segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Animais em campo

Assunto pisado e repisado que deixei dormindo para melhor refletir, a extrema selvageria no jogo entre Atlético Paranaense e Vasco, uma cena definiu para mim o âmago de tudo: um rapaz sendo puxado e espancado tentando sair fora do raio de ação de seus agressores. Sabe aqueles programas sobre animais ferozes rondando e escolhendo a presa mais frágil para isolá-la do bando para depois atacá-la sozinha e a abater? Então, houve alguma diferença entre essa cena e aquela do estádio? No ato em si, não! Na intenção ou motivo sim. Aqueles matam para se alimentarem, esses agridem apenas para libertarem a fera contida que neles reside.
Ouso pensar que violências assim originam no berço e na formação que as crianças, jovens e adolescentes recebem. As conversas que ouvem; o comportamento dos adultos que os tutelam; a tecnologia - excesso de celulares, faces e tal -; a televisão sem medida e toda a porcaria nela contida; algumas categorias esportivas - mma, futebol animal, dentro e fora do campo ( inclusive na cabine e nas câmeras ).
Algumas sugestões: Pegar o filho no colo; acompanhá-lo nas lições escolares; limitar seu tempo de tevê; videogame; internet; incentivá-lo a brincar de carrinho, amarrar um barbante e sair puxando imitando o barulho do motor e a filha a pentear sua boneca; deixá-lo brincar com as crianças do condomínio ou da rua (deixar e não abandonar).
Enfim, faltam amor, presença e envolvimento dos adultos responsáveis. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos precisam de crianças, adolescentes, jovens , adultos e idosos e não, somente, de coisas.
Você talvez diga, não fechou o texto. Concordo, pois não voltei aos animais do futebol. Fiz de propósito, pelo menos no texto não perpetuo esse círculo vicioso.
Adalto Paceli

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O VIGIA


 
no fosso do elevador
no quarto de despejo
no armário embutido
a noite eterna espreita

pelas frestas, o vulto
sob a luz inventada:
é preciso vigiar
as coisas que se furtam

nunca mostram a face
mesmo quando sugerem
como as sandálias
sob a janela aberta -

com o branco dos olhos
vigiar a escuridão
que sustém luz e coisas
e o nada atrás da porta -

não permitir a fuga
ou a invasão: mas vem
a fome e a noite salta
da lata de biscoitos

vem o sono e debaixo
da cama ninguém sabe
(como dentro dos sonhos)
o que, na sombra, se oculta

e nas gavetas vazias
no poço atrás dos olhos
baratas, pensamentos
sem veneno, deslizam

 "O Vigia" faz parte da coletânea "O Corpo no Escuro", primeiro livro do poeta e livreiro na USP Paulo Nunes. O volume será publicado em fevereiro pela Companhia das Letras.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Juó Bananère - Ditadura Militar - Espinho - Mia Couto

O poema postado logo abaixo é de Juó Bananère, por mim desconhecido até ontem, foi sugerido por uma colega, pois estávamos conversando sobre poesia e eu havia dito que um dos meus poemas preferidos é Nel mezzo del camin de Olavo Bilac. Então ela sugeriu-me o poema-paródia Amore co amore si paga, li e gostei e sabem de quem me lembrei? Do Adoniran Barbosa e daquela mistura de português com italiano. Aproveitei e li outros desse poeta  no google. Fica aí uma sugestão divertida e interessante. 
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Li on line, por sugestão da colega Luciana Porfírio, o livro Ditadura Militar e Democracia no Brasil: História, Imagem e Testemunho, organizado por Maria Paula Araújo, Isabel Pimentel da Silva e Desirree dos Reis Santos, um livro curto, com imagens e uma leitura que flui. Gostei porque trata do tema sem paixões e termos complicados, de maneira didática. Agora, alguns depoimentos de perseguidos, exilados e torturados são comoventes. Causou-me espécie este, em particular: "O Estado está agora diante de mim, se curvando e me tratando desse jeito, que coisa linda" No final, o Paulo Abrão (atual Presidente da Comissão de Anistia), de pé leu a sentença, (...) foi quando ele disse que o Estado Brasileiro me pedia perdão, foi quando eu desabei, eu me senti muito recompensada, foi uma coisa muito bonita, mesmo que a gente saiba que, claro, não apagou as coisas do passado, mas você sente que finalmente a cidadania chegou nesse país. ( ...) Foi um momento muito lindo de minha trajetória." (Dulce Pandolfi). Mexeu com você também? Caso se interesse mais pelo assunto, leia o livro.
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Peguei-me pensando sobre nossas dores, em especial aquelas que só quem sente pode avaliar: a perda, o esquecimento, o abandono, a indiferença, a solidão solitária e tantas outras. Não sei por que, mas veio a minha mente a história de Santa Rita de Cássia, mamãe só contava sobre o pedido que a santa fez em oração de ter um dos espinhos da coroa de Cristo para experimentar a dor que Jesus sentiu. Foi atendida, temos que tomar muito cuidado ao pedirmos algo, pode ser que recebamos.Daí surgiu a ideia de escrever o poema Espinho que você pode ler numa das postagens abaixo. Boa leitura!
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Há pouco tempo transcrevi e postei neste blog um poema da escritora cabo-verdiana Vera Duarte e, ganhei por estes dias um livro do escritor moçambicano Mia Couto, não o conhecia e estou muito interessado na leitura. Esse autor bebe em Guimarães Rosa, do qual é admirador, e lança mão de muitos neologismos e expressões poéticas e impactantes, por exemplo, fugir é morrer de um lugar, aborda a questão da bombas terrestres abandonadas e não desativadas depois das inúmeras revoluções e da luta pela independência de Portugal.
Por falar em África, não posso deixar de mencionar  Mandela. Que pessoa maravilhosa! Que coisa linda e emocionante o povo dançando nas ruas em sua homenagem! Um homem que ficou preso injustamente por 27 anos, sofrendo preconceito racial, sair da prisão e, sem ódio, construir a África do Sul de hoje, sem Aparthaid, esse é um líder que ombreia com Gandhi. Tivemos nossos heróis da Ditadura de 64, mas mancharam sua biografia, que pena! Papai dizia Comece e termine bem! Não nos cabe julgar e condenar e sim, esperar que a justiça se faça, sem as perseguições da nossa mídia vendida.
Divaguei, voltando, vale a pena ler Mia Couto.



quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

AMORE CO AMORE SI PAGA

 

 

             Xingue, xisgaste! Vigna afatigada i triste
I triste i afatigado io vigna;
Tu tigna a arma povolada di sogno
I a arma povolada di sogno io tigna.

Ti amê, m'amasti! Bunitigno io éra
I tu tambê era bunitigna;
Tu tigna uma garigna de féra
E io di féra tigna uma garigna.

Una veiz ti begiê a linda mó,
I a migna tambê vucê begió.
Vucê mi apiso nu pé, e io non pisé no da signora.

Moltos abbracio mi deu vucê,
Moltos abbracio io tambê ti dê.
U fóra vucê mi deu, e io tambê ti dê u fóra.


Espinho



Hoje crê no espinho da coroa de Cristo
transformado em chaga na testa de Santa Rita
Ontem sentia algo doer e não sabia o quê
Percebeu aos poucos  indiferença e abandono
virando ferida dentro do peito em seu coração

Pior que o enfrentamento a ausência
Pior que a ausência a presença ausente
Pior que a presença ausente a indiferença

A cara inexpressiva a pergunta sem resposta
O comentário monossilábico entrelábios
O agrado que desagrada contraria.

Rita viu sua chaga crescer malcheirar
a todos afastando e foi melhor se isolar
A flor em carne viva sumiu e saiu
algo por fazer
Voltou e a ferida também

Ele com seu espinho poucos afasta
e não pode se isolar
até isso lhe foi negado
A dor em carne viva nunca sumiu

Tem sempre algo a fazer
nunca  desacompanhado

Adalto Paceli



quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Poema Sujo - Ferreira Gullar

No mínimo, audacioso! Escrever há mais de 40 anos com palavras duras e, até mesmo de baixo calão sem deixar a beleza e o enternecimento de lado, não é pra qualquer um. Entrelaçar problemas de infraestrutura,  relacionamento e educação, fazer um paralelo da podridão do rio que corta São Luís do Maranhão com a podridão, que aos poucos vai comendo seus moradores da periferia é magistral e envolvente. Não se consegue interromper a leitura. Ela flui em meio ao ritmo da narrativa,  rimas e ausência de pontuação.
Em especial, o seguinte trecho do poema nos deteve, observe: "... Menos, claro,/nas palafitas da Baixinha, à margem/da estrada de ferro,/onde não há água encanada/ali/o clarão contido sob a noite/não é/ como na cidade/ o punho fechado da água dentro dos canos:/é o punho/da vida/ fechada dentro da lama//Já por aí se vê/ que a noite não é a mesma/ em todos os pontos da cidade;/...
Ao descrever esse local específico, a Baixinha, o poeta traz à tona a dureza da vida de seus habitantes e a desigualdade social da cidade. Será que as coisas mudaram tanto assim?
Para aqueles que pensam que poemas tratam apenas de romantismo, afeto recheado de pieguices e para aqueles que pensam na poesia com profundidade, vai a dica: Poema sujo!

As lágrimas de Potira



Videoclip realizado pelos alunos do 6º A
Veja outros no youtube: cemei IV Professor Paceli

A Vitória-Régia


Videoclip realizado pelos alunos do 6º A
Veja outros no youtube: cemei IV Professor Paceli

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Alce e os lobos

Videoclip realizado pelos alunos do 6º A
Veja outros no youtube, digite: cemei IV Professor Adalto

domingo, 17 de novembro de 2013

Graciliano Ramos - Infância

Dividido em capítulos/contos, este romance surpreende pela crueza da narrativa autobiográfica, crueldade moral e física, abolição de mentirinha, coronelismo perene.
Causa-nos comoção a educação, permeada pela ignorância e violência na escola e nos enternece a cena descrita pelo autor-personagem em que encontra uma nova mestra e dela espera o mesmo tratamento rude que recebera até então, porém ela o trata com carinho, ouvindo sua leitura gaguejante em voz alta até o final. Neste particular, lembramos de Cazuza, de Viriato Corrêa, quando conta sua experiência na nova escola de Coroatá. Num trecho ele nos comove ao dizer " Ela nos recebeu com o carinho de quem recebe um filho". 
Não foi uma leitura leve, ao contrário, pesada e difícil. Não pela narrativa, pois o livro é de Graciliano Ramos, mas pela dor de uma infância roubada e violentada. Os espancamentos sofridos pelo narrador-menino tanto do pai quanto da mãe são de chorar. Em determinado momento, depois de uma surra homérica, ele diz, não textualmente, "Mamãe não quis deixar meu corpo tão marcado, coitada, ela não viu o nó na corda".
Outra característica digna de nota, é a escravidão. A narrativa está nos primórdios da Abolição e cita as mulheres escravas com filhos livres e os negros sexagenários. Estavam naquele momento em pior situação que antes, não tinham com quem deixar os filhos ou, velhos, para onde ir. Há uma garoto criado com o nosso protagonista, que é frequentemente espancado.
Enfim, embora não esteja entre as obras mais conhecidas de Graciliano Ramos e narrar tantas acontecimento tristes, é um romance que vale a pena ser lido. Saímos desse livro fazendo um paralelo com a atualidade, com o ECA, a polêmica da diminuição da idade penal para 16 anos, a Fundação Casa, nossos filhos e alunos. No livro a criança é desprovida de direitos, não é gente; isso é horrível. Hoje a criança, apesar das tragédias "Isabela, Joaquim" entre outras, têm assegurados alguns direitos, dois principais, de brincar e de estudar; mas está faltando deixar claro quais são as obrigações das crianças e, em especial, dos pais. Cidadania só com deveres ou só com direitos não é cidadania. Ler Infância nos ajuda a entender o hoje e a lutar por um mundo melhor.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Texto incompleto ... envie sua pérola que acrescento

Já dizia o saudoso Chacrinha "Quem não se comunica, se estrumbica", pois o importante na comunicação é que seja entendida, para isto não é preciso sobressaltar a norma de prestígio nem as variantes linguísticas, todas têm sua importância, dependendo das circunstâncias de grupos, lugar, momento, escrita ou oralidade, dentre outras.
No entanto, algumas expressões são engraçadas e nos causam uma certa estranheza ao ouvi-las e depois ajudam a aliviar as tensões do dia a dia. Aí vão algumas:
. Evite aborrecimentos no trânsito não dirigindo nas horas de bico.
. Mergulhou num lugar raso, quase fica parapilégico.
. Abri o jornal e lá estava a foto estancada!
. O prédio ficou imundado.
. Sou muito tenente a Deus.
. O oculista delatou minha pupila.
. Que coisa mais antiga, isto é do tempo do Zagalo.
. Certa vez, uma prima e amiga de minha mãe disse pra ela: "Maria, o Maramba virou bate!" Tratava-se de um clube que diziam estar ficando 'mal frequentado'. Na verdade, ela queria dizer "Maria, o Umuarama virou boate.'
. Não gosto de palavras de baixo escalão.
- Vai ter greve? Então vamos ter paralisia?
- Adoro uva paz!
- Levantei-me depressa e quase tive uma virtude.
- O Varti só quer usar aquela camisa berge!
- Leve seus documentos, se por uma aventura um guarda te parar ...
- Bete mora na casa há muitos anos, já virou usou campeão.
_ Você acredita que o Sérgio teve a cachorra de contar nosso segredo para a Célia?
_ Minha vizinha tirou um módulo do seio.
_ Você vai ao mercado? Traz umas nacatarinas pra mim.

Adalto Paceli

sábado, 21 de setembro de 2013

Ai se um dia...

Ai se  em Outubro chovesse
a terra molhasse
o milho crescesse
e a fome acabasse

Ai se o milho crescesse
a fome acabasse
o homem sorrisse
e a terra molhasse

Ai se o homem sorrisse
a terra molhasse
a fome acabasse
e a chuva caísse

Ai se um dia...

Acordemos camaradas
As chuvas de Outubro não existem!
O que existe
É o suor cansado
Dos homens que querem

O que existe
É a busca constante
Do pão que abundante virá

Homens mulheres crianças
Na pátria livre libertada
Plantando mil milharais
Serão a chuva caindo
na nossa terra explorada



Vera Duarte in Amanhã amadrugada.

Contando e cantando o samba paulista

Eu, Marinete, tenho 45 anos , sou aluna do Ensino Noturno de Jovens e Adultos (EJA), venho por meio deste demonstrar um pouquinho da minha felicidade ao participar de uma palestra musical. Fiquei admirada ao conhecer um pouco das origens do Samba Paulista.
Muitas vezes, a gente escuta uma música e acha bonita, mas não entende o significado dela. Lá no Sesc pude entender sobre o samba, músicas e também da vida das personagens, dentre eles, Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, e muitos outros.
O palestrante e cantor Sandro Cunha dos Santos contando e cantando o samba paulista fez com que eu viajasse no tempo e, ao mesmo tempo, parecia que eu fazia parte daquele passado. Quando pequena, meus pais colocavam disco de vinil na sonata que tínhamos e algumas das músicas que eu ouvia eram Saudosa maloca, Trem das onze e Ronda.
Ouvindo o professor Sandro contando e cantando, lembrei-me das marchinhas de carnaval que eram muito boas, me trouxe muitas lembranças boas. Deveríamos resgatar as marchinhas. Hoje, muitas das músicas que os cantores compõem são depravadas, sem significado algum.
Deixo meu muito obrigada por estas explicações detalhadas que o Sr. Sandro e sua equipe musical e técnica nos passaram. Que Deus continue abençoando a todos.

domingo, 15 de setembro de 2013

Solidariedade

Fumaça no capô,
senhora descendo assustada,
jovem motorista com extintor,
fogo e fumaça visíveis.

Desespero!

Carros parando.
Socorro chegando?

Não!
Postagens no Face.

Poeta acudindo?
Não!
Escrevendo um poema.

Adalto Paceli

domingo, 1 de setembro de 2013

Flores para o delegado - Metrô dos Tucanos - As confissões de Shimidt


Apesar da intensidade da violência trazida pela tevê, em particular, os telejornais, dá para garimpar lirismo, poesia que, às vezes, nos leva às lagrimas. Uma idosa vive com dois filhos com problemas mentais. É encontrada em meio à sujeira, sem comida e, ao ser entrevistada, diz que passa dias apenas tomando água. Conduzida a um abrigo provisório, tem outros dois filhos que a abandonaram, embora tenham condições de ampará-la, aguarda as providências legais para o que desejamos, um final feliz. A cena que me encanta é vê-la, já bem cuidada, ir à delegacia e entregar um buquê de flores ao distinto delegado Luiz Fernando Dias.
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Demorou para aparecer na mídia e quando surgiu foi de forma acanhada, em especial, num jornal de grande circulação no estado de São Paulo e no Brasil. Houve, inclusive, cartas de assinantes reclamando desta posição covarde e oportunista. Estamos nos referindo ao escândalo das supostas licitações cartelizadas do metrô da cidade de São Paulo que teriam se iniciado nos dois anos iniciais do mandato do falecido Mário Covas , se estendido nos dois finais do seu vice, o sr. Geraldo Alckimin e no mandato do sr. José Serra, não se sabe até quando mais. Hoje você abre os jornais ou liga nos noticiários da tevê e nem uma vírgula sobre isto. O que teria acontecido? Provou-se rapidamente que tudo não passava de intriga da oposição ou a quase totalidade da grande mídia é tucana? Quando do mensalão, a imprensa massacrou, todo dia esse assunto era manchete, uma tevê transmitiu ao vivo todo o julgamento. Exageraram na dose, mas antes assim. Por que no caso das licitações do metrô da cidade de São Paulo não houve e não está havendo o mesmo estardalhaço? Fala-se que o prejuízo aos cofres públicos desse escândalo é, no mínimo, três vezes maior que o caso do mensalão. Onde estão os arautos da moral, dos bons costumes e da justiça?
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Dos filmes marcantes figuram, sem dúvida, Um estranho no Ninho e O Iluminado, ambos estrelados por Jack Nicholson. Assisti há poucos dias As confissões de Shimidt e gostei muito. A perda da mulher depois de um relacionamento de 42 anos, a única filha que se casa e vai pra longe. A volta desse personagem para  casa, agora vazia. Ingredientes para mais um filme apenas, mas Jack Nicholson consegue ultrapassar as barreiras da simples interpretação brilhantemente. Em algumas passagens, tem se a impressão que sua atuação está lacônica, sem vida, mas ao final, percebe-se que isto faz parte de um todo. O grande momento é deixado para o final quando ele, sozinho em casa, de volta do casamento da filha, abre uma estranha correspondência.

domingo, 18 de agosto de 2013

Saco de cimento... garoto macabro... Abelardo e Teresa

Li estarrecido uma notícia no Jornal A Tribuna de Ribeirão Preto. Um concurso público numa das cidades da região. Uma prova prática que não constava no edital, acrescentada de última hora. Parece coisa de filminho de terceira, surreal, inacreditável. Como prova final, as mulheres inscritas deveriam carregar um saco de cimento por sessenta metros. Algumas desistiram, outras entraram em pânico. As corajosas, ou desesperadas tentaram. Destas, houve as que deixaram o peso cair, as que não aguentaram e pararam no meio do percurso. Não foi informado se alguma conseguiu cumprir a desatinada prova.
A quem interessaria tamanho absurdo? Qual o proveito de ter uma servidora com capacidade para carregar um saco de cimento? Você sabe o final desta história? Escreva contando. Mais uma vergonha nacional.
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Você já está cansado de ouvir sobre o assassinato do casal de policiais, das duas senhoras da mesma família e de um garotinho. Este último acusado e tido como assassino e suicida. "A culpa é do mordomo," clássico, não? Pois é, por mais esperto que seja esse menino é muito difícil acreditar que ele seja o responsável por essa matança, embora a investigação o coloque como um verdadeiro garoto-prodígio. Pegará muito mal para o Brasil, se ao final, a conclusão não for bem essa. Teria sido prudente não afunilar, logo de cara, a investigação e sim, abrir o leque para outras possibilidades, esta única vertente deixou uns senões no ar. Vamos assistir aos próximos capítulos e acompanhar o desenlace desta terrível história que vem recheada de dramatização, suspense e contada a conta-gotas pela nossa ilustre tevê e nossos independentes e corajosos jornais.
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Com prazer li e reli o artigo do Professor José Aparecido da Silva, Jornal Tribuna de Ribeirão Preto, dia 17 último, com o título Abelardo e Tereza: uma história de amor. Há muito tempo li outras duas narrativas, estas do Heitor Cony  Ainda que não olhemos para trás e A Visita, recortei-as do jornal Folha de São Paulo e tirei cópias para ler com meus alunos. Sou meio suspeito, pois adoro boas histórias, mas esta contada pelo referido professor é linda. Não, o assunto não é novo,  não é só isto que faz uma boa história, é muito mais o como ela é narrada. Vou atrever-me a resumi-la. Os dois se conhecem, ele vai para  a guerra, ela se casa com outro, pois Abelardo é dado como morto e, no final, bem no final, se reencontram... Leia, se não me engano este jornal está na internet: (tribunaribeirao.com.br). Ah, não trabalho para o jornal! 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O papo ainda é sobre o Papa

Não contava com o Papa concedendo aquela longa entrevista a vários repórteres no seu voo de volta ao Vaticano, daí ser justo e necessário continuar o texto abaixo, pois alguns fatos ou opiniões devem ser atualizados ou corrigidos.
Confirmado, sua Santidade sequer estuda a possibilidade do sacerdócio para as mulheres. Retificando, ele está preocupado com o Banco do Vaticano e indicou uma comissão para elaborar  sugestões para mudar sua gestão e, até mesmo, se continuará com formato de banco. Acrescentando, o Papa não se esquivou ao ser questionado sobre o lobby gay; criticou os lobbies, mas defendeu o direito do gays de participar da Igreja. Por último, criticou o monsenhor que foi apanhado com milhões de euros tentando um voo internacional.
Isto posto, conversemos. No Brasil, comissão é sinônimo de enrolação. Quando um político quer empurrar algo com a barriga ele cria uma. A mais famosa, que já perdeu a credibilidade dos brasileiros, é a CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito - nome pomposo, não? Quem sabe a comissão do Banco do Vaticano será diferente, torçamos.
Qual será a postura das mulheres católicas, que viam uma remota possibilidade deste machismo dentro de sua Igreja começar a se dissolver concretamente com a ordenação sacerdotal  de mulheres, acabando com o preconceito de gênero dentro da hierarquia de sua Igreja?
Sua Santidade reconheceu o direito do(a) homossexual à cidadania ao afirmar que eles devem ser acolhidos na Igreja, mas quais são as condições para que isto ocorra? Estes cidadãos poderão sê-lo integralmente, tendo sua manifestação sexual respeitada ou terão que se anular sexualmente, sublimando seus desejos ainda que isto não queiram?
Finalmente anelisemos o episódio do monsenhor com os euros. Qual o desdobramento deste caso? A quem pertecia esta fortuna? Sua origem era legal? Foi devolvida ao legítimo dono? E esta autoridade eclesiástica, foi excomungada ( acho esta palavra horrível ) Aqui em terras brasileiras, o político é condenado por corrupção, mas o dinheiro que dela adveio, salvo raríssimas exceções, não é devolvido. O chique é condená-lo a serviços sociais ou de filantropia, pode? Nas manchetes dos jornais de Ribeirão Preto, de ontem, estamparam que um ex-prefeito foi condenado e terá que prestar estes tais serviços, e o dinheiro que é bom. cadê? Em Bauru, um padre foi excomungado por manifestar-se nas redes sociais sobre algumas temas polêmicos, os quais considerei sensatos e pertinentes. E o tal monsenhor? 

sábado, 27 de julho de 2013

Papa Francisco

Ao ouvir a música abaixo "Gracias a la vida" lembrei-me de Mercedes Sosa, grande compositora e intérprete argentina, embora a música em questão seja de Violeta Parra, associei-a ao Sr. Mário, o recém nomeado Papa Francisco, por ele também ser argentino. Impressionou-me a euforia que  provocou e tem provocado nos católicos no Rio de Janeiro. Emocionei-me muitas vezes, por exemplo, quando um jovem que disse ser um ex viciado em drogas chorou ao final de sua fala pedindo a bênção do papa.
O que simboliza o Sr. Jorge Mario Bergoglio  Simboliza a esperança, a fé no futuro, que é possível mudar o mundo, a começar por nós. Seu recado dirige-se, em especial, aos jovens, pois eles são o futuro, inclusive da Igreja Católica que tem perdido adeptos para outras religiões, em especial, as Evangélicas.
No entanto, o que traz este respeitável senhor de mudanças dentro de sua Igreja? Por enquanto nada de substancial. Em suas falas nada se ouviu sobre sacerdócio feminino, aceitação e oferta da comunhão aos divorciados, celibato opcional para  padres e freiras, combate rigoroso à pedofilia dentro da igreja, explicações sobre o Banco do Vaticano. Temas amplamente conhecidos e que esperam um olhar mais atento de seu maior representante.
Como esperar que esta milenar organização religiosa,  a Igreja Católica, possa trazer luzes para a sociedade terrena em temas cruciais como a corrupção, a má distribuição de renda, a violência, a intolerância, entre outros, se em seu seio há urgentes questões a serem debatidas e resolvidas e seu representante maior a elas nem mesmo faz menção em seus discursos?
Pregar o amor, a solidariedade, o respeito e o desapego é muito importante e o Senhor Mário tem autoridade moral para isto, ainda que seja verdade que ele tenha se omitido durante a Ditadura Argentina ou que tenha perseguido ou autorizado veladamente a perseguição ao artista plástico argentino León Ferrari . Todos erramos, pois somos humanos.
O Papa Francisco está no início do seu pontificado e esperamos que ele tenha coragem de cortar na própria carne para depois apontar caminhos para uma sociedade mais humana, pelos quais o mundo está ansioso, haja vista o sucesso de sua presença no Brasil.

domingo, 14 de julho de 2013

Gracias a la vida




Gracias a la vida,
que me ha dado tanto;
me dio dos luceros
que cuando los abro
perfecto distingo
lo negro del blanco,
y en el alto cielo
su fondo estrellado,
y en las multitudes
al hombre que yo amo.

Gracias a la vida,
que me ha dado tanto;
me ha dado el sonido
y el abecedario.
Con él, las palabras
que pienso y declaro:
"padre", "amigo", "hermano",
y "luz", alumbrando
la ruta del alma
del que estoy amando.

Gracias a la vida,
que me ha dado tanto;
me ha dado el oído
que en todo su ancho
graba, noche y día,
grillos y canarios,
martillos, turbinas,
ladridos, chubascos.
y la voz tan tierna
de mi bienamado.

Gracias a la vida,
que me ha dado tanto;
me dio el corazón,
que agita su marco
cuando miro el fruto
del cerebro humano,
cuando miro al bueno
tan lejos del malo,
cuando miro el fondo
te tus ojos claros.

Gracias a la vida,
que me ha dado tanto;
me ha dado la marcha
de mis pies cansados.
Con ellos anduve
ciudades y charcos,
playas y desiertos,
montañas y llanos,
y la casa tuya,
tu calle y tu patio.

Gracias a la vida,
que me ha dado tanto;
me ha dado la risa
y me ha dado el llanto.
Con ellos distingo
dicha de quebranto,
los dos materiales
que forman mi canto;
y el canto de ustedes,
que es el mismo canto;
y el canto de todos,
que es mi propio canto.

Gracias a la vida,
que me ha dado tanto.

Link: http://www.vagalume.com.br/violeta-parra/gracias-a-la-vida.html#ixzz2Z4XjHRJe

domingo, 2 de junho de 2013

II Passante indignado

Ouro Preto, em teu centro
 aquele alto obelisco entristece-me,
 mesmo com jovens ruidosos 
sentados em sua base.

Olhar para o topo e ver
 a estátua que retrata Joaquim,
é, o José da Silva Xavier. 

Imaginá-lo esquartejado,
 no alto a cabeça decapitada
a servir de exemplo àqueles 
que ansiavam por liberdade.

Oh, cidade que abriga belezas naturais, 
igrejas monumentais,
abrigas também calabouços, 
símbolos de subjugação.Escravidão!

Mas de todos os paradoxos: 
aquele que aqui caminhava,
os amigos cumprimentava,
também contra as injustiças
dos poderosos de Portugal

foi o único enforcado e
seus companheiros degredados.



sábado, 25 de maio de 2013

I - Passante

Caminhos de Ouro Preto,
  paralelepípedos pontudos e soltos.

  Coração bate forte,  pelos arrepiam.
Saudade  de não sei onde,
 reminiscências de mineiro errante,
 sentimentos inculcados... recalcados.  

 Ao passar pela ponte dos suspiros,
 Dorothéia, a Marília, entreabriu a janela,
os cabelos negros e dentes alvos mostrou.

 Dentro desta imagem,
 Gonzaga, o Dirceu, da janela,
no alto da ladeira, sua amada observava.

 Descansando de seu rebanho pastorear.


Adalto Paceli


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Jornal que repe...rcute

O âncora apresenta as manchetes e chama um longo comercial, na volta coloca três repórteres na tela e anunciam três daquelas notícias do início. Dentro de pouco tempo, inserções de propaganda dentro do jornal, ao término destas o âncora chama novo intervalo.
No "2º bloco" um ou dois daqueles repórteres voltam com as mesmas notícias, acrescentando uma ou duas palavras dizendo que logo voltam para "repercutir". Então, entram as reclamações dos munícipes: buracos, falta d'água ... Outra inserção comercial, detalhe, um dos próprios repórteres a faz. Geralmente remédios.
Terceiro bloco, dois daqueles voltam para apresentarem as mesmas notícias acrescentando duas ou três palavras. E vêm mais inserções de propaganda e reclamações de munícipes. O âncora também fica o tempo todo repetindo as mesmas notícias, denominando isto de repercutir.
Então chamam alguém, que dizem ser especialista, para comentar as manchetes, tome mais repercussão. Estes especialistas são geralmente os mesmos e, via de regra, criticam o poder público. Em seguida, a previsão do tempo, que é dada com alegria e ênfase despropositada, aliás, a maioria dos jornais televisivos trata o boletim meteorológico como se fosse a coisa mais importante do mundo e fazem caras e bocas para apresentá-los.
Enfim, retomando o Simão da Folha, tucanaram a repetição, agora é repercussão. A única parte interessante é a inteligência de um economista famoso e culto que faz comentários profundos e instigantes, exceção feita, será que podemos chamar a isto de jornal?

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Texto incompleto ... envie sua pérola que acrescento

Já dizia o saudoso Chacrinha "Quem não se comunica, se estrumbica", pois o importante na comunicação é que ela seja entendida, para isto não é preciso sobressaltar a norma de prestígio nem as variantes linguísticas, todas têm sua importância, dependendo das circunstâncias de grupos, lugar, momento, escrita ou oralidade, dentre outras.
No entanto, algumas expressões são engraçadas e nos causam uma certa estranheza ao ouvi-las e depois ajudam a aliviar as tensões do dia a dia. Aí vão algumas:
. Abri o jornal e lá estava a foto estancada!
. O prédio ficou imundado.
. Sou muito tenente a Deus.
. O oculista delatou minha pupila.
. Que coisa mais antiga, isto é do tempo do Zagalo.
. Certa vez, uma prima e amiga de minha mãe disse pra ela: "Maria, o Maramba virou bate!" Tratava-se de um clube que diziam estar ficando 'mal frequentado'. Na verdade, ela queria dizer "Maria, o Umuarama virou boate.'
. Não gosto de palavras de baixo escalão.
- Vai ter greve? Então vamos ter paralisia?
-Adoro uva paz!
- Levantei-me depressa e quase tive uma virtude.
- O Varti só quer usar aquela camisa berge!
- Leve seus documentos, se por uma aventura um guarda te parar ...
- Bete mora na casa há muitos anos, já virou usou campeão.
_ Você acredita que o Sérgio teve a cachorra de contar nosso segredo para a Célia?


...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Cartas - depoimentos - divagações

Sair do anonimato é uma necessidade básica, todos querem ser vistos, reparados e considerados e ninguém quer passar pela vida sem deixar uma marca, um sentimento no coração de alguém, uma ideia inteligente que desperte no outro algum interesse. Tudo isto porque somos seres afetivos, precismos dar e receber calor humano, somos seres inteligentes e queremos que, de alguma forma, nosso raciocínio interaja com outro e que nossa inteligência brilhe nele.
Pois bem, tudo isto percebemos em nossos alunos. Quando falam, querem ser ouvidos; quando escrevem, querem ser lidos; quando reclamam, querem ser notados,  são como todos os seres humanos. Assim, promover o diálogo, a interação, a leitura, o riso, o desabafo, o silêncio ... parece tarefa simples, mas para aquele professor que está de corpo e alma na sala, não o é, pois exige esforço, acuidade, amorosidade e conhecimento.

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Um destes momentos é quando escrevem, querem que aquilo seja lido, pois demandou debruçar-se sobre, desnudar-se algumas vezes, silenciar-se num mundo ruidoso. Então lemos, afixamos na sala e, caso permitam, publicamos aqui. As cartas e autobigrafias que você lê abaixo são exemplos disto, um texto que me comoveu foi o da aluna Mayara do noturno, moça pacata e ingênua que se vê assustada com a perspectiva de ser mãe, o que já aconteceu recentemente.
Tivemos um aluno notável no noturno, o Sr. Roque, homem de elevada distinção e elegância no trato com todos. Hoje, ele está concluindo o Ensino Médio na E.E. Pedreira de Freitas, aqui perto do nosso Cemei. Numa determinada atividade de escrita, ele nos apresentou um belo texto, fizemos algumas sugestões de reparos ortográficos e gramaticais, mas de antemão, já avaliamos a qualidade de seu texto. Pois bem, enviamos sua redação para o Jornal A Tribuna, que tem uma bela parceria com as escolas públicas municipais de Ribeirão Preto.
Para nossa alegria, risos, o Sr. Roque não só teve sua história publicada, como também foi homenageado pelo Jornal numa cerimônia pública à qual comparecemos com grande satisfação. Mais uma vez, parabéns, Sr. Roque. E a todos os alunos que escrevem e nos confiam seus texto, nosso muito obrigado.
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Somos impacientes e ansiosos, infelizmente, queremos ver no semblante dos que nos ouvem uma resposta, ainda que mínima, talvez um mover de lábios, um arregalar de olhos, ou seja, um simples sinal de que estão acompanhando nosso raciocínio. Mas isto nem smpre acontece, muitas vezes, nos olham com cara de paisagem e é difícil controlar nossa decepção.
Há pouco tempo, li em sala um dos mais belos contos que conheço " A moça tecelã", de Marina Colasanti. Fiz uma leitura quase que dramatizada e ao terminá-la nem uma expressão diferente, parecia que eu tinha passado um teoria sobre substantivos. Com um nó na garganta, passei para a atividade de compreensão do texto que o livro propunha.
Aprendemos há   algum tempo que isto se chama idiossincrasia, que a maneira com que cada um recebe uma mensagem é pessoal. Aí entra nossa ansiedade, que é o querer "comandar" a maneira como o outro recebe o que falamos. Exercício difícil, pode acreditar, é este para o professor, pois nossa ânsia para que o outro cresça, assimile é tanta que até esquecemos a interessante frase de Paulo Freire "A educação é um fruto que o professor não come"
Um abraço,
Adalto Paceli

sábado, 13 de abril de 2013

Cartas imaginárias


                                                       Ribeirão Preto 02/04/13

João Paulo,

E aí, tudo bem? Espero que sim. Comigo vai tudo bem, estou escrevendo para lhe contar como são as aulas aqui no Cemei. São muito boas, estou aprendendo muito com os professores, apesar de alguns alunos atrapalharem as últimas aulas.
Decidi voltar a estudar  porque hoje  eu vejo que não somos nada sem os estudos, como é difícil sem o estudo arrumar emprego. Gosto muito das aulas de ciências, geografia e história, não muito de matemática, porque nunca  me dei bem em matemática, espero que você  seja  melhor  do que eu .
Pretendo me formar daqui a alguns anos em algo que envolva o desenho, sou desenhista e é o que mais gosto de fazer . Às vezes sento e fico na prancheta até virando a noite nos desenhos .
Bem, João Paulo, vou ficando  por aqui, espero que você me retorne um dia.

Cara, fique com Deus!


                                                                                                                           Gabriel de Lima

segunda-feira, 8 de abril de 2013

MINHA VIDA

Eu, Mayara  de Oliveira, Nasci em Ribeirão Preto
 e vou  contar minha  historia.
Tenho  17 anos.  Já perdi  minha  mãe,
 tenho só meu  pai e  minha  vida tem sido  difícil,
pois    vou  ser mamãe.
No começo, eu pensei  que seria fácil,
mas acho que me enganei, pois já sofri demais.
Hoje, quero dar  para o meu filho 
todo amor do mundo, 
espero  que com  as  graças de  Deus  eu consiga.
Vou  dar  toda  educação e
 lutar pra dar um futuro melhor a ele e
espero ser  muito  feliz , com  minha  família ,
quero ter forças pra continuar lutando,
 pois agora já não estou mais sozinha ,
está chegando um anjinho
enviado por Deus para me trazer  alegria.
Vou terminar meus estudos,
pois só assim posso ter certeza
que conseguirei dar pro meu filho
tudo que não tive quando era criança!

domingo, 7 de abril de 2013

ESCREVENDO MINHA HISTÓRIA



MEU NOME É DIEGO BARIZON,
MORO NA FAZENDA,
EU ESTOU VOLTANDO PARA A ESCOLA
 PARA APRENDER MAIS
 E  TER UM  FUTURO  MELHOR,
 PARA  SABER  DAS  COISAS.

FAZER CURSOS DE COMPUTADOR, FACULDADE
 E AJUDAR MEUS PAIS, MINHA IRMÃ E MEUS PARENTES.
UM DIA QUERO CASAR, TER FILHOS E AJUDÁ-LOS.
 BOM, FAZER DE TUDO UM POUCO.

 E ISSO SE DEUS AJUDAR E TUDO DER CERTO.
PRETENDO TIRAR MINHA HABILITAÇÃO
PARA ANDAR SEGURO NA CIDADE.

ISTO É UM POUCO DA MINHA HISTORIA
QUE AINDA ESTÁ SENDO ESCRITA.

Minha história




Oi, meu nome é Samara Barizon, tenho 23 anos, nasci na cidade de Ribeirão Preto. Então vou contar um pouco da minha infância, gostava muito de andar a cavalo, mas  a minha infância não foi muito boa, porque meus pais se separaram quando eu tinha cinco anos, sofri muito com isso. Quando completei quinze anos, fiquei grávida e tive que parar de estudar  para casar.  Fiquei casada durante oito anos.
Hoje, moro em uma fazenda com meu pai e minha filha,  só agora que  pude vir à escola, porque  fiquei afastada durante onze anos  e só agora percebi  o quanto ela faz falta  para arrumar um serviço bom.
Agora decidi voltar pra  correr atrás de tudo que perdi e quero  poder  fazer   faculdade  de engenheira agrônoma  porque trabalho nessa  área, pois quero poder  dar um futuro bom pra minha filha e mostrar pra ela que a escola hoje é tudo. Gosto bastante de estudar  e pode ter certeza que vou fazer o impossível pro meu sonho se realizar.
 Então é isso, vou sempre em frente, acreditando em Deus. 

domingo, 31 de março de 2013

Feliciano grita e mídia sussurra



Que as declarações e posicionamentos do Deputado Federal Feliciano são ilegítimos não há o que discutir, e que colocá-lo à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara  é absurdo, é outra verdade inconteste. Exigimos sua saída!
Agora, é preciso refletir que a mídia em geral e, em especial a tevê, alegando liberdade humorística, vêm utilizando como produto deste “humor” as minorias. Repare nos negros representados por brancos caricaturados, nos homossexuais representados com exagerados trejeitos e vocabulário, na mulher com dificuldades para entender, nos anões e gigantes infantilizados, dentre outros.
A revista Caros Amigos trouxe esclarecedora reportagem com o título Piada sem graça, que trata justamente deste pretenso humor à custa das minorias, e que infelizmente, por ser de fácil assimilação dá grande retorno de audiência para as emissoras de televisão.
A grita geral pela renúncia ou retirada, por parte do PSC, do Deputado Feliciano da referida Comissão deve continuar, pois ele permanece firme no cargo e  gostando de toda esta polêmica, pois isto alimenta seu ego e o reforça como "baluarte da moral e dos bons costumes", rendendo-lhe votos dos fundamentalistas religiosos e falsos moralistas. 
Enquanto isto, o deputado grita pontualmente e a mídia "sussurra" constantemente em nossos ouvidos seus preconceitos, amplamente defendidos na sociedade, inclusive pelos que se dizem religiosos.
Portanto, combater o preconceito que atinge as minorias, patrocinado por grandes empresas e propagado por grandes redes que receberam suas concessões do governo é tarefa árdua a exigir cidadania de cada um de nós. Cidadania que provém da boa educação de berço, da formação escolar e das justas instituições públicas ou privadas.
 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Rádio Usp - Esquenta - Tribuna

Há tempos não sintonizava a Rádio Usp de Ribeirão Preto, pois estavam testando um novo sistema de Internet para a difusão do sinal. O Geraldo, um colega professor de matemática, vem continuamente elogiando esta rádio e eu pensava comigo "um dia desses preciso sintonizá-la". Fiz isto a semana passada, que maravilha! Realmente, não está mais saindo do ar e com uma programação pra ninguém botar defeito.
Sábado último, por exemplo, ouvi no  programa À beira da palavra -14h às 15 h, uma entrevista com um escritor negro. Ele falava de suas obras, do perigo da simbologia das palavras, do racismo inconsciente que nosso vocabulário traz. Lembrou algo muito singelo, a musiquinha de ninar "Boi, Boi, Boi, Boi da cara preta, pega esta menina que tem medo de careta" e cantou diferente "Boi, Boi, Boi, Boi da cara branca, pega esta menina que tem medo de carranca". Achei genial, nem sei se isto é daquele autor, mas foi bem colocado. Por que cara preta e não cara branca?
Assisto tevê pontualmente, tenho minhas preferências, uma delas é o programa de entrevistas "Provocações" com o Abujanra, outra é o Jornal das 18h com a Leilane, mas domingo último ligue na vênus prateada e lá estava a Regina Casé com o "Esquenta", já tinha assistido um pouquinho no domingo anterior e tinha gostado. Quem vejo no tudo junto e misturado? O grande Caetano Veloso interagindo com todos, sem preconceitos, cantando tudo que aparecia, sabia até alguns ritmos que a mim não agradam nem um pouco, mas aprendi faz tempo que o mundo não é feito sob encomenda. No final, A Regina leu um trecho que resumidamente dizia que as pessoas não se tocam mais, os relacionamentos são curtos e de pouca intensidade porque as pessoas não se deixam conhecer e conclui assim: vemos alguém e dizemos "um abraço", encontramos outra pessoa e dizemos "um beijo", mas não há, de verdade, nem beijos e nem abraços. Chocou-me ver o encontro dos dois papas e alguém da tevê a dizer que eles estavam se abraçando calorosamente, nem sequer se tocaram!
Tive o prazer de acompanhar um aluno do Ensino noturno de jovens e adultos ao Jornal A Tribuna, ele foi receber um prêmio pelo texto que escreveu em sala de aula e que enviei para o jornal com o fito de ser publicado. Que felicidade estampava o Sr. Roque ao receber o certificado e ser fotografado! Todos que escrevem, exceto nos diários, é claro,  querem que seus textos sejam lidos. Nestes momento eu me orgulho da minha profissão, de poder ajudar de alguma maneira no processo de leitura e escrita com autonomia. O texto dele está aqui neste blog "Quem casa quer casa".
Grande abraço ( risos ) a todos!
Adalto Paceli

sábado, 23 de março de 2013

Saudades da Minha Terra



Eu, Antenor  Rosa da Silva, venho através desta falar um pouquinho da minha historia. Nasci no dia 26 de agosto de 1975, numa cidade chamada Iturama no estado de Minas Gerais. Ali cresci e fui muito feliz por longos 14 anos.

Lembro-me da capelinha onde o padre rezava a missa todos os domingos, era um grande evento, o mais esperado da semana, pois todos nós levávamos uma merenda, uns levavam bolo, outros biscoitos, doces, sucos e até refrigerante o que era uma novidade, pois pouquíssimas casas da zona rural tinham energia elétrica, enfim, éramos muito felizes, eu, minha mãe Sebastiana, meu pai José e meu padrinho Zezão , que sempre morou com a gente.

Meus irmãos a esta altura já não moravam mais em casa, o mais velho, Nivaldo morava no estado de São Paulo, minha irmã do meio tinha se casado, então éramos só  nos quatro. Ate que um dia, por falta de opção, por não ter um trabalho fixo, onde pudesse tirar meu sustento, tive que sair de casa e vir morar na cidade grande, lembro que minha mãe falava  “olha, cuidado com as companhias, não fica na rua até tarde, obedece seu irmão, ele vai poder te orientar melhor”.

O tempo foi passando, fui ficando mais velho e passei a entender melhor a vida. Às vezes eu me perguntava por que o destino nos separa das pessoas que mais amamos. Hoje eu entendo que isso acontece para nos tornarmos seres humanos menos egoístas, menos arrogantes e um pouco mais humildes. Sábias palavras de dona Sebastiana Ribeiro da Silva, que sempre me fez trilhar o caminho do bem, é por isso que hoje estou aqui me considerando um vencedor, pelo menos no jogo da vida tenho vencido todas as batalhas e por isso posso afirmar que a família é a base de tudo.

Espero poder passar adiante todo amor e carinho que recebi dos meus pais, o  que me fez ser o homem que sou hoje aprendendo um pouco mais a cada dia com a mesma humildade de sempre. 

5ª Eja - Escola Municipal Eduardo Romualdo de Souza

sábado, 9 de março de 2013

Travessuras


Eu insisto em cantar
Diferente do que ouvi

Seja como for recomeçar

Nada há, mas há de vir
Me disseram que sonhar
Era ingênuo, e daí?

Nossa geração não quer sonhar

Pois que sonhe, a que há de vir

Eu preciso é te provar

que ainda sou o mesmo menino

Que não dorme a planejar travessuras

E fez do som da tua risada um hino.

Me disseram que sonhar

Era ingênuo, e daí?

Nossa geração não quer sonhar

Pois que sonhe, a que há de vir

Eu preciso é te provar

que ainda sou o mesmo menino

Que não dorme a planejar travessuras
E fez do som da tua risada
um hino

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Noites na Taberna - Álvares de Azevedo

Comecei a ler este livro de contos e impressionou-me a força e o frescor da narrativa, gostaria de compartilhar com vocês o conto abaixo.
Abraço,
Adalto.


II
SOLFIERI
...Yet one kiss on your pale clay
And those lips once so warm — my heart! my heart!
Cain. Byron

— Sabei-lo. Roma é a cidade do fanatismo e da perdição: na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o Crucifixo lívido. É um requintar de gozo blasfemo que mescla o sacrilégio à convulsão do amor, o beijo lascivo à embriaguez da crença!
— Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai ela no verão pôr aquele céu morno, o fresco das águas se exalava como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia bela. Eu passeava a sós pela ponte de... As luzes se apagaram uma por uma nos palácios, as ruas se fazias ermas, e a lua de sonolenta se escondia no leito de nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa janela solitária e escura. Era uma forma branca. — A face daquela mulher era como a de uma estátua pálida à lua. Pelas faces dela, como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas.
Eu me encostei a aresta de um palácio. A visão desapareceu no escuro da janela... e daí um canto se derramava. Não era só uma voz melodiosa: havia naquele cantar um como choro de frenesi, um como gemer de insânia: aquela voz era sombria como a do vento a noite nos cemitérios cantando a nênia das flores murchas da morte.
Depois o canto calou-se. A mulher apareceu na porta. Parecia espreitar se havia alguém nas ruas. Não viu a ninguém: saiu. Eu segui-a.
A noite ia cada vez mais alta: a lua sumira-se no céu, e a chuva caía as gotas pesadas: apenas eu sentia nas faces caírem-me grossas lágrimas de água, como sobre um túmulo prantos de órfão.
Andamos longo tempo pelo labirinto das ruas: enfim ela parou: estávamos num campo.
Aqui, ali, além eram cruzes que se erguiam de entre o ervaçal. Ela ajoelhou-se. Parecia soluçar: em torno dela passavam as aves da noite.
Não sei se adormeci: sei apenas que quando amanheceu achei-me a sós no cemitério. Contudo a criatura pálida não fora uma ilusão: as urzes, as cicutas do campo-santo estavam quebradas junto a uma cruz.
O frio da noite, aquele sono dormido à chuva, causaram-me uma febre. No meu delírio passava e repassava aquela brancura de mulher, gemiam aqueles soluços e todo aquele devaneio se perdia num canto suavíssimo...
Um ano depois voltei a Roma. Nos beijos das mulheres nada me saciava: no sono da saciedade me vinha aquela visão...
Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: nos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite...
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal apertados... Era uma defunta! ... e aqueles traços todos me lembraram uma idéia perdida. . — Era o anjo do cemitério? Cerrei as portas da igreja, que, ignoro por que, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo...
Sabeis a historia de Maria Stuart degolada e o algoz, "do cadáver sem cabeça e o homem sem coração" como a conta Brantôme? — Foi uma idéia singular a que eu tive. Tomei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos lábios. Ela era bela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a capela como o noivo as despe a noiva. Era mesmo uma estátua: tão branca era ela. A luz dos tocheiros dava-lhe aquela palidez de âmbar que lustra os mármores antigos. O gozo foi fervoroso — cevei em perdição aquela vigília. A madrugada passava já frouxa nas janelas. Àquele calor de meu peito, à febre de meus lábios, à convulsão de meu amor, a donzela pálida parecia reanimar-se. Súbito abriu os olhos empanados. Luz sombria alumiou-os como a de uma estrela entre névoa, apertou-me em seus braços, um suspiro ondeou-lhe nos beiços azulados... Não era já a morte: era um desmaio. No aperto daquele abraço havia contudo alguma coisa de horrível. O leito de lájea onde eu passara uma hora de embriaguez me resfriava. Pude a custo soltar-me daquele aperto do peito dela... Nesse instante ela acordou…
Nunca ouvistes falar da catalepsia? É um pesadelo horrível aquele que gira ao acordado que emparedam num sepulcro; sonho gelado em que sentem-se os membros tolhidos, e as faces banhadas de lágrimas alheias sem poder revelar a vida!
A moça revivia a pouco e pouco. Ao acordar desmaiara. Embucei-me na capa e tomei-a nos braços coberta com seu sudário como uma criança. Ao aproximar-me da porta topei num corpo; abaixei-me, olhei: era algum coveiro do cemitério da igreja que aí dormira de ébrio, esquecido de fechar a porta .
Saí. Ao passar a praça encontrei uma patrulha.
— Que levas aí?
A noite era muito alta: talvez me cressem um ladrão.
— É minha mulher que vai desmaiada...
— Uma mulher!... Mas essa roupa branca e longa? Serás acaso roubador de cadáveres?
Um guarda aproximou-se. Tocou-lhe a fronte: era fria.
— É uma defunta...
Cheguei meus lábios aos dela. Senti um bafejo morno. — Era a vida ainda.
— Vede, disse eu.
O guarda chegou-lhe os lábios: os beiços ásperos roçaram pelos da moça. Se eu sentisse o estalar de um beijo... o punhal já estava nu em minhas mãos frias...
— Boa noite, moço: podes seguir, disse ele.
Caminhei. — Estava cansado. Custava a carregar o meu fardo; e eu sentia que a moça ia despertar. Temeroso de que ouvissem-na gritar e acudissem, corri com mais esforço.
Quando eu passei a porta ela acordou. O primeiro som que lhe saiu da boca foi um grito de medo...
Mal eu fechara a porta, bateram nela. Era um bando de libertinos meus companheiros que voltavam da orgia. Reclamaram que abrisse.
Fechei a moça no meu quarto, e abri.
Meia hora depois eu os deixava na sala bebendo ainda. A turvação da embriaguez fez que não notassem minha ausência.
Quando entrei no quarto da moça vi-a erguida. Ria de um rir convulso como a insânia, e frio como a folha de uma espada. Trespassava de dor o ouvi-la.
Dois dias e duas noites levou ela de febre assim... Não houve como sanar-lhe aquele delírio, nem o rir do frenesi. Morreu depois de duas noites e dois dias de delírio.
A noite saí; fui ter com um estatuário que trabalhava perfeitamente em cera, e paguei-lhe uma estátua dessa virgem.
Quando o escultor saiu, levantei os tijolos de mármore do meu quarto, e com as mãos cavei aí um túmulo. Tomei-a então pela última vez nos braços, apertei-a a meu peito muda e fria, beijei-a e cobri-a adormecida do sono eterno com o lençol de seu leito. Fechei-a no seu túmulo e estendi meu leito sobre ele.
Um ano — noite a noite — dormi sobre as lajes que a cobriam. Um dia o estatuário me trouxe a sua obra. Paguei-lha e paguei o segredo...
— Não te lembras, Bertram, de uma forma branca de mulher que entreviste pelo véu do meu cortinado? Não te lembras que eu te respondi que era uma virgem que dormia?
— E quem era essa mulher, Solfieri?
— Quem era? seu nome?
— Quem se importa com uma palavra quando sente que o vinho lhe queima assaz os lábios? quem pergunta o nome da prostituta com quem dormia e que sentiu morrer a seus beijos, quando nem há dele mister por escrever-lho na lousa?
Solfieri encheu uma taça e bebeu-a. Ia erguer-se da mesa quando um dos convivas tomou-o pelo braço.
— Solfieri, não é um conto isso tudo?
— Pelo inferno que não! por meu pai que era conde e bandido, por minha mãe que era a bela Messalina das ruas, pela perdição que não! Desde que eu próprio calquei aquela mulher com meus pés na sua cova de terra, eu vô-lo juro — guardei-lhe como amuleto a capela de defunta. Hei-la!
Abriu a camisa, e viram-lhe ao pescoço uma grinalda de flores mirradas.
—Vede-la murcha e seca como o crânio dela