quinta-feira, 2 de abril de 2020

Leitura, análise e interpretação de textos II

Liev TOLSTÓI, famoso escritor russo escreveu um conto no qual o narrador é um cavalo, sim, não precisa voltar a ler, o narrador é um cavalo! Detenhamo-nos aqui, para conversarmos sobre autor x narrador, pois faz-se muita confusão entre um e outro.

O autor, como o própria nome indica, é aquele que cria, sendo assim, os lugares, acontecimentos, épocas, personagens e também o narrador são suas criações, é óbvio que essa arte pode estar total ou parcialmente vinculada à realidade. Estando menos ou mais longe da realidade é o que chamamos de ficção, mas nunca totalmente fora dela, pois se o escritor cria uma história totalmente fora do possível, sem nenhum elo, faltará a verossimilhança, que é o que liga o leitor ao texto, porque este consegue fazer conexões com o que está acontecendo ao seu redor.
Deixemos de lado a verossimilhança e voltemos ao narrador, um dos meus livros favoritos é Zorba, o grego, escrito por Nikos Kazantzákis e, percebe-se claramente que, embora o narrador seja o personagem principal, o Zorba, na verdade ele expressa muito do próprio autor que usa desse artifício para revelar seu próprio eu, a isso costumamos chamar de alter ego, ou seja, o autor se revela total ou parcialmente por meio de seu narrador.
Porém isso não é regra, Chico Buarque de Holanda, em muitas de suas canções, que em última análise, são textos, compõe narradoras, mulheres falando diretamente conosco, "Teresinha- “Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração, mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse ‘não'” .
Enfim, voltando ao início, no conto de Tolstói, é o cavalo que reflete e conta e ele conclui pela boca do "animal". O que ele conclui? Que o animal é o ser humano. Por quê? Porque este quer possuir por possuir, sem usufruir. Ao ler essa história com os alunos do 9º ano, lembrei-me do Pequeno Príncipe conversando com o empresário que contava as estrelas, assim como o cavalo, ele não conseguia entender o você ter por ter e disse " Eu, se possuo um lenço, posso colocá-lo em torno do pescoço e levá-lo comigo. Se possuo uma flor, posso colher a flor e levá-la comigo. Mas tu não podes colher as estrelas."

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