quinta-feira, 29 de novembro de 2012

     Nóis fingimo que fumos e vortemos

     Pensaram que eu não voltaria mais? Pois é, na vida temos momentos de aridez, de secura extrema, vemos nosso gado morrer, as plantas murcharem e dizemos "É o fim!"; mas as chuvas voltam, as plantas reflorescem e nosso gado volta a pastar alegremente e voltamos a acreditar na vida.
     Não é bem sobre isto que quero falar, quero lhes contar sobre o livro que estou lendo. Aqueles literatos que, se você pergunta sobre determinado livro, dizem estou relendo, rirão da minha leitura, não faz mal, prefiro a sinceridade.
    Pois bem, estou lendo "O diário de Anne Frank". Passei muitas vezes para meus alunos assistirem "Escritores da Libertade", um filme que traz a história de Anne Frank à tona e eu tenho algumas dúvidas, daí a leitura.
    Até o momento estou gostando, para quem não sabe, Anne é uma garota judia que passa mais de dois anos escondida com sua família dos nazistas. Vai aí a dica. Caso leia, envie sua opinião para mim.
    Abraço,
    Adalto.

domingo, 9 de setembro de 2012

Quando aprofundo a conquista da fama


     Quando aprofundo a conquista da fama dos heróis e as vitórias dos grandes generais,
não invejo os generais ou o Presidente em sua Presidência ou o ricaço em sua casa enorme;
mas quando ouço falar da fraternidade entre dois amantes, do que se passou entre eles, de como juntos através da vida, através do perigo, do ódio, sem mudança por longo e longo tempo atravessando a juventude e a meia-idade e a velhice, como sem vacilações, como leais e afeiçoados se conservaram, aí fico pensativo - saio de perto afobado com a mais amarga inveja.

Walt Whitman in Folhas de Relva

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Contigo

    

     Desconhecido, se passando me encontrares e desejares falar-me, por que não me hás de falar?
     E eu, por que não haveria de falar contigo?

     Walt Whitman in Folhas de Relva


domingo, 19 de agosto de 2012

Rela – relaxo – relaxado


 


Este lugar tranqüilo,
Com você a conversar,
Já foi movimentado.
Vinha aqui pra namorar.

No alto daquele sobrado
Tinha um auto-falante.
Aqui, não se espante,
Não tinha lugar pra sentar.

É que naqueles tempos
Não havia tantos points,
Ou ficava em casa
Ou ia à praça passear.

Porém, se você pensar
Que tudo era tão simples,
Sem engenho de arte,
Pode se enganar.

Aqui, nesta praça,
Bem onde estamos sentados,

Ficavam os casais

Bem comportados.

Descendo aquelas escadas,
Fora desta parte central,
Os carinhos eram ousados.
Etecétera e tal...

O bicho pegava
Na divisa com a rua.
Os homens ficavam em pé,
As mulheres desfilavam.

Uns diziam gracejos,
Nos pontos mais escuros.
Outros iam com a mão,
Arriscando um beliscão.

Lembro que mamãe me contou
Num jeito muito engraçado
“No meu tempo era parecido,
com um pouco mais de recato.

Aqui, chamavam rela,
Lá embaixo, relaxo,
Perto da rua, o relaxado.”

Eu, ingênuo, pensava
Que nos tempos antigos
Eram todos comportados.”

Adalto Paceli




domingo, 12 de agosto de 2012

Resposta ao tempo



Batida na porta da frente é o tempo,

eu bebo um pouquinho pra ter argumento.

Mas fico sem jeito, calado, ele ri,

Ele zomba do quanto eu chorei,

Porque sabe passar e eu não sei.

Num dia azul de verão sinto o vento,

Há folhas no meu coração é o tempo.

Recordo o amor que perdi, ele ri.

Diz que somos iguais, se eu notei.

Pois não sabe ficar e eu também não sei.


E gira em volta de mim,

sussurra que apaga os caminhos.

Que amores terminam no escuro, sozinhos.

Respondo que ele aprisiona , eu liberto.

Que ele adormece as paixões, eu desperto.

E o tempo se rói com inveja de mim,

Me vigia querendo aprender

como eu morro de amor pra tentar reviver.

No fundo é uma eterna criança

que não soube amadurecer.

Eu posso e ele não vai poder me esquecer.




Cristóvão Bastos e Aldir Blanc

sábado, 4 de agosto de 2012

A arte de escrever!



Ler e escrever, 
não é apenas 
saber, mas 
se você quiser... 
Pode virar uma arte,
A arte de escrever.

Essa arte pode ser legal,
pode ser sensacional,
pode ser imaginativa
e aumenta o intelectual.


 

Pode ser bom,
pois você cria,
o mundo de novo,
do jeito que você quiser
e pode também...
dar asas para sua imaginação
se soltar e voar...

 

Arte está em todo lugar
pode ser escrita, oral,
desenhada ou grafitada,
mas, sendo arte...
é legal...

Ler e escrever é
a arte do intelectual
e todo mundo pode ser,
mas precisa primeiro saber...
 Ler e escrever!

Luís Fernando - 8ª Série

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Tristesse e Modinha


Tristesse



È triste il mio cuor senza di te

Che sei lontana e piu no pensi A me,

Dimmi perché

Fai soffrir quest’anima Che t’ama

E ti vuole vicin



Sei tu la vision Che ogni será

Sognar fa il cuor Che nell’amore Spera,

Ma è un’illusion

Più da me non tornerai

Forse un’altro bacerai

Mentre triste vola la canzon



Che canto a te

Solamente a te

Dolce sogno d’or

Questo vuole il cuor

Triste senz’amor.



Letra de música interpretada por José Carreras com melodia de Chopin







Modinha



Tuas palavras antigas

Deixei-as todas, deixei-as,

Junto das minhas cantigas,

Desenhadas nas areias.



Tantos sóis e tantas luas

Brilharam sobre essas linhas,

Das cantigas – que eram tuas -

Das palavras que eram minhas!



O mar, de língua sonora,

Sabe o presente e o passado.

Canta o que é meu, vai-se embora:

Que o resto é pouco e apagado.



Cecília Meireles




sábado, 14 de julho de 2012

MÁGICO MIRANTE




DAQUI, DESTE PONTO AVANÇADO EM QUE ME ENCONTRO,

DESTE MÁGICO MIRANTE,

PERCEBO QUE PELA VIA DO BEM OU PELA VIA DO MAL

JÁ CONSEGUI NA VIDA ALGUMAS AQUISIÇÕES IMPORTANTES.

NO FINAL A GENTE SABE SEMPRE MUITO POUCO,

MAS JÁ ACEITO MINHAS FRUSTRAÇÕES, POR EXEMPLO,

COM A CABEÇA ERGUIDA E COM OS OLHOS LÁ ADIANTE.

JÁ APRENDI QUE NÃO IMPORTA QUÃO BOA SEJA UMA PESSOA

ELA VAI ME FERIR DE VEZ EM QUANDO

E EU PRECISO PERDOÁ-LA POR ISSO, SOB PENA

DE TER MEU CORAÇÃO MERGULHADO NO VENENO DO RANCOR.

APRENDO TODOS OS DIAS QUE FALAR FAZ BEM,

PODE ALIVIAR DORES EMOCIONAIS.

E QUE NÃO IMPORTA O QUE EU TENHO NA VIDA

MAS PARA ONDE ESTOU INDO,

E SE DE REPENTE EU FICO SEM SABER PRA ONDE ESTOU INDO...

QUALQUER LUGAR SERVE!

E DESCUBRO QUE SÓ PORQUE ALGUÉM NÃO ME AMA

DO JEITO QUE EU QUERO QUE ME AMEM,

NÃO SIGNIFICA QUE ESSE ALGUÉM

NÃO ME AME COM TUDO QUE PODE.

PORQUE EXISTEM PESSOAS QUE NOS AMAM

MAS SIMPLESMENTE NÃO SABEM COMO DEMONSTRAR.

APRENDO QUE NEM SEMPRE É SUFICIENTE

SER PERDOADO POR ALGUÉM.

MUITAS VEZES EU TENHO QUE APRENDER

A PERDOAR A MIM MESMO.

E NÃO IMPORTA EM QUANTOS PEDAÇOS

MEU CORAÇÃO FOI PARTIDO:

O MUNDO NÃO PÁRA PARA QUE EU O CONSERTE.

O TEMPO NÃO É ALGO QUE POSSA “VOLTAR ATRÁS”.

APRENDO QUE A VIDA, SEM AMOR-POR-MIM-MESMO,

NÃO VALE A PENA. NÃO VALE A PENA.

ASSIM, EU MESMO PLANTO O MEU JARDIM

E DECORO A MINHA ALMA,

AO INVÉS DE ESPERAR QUE ALGUÉM ME TRAGA FLORES.





Cleise Mendes


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quem casa, quer casa

                        
      Celso estava certo sobre Raquel, o grande amor da sua vida, pois sua mãe aquela pessoa que, com o início do seu casamento parecia ser tão boa e amável, agora, com o passar do tempo começou a mostrar do que era capaz.
      Sua esposa, com o passar de alguns meses começou a se entristecer, sem dizer nada sobre o motivo de seu sofrimento. Celso, sem dizer nada à sua esposa, começou a observá-la com mais freqüência e prestava mais atenção às atitudes de sua mãe.
      E aconteceu que, ao chegar mais cedo do trabalho, deparou-se com sua mãe e algumas vizinhas em frente ao portão de sua  casa,  proferindo palavras maldosas referentes ao grande amor de sua vida.
      Sem dizer nada e sem fazer barulho, ficou ali parado, escondido atrás de um arbusto, ouvindo aquelas palavras que muito feriam o seu coração, mas não se deixou abater.
     Prestando bastante atenção, pôde perceber que sua mãe falava tudo aquilo por ciúmes dele, por ser seu único filho, que agora lhe deixou para viver com uma outra mulher, até o fim de sua vida.
     Nada comentou para não magoar seus dois amores, no outro dia alugou uma casa e foi morar bem distante de sua mãe, pois assim diz o velho ditado: quem casa, quer casa!

Roque Donizeti Alves n°35 - E.J.A

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O vazio

Sim, a vida enfeito
feito criança que brinca
porque a noite é escura e longa
e meu caminhar tem se tornado lento.



Estando comigo sinto-me só,
o pó da estrada está no meu rosto,
um gosto de poeira  não sai da minha garganta.
A saudade é tanta que olho e nada vejo,
mas sinto seus passos atrás de mim,
mesmo em meio ao barulho da multidão.



Sua ausência trouxe nitidamente
o meu cansaço acumulado,
o sentido exato de minha idade
camuflada nas ilusões do dia.



Nunca pensei que sua partida,
tão anunciada e por vezes até admitida,
trouxesse esse peso que me prende  ao chão
tirando de mim, por vezes, o sentido, a razão.



Hoje, nostalgia de algo que há tempos não existia,
Já não havia alegria nos seus últimos dias,
mas eu ainda  lhe sentia e o sol batia em seu rosto
quando você deixava que eu abrisse sua janela.



Sigo, pois tenho que seguir,
junto o que não espalhei.
Já não sonho, tenho um sono cansado,
quero despertar-me e as forças não vêm.



Passa, porém, ínfima réstia de luz
que tremula no seu distante sorriso
e fixo candidamente seus negros olhos
que dizem 'Há algo além, descanse, durma bem!'

Adalto Paceli









sábado, 30 de junho de 2012

Meu vizinho está de cama


     Relutei em voltar a vê-lo, mamãe se foi há pouco mais de um ano e não me sentia com estrutura para o rever assim. Mas ele é meu vizinho, sempre  simpático comigo, não era correto afastar-me, então fui no susto.
     Voltava pro meu apartamento, decidi nem abrir minha porta e bati direto na dele. Sua mulher atendeu-me sorridente, acho que ela já desconfiava dessa minha 'covardia', pois sempre que a encontrava perguntava por ele e D. Cândida respondia prontamente "como Deus quer!". Convidou-me para entrar, ele estava na cama vendo tevê e acolheu-me com um sorriso, indicando-me uma cadeira.
     Emagrecera bastante, mas estava lúcido e bem disposto, aos poucos meu medo passou e começamos a conversar, falou um pouco de quase tudo. Resolvidos os problemas do país, com o coração aliviado me despedi com a sensação de dever cumprido. A certa altura da vida, não nos é permitido escolher as situações que queremos vivenciar, como o jovens fazem e pensam que poderão fazê-lo pelo resto da vida.
     Alguns dias depois, conversando com um outro vizinho, comentei sobre a minha visita ao Sr. Eurípedes, ao que aquele comentou "Ele está cumprindo sua última etapa, prefiro deixá-lo com os seus". Na verdade, estava com medo também, só que junto acrescentou a indiferença, o pior dos sentimentos.
     Sem falsa moral, refleti muito sobre tudo isso e veio-me à lembrança o Sermão da Montanha, quando Jesus disse "Estive doente e me visitaste." À noite, pus minha cabeça no travesseiro e dormi tranquilamente, convicto de que, como escreveu Adélia Prado num dos seus maravilhosos poemas " A coisa mais fina do mundo é o sentimento".

Adalto Paceli

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Foi assim

                                   

Nasci, de repente desperto,
olho tudo e não me vejo.
Ainda assim uma voz me diz
“já existes, mas calma!” 

Cara risonha, mamãe.
papai calado, não sorri.
Tento chamá-lo pra mim,
mas, absorto sai de mansinho.

 Deus! Por que é assim?
Eu, a humanidade, sozinho,
havendo  vozes e risos
e nos momentos tristes ninguém? 

Se me sabes frágil
e ainda assim me quiseste
e neste instante difícil
tens de partir? 

Vindas e idas,
idas e vindas.
Semiconstrução.
Desejo de integralidade.

Adalto Paceli







 

                                                                                                                


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Nel Mezzo Del Camin


Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada

E triste, e triste e fatigado eu vinha

Tinhas a alma de sonhos povoada,

E a alma de sonhos povoada eu tinha...



E paramos de súbito na estrada

Da vida: longos anos, presa à minha

A tua mão, a vista deslumbrada

Tive da luz que teu olhar continha..



Hoje, segues de novo... Na partida

Nem o pranto os teus olhos umedece,

Nem te comove a dor da despedida.



E eu, solitário, volto a face, e tremo,

Vendo teu vulto que desaparece

Na extrema curva do cominho extremo.





                                                               Olavo Bilac.






sábado, 23 de junho de 2012

A COLERA DIVINA


                                Quando fui ferida,
Por Deus, pelo diabo, ou por mim mesma,
_ ainda não sei _
percebi que não morrera, após três dias,
ao rever pardais
e moitinhas de trevo.
Quando era jovem,
Só estes passarinhos,
Estas folhinhas bastavam
Para eu cantar louvores,
Dedicar óperas ao rei.
Mas um cachorro batido
Demora um pouco a latir,
A festejar seu dono
- ele, um bicho que não é gente-
tanto mais eu que posso perguntar:
por que razão me bates?
Por isso, apesar dos pardais e das reviçosas folhinhas
Uma tênue sombra ainda cobre meu espírito.
Quem me feriu perdoe-me.

Adélia Prado











                                                 

terça-feira, 19 de junho de 2012

A última visita


     Estava melhor, tão melhor que telefonou a ele, pedindo que fosse vê-la. Lutando contra a doença, ela dizia que teria alta em breve, queria marcar uma viagem, repetir, tanto tempo depois, o roteiro que haviam feito com o deslumbramento do amor recente: Roma, Florença, Veneza, Verona, Milão, Paris e Lisboa.
     Muitas águas e luas haviam passado, fizeram outras viagens, separaram-se, ela adoecera e agora queria reviver aquelas cidades nos mesmos hotéis, freqüentando os mesmo restaurantes, a Taberna Ulpia, em Roma, ela nem sabia que a taberna fora fechada pela polícia, ali se consumia cocaína. Inocentemente eles fora lá, tão atentos em si mesmos que nem repararam, dançaram o samba do Orfeu na pista, os outros perceberam que dançavam bem, deixaram a pista livre, depois aplaudiram.
     Tudo ficara para trás, nem lembranças boas eram, a realidade apagara uma parte, destacara outra e ela ficara doente e agora exigia que fosse vê-la, já fizera as reservas na mesma agência, mandara a irmã pagar a entrada, depois discutiriam o resto.
     Ele foi. Achou a magnífica, como nos melhores tempos. A lucidez formidável dos que dizem adeus. Ficou surpreso, não sabia dos planos dela, como dizer que tudo aquilo seria impossível?
     Nisso, entrou a enfermeira no quarto. Só então ele reparou que, na banqueta da parede maior, havia vidrinhos de remédio, uma mini- farmácia para as emergências. A enfermeira percebeu que ele se assustou e olhou-o de tal forma que ele compreendeu.
     Então, disse que sim, toparia aquilo tudo, a viagem, o roteiro, a vida. Vida que ela insistia em viver.

     Dois dias depois, ele remexia em velhos papéis, recordações de Veneza, Florença e Verona, as duas entradas para os Uffizi, a conta do Dodici Apostoli, de Verona, o perfumado “risotto al funghi del Bosco”. O telefone toca. A irmã avisou: tudo acabara para ela. Só não sabia que acabara também para ele.


Carlos Heitor Cony

segunda-feira, 18 de junho de 2012


INDICAÇÃO DE FILME:

O Primeiro Amor

  • Filme / Romance
  • Nome Original:  Flipped
  • Direção:  Rob Reiner
  • Elenco:  Madeline Carroll, Rebecca De Mornay, Anthony Edwards, John Mahoney, John Mahoney, Penelope Ann Miller
  • País:  EUA
  • Ano: 2010
  • Duração:  90 min
  • Cor:  Colorido
  • Som:  Stereo, Dolby
  • Classificação:  Programa permitido para menores acompanhados dos pais
Dois estudantes do oitavo ano começam a gostar um do outro apesar de serem totalmente opostos. Baseado no livro "Flipped", de Wendelin Van Draanen.

Comecei a assistir e não consegui parar.
Um abraço,

Professor Adalto.

domingo, 17 de junho de 2012

Comparação



És tão bela quanto um rubi
que se guarda no cofre do coração.
És o anjo que cairá
pra me salvar dessa perdição.
És a flor, que ao primeiro olhar
tornou - se a pura flor,
única em meu jardim,
tão bela quanto todas as flores desse mundo.
És tu, a bela dama de minha vida,
uma princesa a me olhar!
Luís Fernando.