amarrei um lençol no pescoço, para fingir que era uma capa, peguei um rodo para ser minha espada, e estava pronto para a guerra. Montei meu campo de batalha no andar de cima, antes que aquele negócio começasse a subir. Então ele veio subindo e eu com minha poderosa espada ia mandando ele de volta para baixo.
Fiquei fazendo isso até meus pais chegarem do trabalho. Quando minha mãe viu aquilo espalhado na casa inteira, ela quis me matar. Falou que eu era um irresponsável, que se eu tivesse ligado pra ela não precisaria levar um tempão para limpar tudo, nem gastar dinheiro com produtos para limpar ou até comprar alguns móveis novamente.
Como já era de se esperar fiquei de castigo, sem videogame, sem tevê, sem celular etc., por dois meses. Mas o pior castigo é que minha mãe contratou uma babá para ficar cuidando de mim enquanto ela está fora. Tentei convencer minha mãe com aquele papo que já tenho 11 anos, sou bem grandinho, sei me cuidar, meus amigos iam zoar com a minha cara, mas não adiantou nada.
Se a minha brincadeira se chamava ``A guerra do esgoto ´´, agora meu objetivo se chama ``Me livrar de uma babá´´.

                             Como livrar-se de uma babá    I

Depois de todo aquele episódio da minha brincadeira, minha mãe me obrigou a ajudá-la a limpar toda a casa. Levamos um dia inteiro para limpar toda casa, e eu ainda tive que fazer lição à noite. Além disso, o pior ainda estava por vir, minha mãe cumpriu com o que prometeu e contratou a babá, ela se chama Charlote.
Bom, minha mãe contratou a Charlote para ficar comigo de dia e de noite, até ela chegar. A babá ia me buscar na escola todo dia, então combinei com ela um disfarce  para ninguém saber que eu tinha uma babá, ela me chamava de sobrinho e eu a chamava de tia.
Depois da primeira semana de trabalho da babá eu comecei a colocar meu plano para me livrar dela em prática. Então quando ela fazia sopa eu derrubava o prato no chão e falava que era sem querer, eu levava um copo de água para o quarto e derramava na cama, e quando ela ia lá em cima, a cama estava toda molhada, Charlote perguntava por que, eu falava que eu devia ter feito xixi e ela trocava a cama.
Fiquei fazendo isso durante meses e meses, mas a “babá” era muito resistente.
Depois de um ano de trabalho, quando a minha mãe entrou de férias, ela deu férias para a Charlote.
Esse mês quem vai cuidar de mim é a minha mãe, então tive que interromper meu plano por 1 mês .
Mas quando Charlote voltar de férias ela não sabe o que espera por ela... KKKKK...

                                               Se livrar de uma babá   II 

Hoje a Charlote volta de férias, e meu plano já está pronto para ser executado.
Sete horas da manhã, de repente ding-dong, era a Charlote voltando de férias. Logo no primeiro dia de trabalho depois das férias da babá, de propósito comi ovo com salsicha e tomei leite com chocolate e, antes de sair, tomei Coca-Cola e água. Quando saímos, saí correndo e pulando antes dela. A uns dois quarteirões antes da escola parei e falei para ela que minha barriga estava doendo, ela mandou-me sentar um pouco no banco e esperar parar de doer. Sentou-se ao meu lado e falou para eu me deitar em seu colo. Eu me deitei e, como planejado, vomitei no colo dela. Foi muito engraçada a reação dela.
Eu fiquei irritando ela durante cinco meses, só que resolvi parar. Antes que perguntem por que, respondo: eu parei porque a Charlote é uma boa pessoa, legal, companheira e ótima cozinheira (a comida dela é uma delicia).
Então depois de um ano e seis meses, resolvi aceitar minha babá. Agora eu e Charlote somos amigos fiéis e ela é minha babá preferida.
Eu adoro a minha babá, mas não deixamos de lado o lance de tia e sobrinho, por enquanto...

                                                 Júlia Mirandola - 6º B