Certamente observamos que nos últimos anos houve um sensível despertar para os direitos dos animais. Abusos são cometidos, mas já não aceitamos isso como em outros tempos de maior crueza nas relações animais e humanos. Quase todos se sensibilizam com um animalzinho abandonado ou sofrendo maus tratos. É justo que seja assim, pois nenhum ser vivo deve passar fome, frio e sofrer as intempéries da natureza.
Os animais ditos irracionais diferem do homem, pois não têm o livre arbítrio. Mas será que esse mesmo livre arbítrio em vez de ser um avanço, um sinal de superioridade pode condenar o homem a não ter os direitos básicos que acima defendi para os animais? É justo que um semelhante por pensar diferente, não ter um emprego, ser um dependente de algum vício, não ter tido as mesmas possibilidades que teve alguém que nasceu em berço de ouro, não ter se escolarizado, ou outros aspectos que o deixam na periferia da sociedade, não tenha aqueles direitos básicos a que me referi e que aqui repito: comida, água, teto e proteção?
Sim, ouço críticas a programas sociais, como o bolsa-família, o auxílio-gás, o seguro desemprego, entre outros. Dizem que não é justo, que favorece a um "bando" de vagabundos e que o governo faz mal em dar apoio a essas pessoas. De quem vem essas críticas? De alguns que há bem pouco tempo levavam uma vida regrada e que agora, por terem conseguido alguma ascensão, se julgam melhores e adotam uma postura de ser superior. De outros, acostumados ao mando e não toleram que o miserável tenha o mínimo necessário para viver, sem terem que estar subjugados a eles e aos que comungam dessa tacanha mentalidade.
Esse é um aspecto que revela quem está na vanguarda do humanismo, da solidariedade e que quer construir uma sociedade menos desigual daquele que insiste no status quo, no individualismo, em ter propriedades e enriquecer às custas da miséria dos seus semelhantes, que se diz íntegro e critica o governo, mas no seu dia a dia sonega imposto não emitindo nota fiscal, não registra seus funcionários e não paga o justo salário.
Portanto, não adianta cristianismo, títulos acadêmicos, casa em Miame, saber cantar o Hino Nacional, bom gosto para arte... se não enxergamos o nosso semelhante que precisa de alimento, água, moradia, transporte, vestimenta e saúde, pois esse marginalizado é nosso companheiro de jornada, queiramos ou não, que vive, sofre e é mortal como nós também o somos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário