Fui ao médico e como bom paciente, esperava. Nisto entrou uma jovem senhora acompanhada por um adolescente. Ela, simpática cumprimentou-me, mas o jovem de olhos fixos no celular sentou-se e digitava alguma coisa com extrema rapidez.
Não prestou a mínima atenção ao que estava à sua volta, nem se deu ao trabalho de olhar para a recepcionista, continuva hipnotizado pelo aparelhinho. Depois de algum tempo, a mãe resolveu tomar um cafezinho, porém ao voltar e experimentá-lo, já no seu lugar, percebeu que estava sem açúcar. Pediu ao moço do celular, seu filho autômato, que pegasse o açúcar.
Ouviu um sonoro "Não, pega você!" e continuou a teclar aceleradamente. Dava a impressão que se ele deixasse de fazer aquilo teria um ataque, talvez uma tremenda falta de ar. Embora já venha percebendo este exagero com as novas tecnologias, aquilo me chocou. O consultório era bem mobiliado, alguns quadros, uma secretária educadíssima, no entanto, o jovem nada daquilo reparou, ficou alienado o tempo todo. Já fui voluntário em um sanatório e vi alguns internos interagirem mais que muitos jovens de hoje em dia.
Gosto da tecnologia, admiro alguém que sabe jogar vídeogame, que tem facilidade para navegar na internet ou que manda mensagens no celular com rapidez, mas penso que a tecnologia é uma ferramenta, que o conhecimento e o prazer de viver não estão resumidos em alguns eletrônicos. Falta bom senso, mas como nossa juventude vai aprender a lidar com sabedoria com as mídias, se seus pais não colocam limites, não têm tempo para ensiná-los ou para interagir com eles?
Ouvi de um economista que administrar dinheiro dá trabalho, você tem que estar sempre atento ao melhor investimento, conversar com seu gerente e estar por dentro dos índices de rendimento. Se nesta parte material temos de estar atentos, devemos nos envolver infinitamente mais com nossos jovens para que eles saiam do seu autismo tecnológico e voltem para a vida real. A vida do papo com os pais e os amigos, tomar um sorvete na praça, montar um quebra-cabeça com o irmãozinho caçula, entre outras coisas.
No entanto, enquanto não houver uma mudança de padigmas, a partir da família, a tendência é um isolamento cada vez maior, que trará a solidão e o individualismo.
Um abraço,
Adalto Paceli
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