quarta-feira, 30 de dezembro de 2015



Um dia

Fiz uma pausa em minhas leituras mais densas para ler um romance romântico-dramático, com abordagem instigante e estratégia original. Explico, os capítulos tornam-se dinâmicos porque, via de regra, dão sequência à história um ano após o capítulo anterior e  num determinado dia do mês. O dia em que Dexter e Emma se conheceram, num final da festa de formatura de ambos. Suas vidas às vezes se cruzam, mas seguem em boa parte paralelas com acontecimentos e pessoas deferentes à sua volta. Num misto de crueza, meiguice, amor, encontros e despedidas a trama segue, trazendo um final inesperado. Com 410 páginas, o livro é gostoso de ler, com passagens que nos fazem refletir sobre o passar dos anos, as oportunidades e escolhas que fizemos ou poderíamos ter feito, nos faz rir e, sendo sensível, ficar com um nó na garganta. Mas acima de tudo é uma história linda e comovente.

Adalto Paceli

professorpaceli.blogspot.com


segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Carta aberta

Ribeirão Preto, 28 de dezembro de 2015

Governador Geraldo Alckmin,

Esperamos que esta o encontre bem junto aos seus e com disposição para a conclusão de seu mandato.
Escrevemos-lhe com a intenção principal de expormos nossa opinião sobre sua recente resolução, ora suspensa, de "reorganizar" a educação pública em nosso estado de São Paulo.
Concordamos, a priori, que é interessante a separação por etapas de ensino, ou seja, 1º ao 5º ano, 6º ao 9º do Ensino Fundamental e 1º ao 3º do Ensino Médio, pois como professores sentimos as dificuldades pertinentes, a exemplo: a insegurança e dificuldade de locomoção na entrada, nos intervalos entre aulas, no recreio e na saída para os menores; barulho externo excessivo durante as aulas, particularmente, nas escolas em que o recreio é em horário diferenciado e separado para os menores.
Sabemos também que o número de estudantes, devido à queda da taxa de natalidade, diminuiu, mas temos também que considerar o grande contingente de alunos da escola particular que tem migrado para a escola pública, por diversos motivos.
Esses fatores merecem uma reformulação, mas não poderiam jamais servir como justificativa para o fechamento de escolas.
Aqui colocamos nossa sugestão, Prezado Governador, em vez de usar a separação dos alunos por faixa etária e queda da taxa de natalidade como pano de fundo para enxugar gastos fechando escolas, porque não aproveitar esse propício momento para a real implantação das escolas de tempo integral e diminuição da quantidade de alunos por sala?
Quanto à escola de período integral, sabemos que há alguns ensaios ou projetos pilotos, porém pensamos essa escola para todo o estado, indistintamente.
No tocante à quantidade de alunos por sala, Sr. Governador, esse aspecto é fundamental para uma escola de qualidade, pois aula não é palestra/aula de cursinhos vestibulares e sim um tete a tete, um debruçar-se sobre o aluno, acompanhar seu progresso, como está escrevendo ou lendo e interpretando e isso é impensável, com a qualidade que merece, numa sala com alunos em excesso.
Nossa sugestão: 1º ao 5º com 15 anos, 6º ao 9º e Ensino Médio com 20 alunos, no máximo. Aqueles que defendem que a quantidade de alunos em sala não interfere no ensino-aprendizagem, com todo respeito, estão equivocados.
Enfim, prezado Governador Geraldo Alckmin, se é para reorganizar, façamos algo digno desse nome, não fechando escolas mas, se necessário, abrindo outras, implantando o período integral, reduzindo a quantidade de alunos por sala e contratando mais professores para essa verdadeira reorganização.
Atenciosamente,

Professor Adalto Paceli de Oliveira


domingo, 20 de dezembro de 2015

Friedrich Nietzsche e Genealogia da Moral

     
          Caso alguém conheça um pouco desse escritor, não traremos novidades, alinhavamos a partir de nossa leitura do livro e parcas pesquisas apenas algumas impressões que conseguimos apreender. 
           Isso posto, conversemos, Nietzsche (1844-1900), em seu livro Genealogia da moral, intenta clarear o conceito de moral, o que é ser moralizado. Quais as diferenças entre bom x mal e bom x ruim. A questão do "pecado" associado à culpa. A influência da religiosidade no conceito de moral.    
              Friedrich faz um comentário na primeira das três dissertações dessa obra sobre  a dificuldade do animal aquático que transportando-se evolutivamente para  a terra, sentiu enorme dificuldade de adaptação e teve  a partir daí, que suportar o peso do próprio corpo e, concomitantemente, defender-se de predadores, alimentar-se e procurar abrigo. 
           Evolucionista, daí a necessidade de os criacionistas terem estrutura intelectual e psicológica para abrirem  parênteses  e continuarem lendo esse autor, acrescenta que tudo isso fez com que o homem, nesse processo, se voltasse para si. Daí nossa racionalização e com ela, segundo esse filósofo, um constante e crescente sentimento de culpa que foi sendo recalcado.
        Esse estoque de rápidas adaptações, acontecimentos, situações repentinas não ficou bem resolvido dentro do homem. A isso deu-se o nome de culpa e que a religião batizou como pecado, e o cristianismo como pecado original.
       Outro tema abordado: O ideal ascético, colocar toda essa vida em prol de uma futura, inexistente para o escritor que atribui aos sacerdotes a pecha de manipuladores, execrados por Nietzsche.
         Obviamente Genealogia da moral é muito mais do que nosso brevíssimo comentário. Caso consulte o Google encontrará trabalhos de nível superior sobre a obra e o autor. No Youtube há aulas, assistimos à do Professor Marcelo da Luz, da qual gostamos, pois é bem humorado, transmite seus conhecimentos com leveza, sem pressa e permite a participação dos alunos durante a palestra. No entanto, das aulas de Leonardo - escola de filosofia - embora tragam informações importantes, identificamos muita incoerência e soberba por parte do palestrante, assista e tire suas próprias conclusões. 
           Enfim, informações complementares são interessantes. mas consideramos que é mais eficaz e eficiente irmos primeiro à obra.
            Um abraço,

                                                                                                                                            Adalto Paceli 
     

domingo, 13 de dezembro de 2015

Carta

Ribeirão Preto, 13 de dezembro de 2015

Prezado(a) leitor (a),

    Como vai? Esperamos que você e os seus estejam bem. Nós vamos enfrentando a vida e seus desafios na esperança de melhores dias.
      É estranho receber uma carta de alguém desconhecido ou pouco familiar, não é? Mas deixemos a primeira impressão passar, para tanto continuemos a nos falar somente no próximo parágrafo...

    Gostaríamos de conversar com você sobre um assunto que não tem unanimidade e que talvez à primeira vista possa deixá-lo desconfortável, mas saiba que nosso intuito não é desrespeitar sua opinião, mas o de apenas apresentar a nossa ótica.
   Queremos falar-lhe sobre a Dilma, sim, a nossa Presidente, prefiro essa grafia a presidenta, coisa pessoal apenas. Sabemos que muitos questionam seu início político como guerrilheira e tentam compará-la aos torturadores da Ditadura, mas nem ela nem seu grupo tomou o país de assalto como fizeram os militares.
     Deixemos essa circunstância e sigamos, atuou profissionalmente num governo estadual, foi ministra de importantes pastas do governo Lula. Foi eleita para o primeiro mandato com boa margem de votos e reeleita com pequena margem, mas eleita e entrou pela porta da frente.
    "Disso já sei", você me diria. Sim, é apenas para entabularmos uma conversação sobre alguma base. Então, agora seria sua vez, "E a roubalheira, a corrupção?" Nisso damos a mão à palmatória, mas antes de recebermos a primeira pancada, conceda-nos uma observação. Pode ser?
     Gratos, já percebemos que gosta do diálogo. Será possível que apenas a partir do governo Lula tivemos roubo e corrupção? Que tal pensarmos que em outros governos também houve, mas não foi difundido como agora? Não seria ingenuidade acreditar que antes o país não ia bem, aliás hoje está muito melhor, mas que a corrupção era menor? 
      Não nos deixe falando sozinhos, já vamos encerrar esta simples missiva. Pois bem, Dilma entrou pela porta da frente, caso nosso Legislativo Federal e nossa Justiça acolham seu impedimento, que também é dispositivo constitucional, é de bom tom, civilizado e democrático que acatemos seu veredicto, que esperamos ser justo.
     Estamos de volta ao regime democrático há mais ou menos 30 anos, nesse curto espaço de tempo já tivemos um impedimento, não há impeditivo legal para que haja outro, no entanto não é recomendável que se deponha presidentes com essa frequência, para que isso ocorra deve-se observar todas as regras institucionais, pois corre-se o risco de hábito, o que não fortalece a democracia de nenhum país do mundo.
   Enfim, paciente leitor(a), não pesa contra nossa presidente nenhum ato desonesto, enriquecimento ilícito ou desobediência constitucional. Ah, as pedaladas, íamos nos esquecendo, queira nos desculpar. Houve ilícito, mas não é exclusividade de seu governo, nas três instâncias executivas já se constatou esse procedimento e nenhum prefeito, governador ou presidente foi cassado por isso.             Aperfeiçoemos nossas instituições, punamos todos os culpados, doa a quem doer, mas não queiramos depor a presidente a qualquer custo, isso além de ser uma atitude maniqueísta, querer um bode expiatório, revela falta de memória dos anos de chumbo e falta de cidadania.
     Caso concorde com nosso raciocínio integral ou parcialmente, ótimo. Caso não concorde, ótimo também. É no contraditório que construímos consenso.
       Um forte abraço, com votos de saúde, felicidade e paz,

Adalto Paceli.


sábado, 28 de novembro de 2015

Em mau estado

     Certamente observamos que nos últimos anos houve um sensível despertar para os direitos dos animais. Abusos são cometidos, mas já não aceitamos isso como em outros tempos de maior crueza nas relações animais e humanos. Quase todos se sensibilizam com um animalzinho abandonado ou sofrendo maus tratos. É justo que seja assim, pois nenhum ser vivo deve passar fome, frio e sofrer as intempéries da natureza.
         Os animais ditos irracionais diferem do homem, pois não têm o livre arbítrio. Mas será que esse mesmo livre arbítrio em vez de ser um avanço, um sinal de superioridade pode condenar o homem a não ter os direitos básicos que acima defendi para os animais? É justo que um semelhante por pensar diferente, não ter um emprego, ser um dependente de algum vício, não ter tido as mesmas possibilidades que teve alguém que nasceu em berço de ouro, não ter se escolarizado, ou outros aspectos que o deixam na periferia da sociedade, não tenha aqueles direitos básicos a que me referi e que aqui repito: comida, água, teto e proteção?
          Sim, ouço críticas a programas sociais, como o bolsa-família, o auxílio-gás, o seguro desemprego, entre outros. Dizem que não é justo, que favorece a um "bando" de vagabundos e que o governo faz mal em dar apoio a essas pessoas. De quem vem essas críticas? De alguns que há bem pouco tempo levavam uma vida regrada e que agora, por terem conseguido alguma ascensão, se julgam melhores e adotam uma postura de ser superior. De outros, acostumados ao mando e não toleram que o miserável tenha o mínimo necessário para viver, sem terem que estar subjugados a eles e aos que comungam dessa tacanha mentalidade.
      Esse é um aspecto que revela quem está na vanguarda do humanismo, da solidariedade e que quer construir uma sociedade menos desigual daquele que insiste no status quo, no individualismo, em ter propriedades e enriquecer às custas da miséria dos seus semelhantes, que se diz íntegro e critica o governo, mas no seu dia a dia sonega imposto não emitindo nota fiscal, não registra seus funcionários e não paga o justo salário.
        Portanto, não adianta cristianismo, títulos acadêmicos, casa em Miame, saber cantar o Hino Nacional, bom gosto para arte... se não enxergamos o nosso semelhante que precisa de alimento, água, moradia, transporte, vestimenta e saúde, pois esse marginalizado é nosso companheiro de jornada, queiramos ou não, que vive, sofre e é mortal como nós também o somos.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Divã

Aquele que tiver ouvidos, ouça!
Mas ouve com paciência,
sem interrupção.
Seja menos Faustão.
Pois as pessoas querem falar,
a solidão anda à solta.

Ainda que pareça louca,
meio sem coerência
e com muita confusão,
abra seu coração.
Deixe sua história contar,
ouça sem abrir a boca.


Uns falam muito com palavras poucas
Outros não têm essa ciência,
pra dizer logo sua intenção.
demonstre consideração,
muitos só querem desabafar,
por pra fora seu sufoco.

E pra terminar essa poesia solta,
com ares de grande eloquência,
digo que o outro é seu irmão,
perdido na multidão
precisando se apoiar
em alguém que apenas o ouça!

                                                                Adalto Paceli








sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Inconsciência Negra


     Causou estranheza uma associação comercial de determinada cidade da grande Ribeirão Preto ter entrado na justiça e conseguido liminar suspendendo o feriado de hoje. 
     Nunca ouvimos falar que tenham tentado cancelar o feriado de Corpus Christi, de Nossa Senhora Aparecida e outros feriados ditos santos, embora nossa constituição seja laica.
E o feriado de 9 de julho, da Revolução Constitucionalista? Saia perguntando que feriado é esse e esteja pronto para as mais disparatadas respostas. 
     Esse pequeno texto não tem como primeira intenção criticar feriados, mas porque cancelar justamente o feriado de 20 de novembro? Será que os mais de 3 séculos de escravidão, a discriminação racial hipócrita no Brasil, a diferença salarial entre negros e brancos que desempenham a mesma função, a violência contra o negro das periferias não merecem um dia de reflexão?
     Tenho uma suspeita, o negro brasileiro não tem a mesma capacidade de reação da Igreja,do Estado e das grandes potências comerciais e midiáticas. Vi uma frase atribuída ao ator Morgan Freeman que questiona os dias dedicados às minorias, mas ele é um afrodescendente rico e famoso, será que é tão simples assim? 
     Enfim, faz-se necessário refletir nesse 20 de novembro e entender que o negro é nosso companheiro de caminhada, dotado dos mesmos direitos e deveres constitucionais e que é nossa obrigação combater qualquer tipo de racismo, principalmente aqueles que vêm em forma de brincadeiras à primeira vista ingênuas, mas que escondem o preconceito. O negro sofreu e sofre na pele, não é somente ele que tem de gritar contra as injustiças das quais é vítima, além de passar pelo sofrimento ainda tem que lutar sozinho? Não, não está correto! Todos devemos combater esse câncer social chamado preconceito racial.


                                                                                                                                Adalto Paceli

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Penso, logo insisto

     Você é como eu? Quando lê, assiste ou curte algo muito interessante fica com muita vontade de compartilhar com alguém? Pois é, sou assim. Pelo título já deu pra perceber que o papo é filosofia...
Espere aí, não me deixe sozinho nesse texto, vamos conversar. 
Dessa vez quero dividir com você minhas últimas leituras, é que falaram muito de dois escritores, Clóvis de Barros Filho e Júlio Pompeu, disseram que fazem ótimas palestras ou pra ser mais chique "seminários" e deram entrevistas na tevê.
     Pois bem, li "A filosofia explica grandes questões da humanidade", e não é que pelo jeito que eles escrevem explica mesmo! Nós, certamente, já lemos sobre muitos filósofos, daqueles antigos gregos, Platão, Aristóteles e Sócrates; depois, uma série deles: Rosseau, Pestalozzi, Schopenhauer, Nietzche, dentre outros. Como não sou um estudioso e apenas curioso, muitas vezes não consigo entender muito bem o que esses caras estão querendo dizer, mas com esse livro algo diferente se deu.
     A obra é composta por oito capítulos, os quatro primeiros mais a introdução escritos pelo Clóvis e os quatro restantes pelo Júlio, percebeu a intimidade? Logo no início, o assunto é ética e moral, segundo o autor e no que concordo, às vezes uma se confunde com a outra, mas para elucidar, ele explica com um exemplo, a ética é nossa boa atitude diária e moral são as decisões pontuais que precisamos tomar, mais marcantes, por exemplo, um colega de trabalho está lesando a empresa e decido denunciá-lo, isso seria um ato moral. Conversando com meu amigo Fernando, ele acrescentou outra diferenciação, moral pode mudar e está ligada aos costumes; já a ética não muda, independente do lugar e da época, por exemplo, roubar, é e sempre foi um ato errado em todos os lugares.
     Para aprofundar um pouco mais sobre ética, li da coleção primeiros passos, o livro O que é ética, de Álvaro L. M. Valls e foi esclarecedor. 
     Sabe, essas questões sobre a vida que num momento ou noutro vêm à nossa mente? De onde vim? O que estou fazendo aqui? Para onde vou? O que é justiça? O que é virtude? A Filosofia nos auxilia a compreendê-las melhor, só que é necessário ir aos textos, esse lance de ficarmos colecionando pensamentos, lendo superficialmente na internet um punhado de informações, as tais janelas que vamos abrindo e quando damos por nós, nossa casa está cheia é de pernilongos, são válidos, é claro. Mas nada substitui a leitura do livro, mastigando as palavras, voltando à página anterior quando não entendemos, isso é ler com autonomia.
     Para encerrar vou lhe confessar que já tentei ser chique lendo Nietzsche, lia, lia e não entendia seus escritos, cheguei a ganhar alguns livros desse autor. Mas ao terminar a leitura de " A filosofia explica grandes questões da humanidade, o autor indicou o livro Genealogia da moral, se você adivinhar quem escreveu esse livro eu lhe dou um doce... é o próprio, Nietzche e ao dar uma olhadinha no tal livro, é dos que ganhei de presente... o autor diz assim: "Se esse livro resultar incompreensível para alguém, ou dissonante aos seus ouvidos, a culpa, quero crer, não será necessariamente minha..." e conclui " É certo que, a praticar desse modo a leitura como arte, faz-se preciso algo que precisamente em nossos dias está bem esquecido - e que exigirá tempo, até que minhas obras sejam 'legíveis' -, para o qual é imprescindível ser quase uma vaca, e não um 'homem moderno': o ruminar..."
     Bom, se o próprio Nietzche se considera difícil de ler, até que eu não estou tão mal assim. Começo hoje a lê-lo, sou corajoso!

Adalto Paceli

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Sem resposta


Pergunta quem sou e respondo o que fiz.
Fosses o Pequeno Príncipe,
olhar-me-ias com espanto
por ti mesmo, lerias:
É um frustrado mineiro por não ter em Minas nascido!
Mostra que envelhece 
pois  usa mesóclise quando escreve.

Não me criticarias, no entanto,
Fosse o Pequeno Príncipe,
olharias pra mim com enternecimento
e sentirias um amor desinteressado,
por apenas ter me conhecido!
Reconhecerias na criança que guardas
que tua pergunta é difícil de  responder.

Quem sou? Soma de quem fui, do que sou?
Poderia acrescentar o que serei?
Melhor não, ficaria mais complicado ainda.
Olha, vamos combinar algo mais fácil?
Pede que te desenhe um carneiro,
pode ser?

Caso estejas voltando à Terra,
no Brasil, pergunta-me sobre
a crise, a alta do combustível.
Sei que nunca desistirias de uma pergunta,
caso fosses o principezinho...
Abre uma exceção,
esquece esse lance de identidade,
ao menos por consideração à minha idade.


Adalto Paceli



terça-feira, 27 de outubro de 2015

Arte e ciência de roubar galinha


Não, não se trata de nenhuma dica de como afanar galinhas para uma boa festinha com os amigos. Você, com certeza, já ouviu falar do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. Porém, ele ficou conhecido pelo livro Viva o povo brasileiro!. Um dia desses, estando com os alunos na biblioteca da escola, interessei-me pelo título de um livro que um aluno estava devolvendo e resolvi pegá-lo para dar uma olhada. Resultado: peguei a obra emprestada.
Trata-se de um livro de crônicas muito divertido, um causo melhor que o outro. João Ubaldo morava em Itaparica (BA), embora viajasse constantemente, tendo residência ali, tinha um bom relacionamento com os moradores do lugar e daí surgiram as histórias de pescador, animais domésticos, relacionamentos, religiosidade, família, dentre outros.
Com um humor cativante, esse escritor baiano vai nos apresentando sua pequena cidade e seu cotidiano, é claro, com os enfeites e pequenos exageros que só um cronista desse quilate pode acrescentar. 
Numa dessas crônicas, que me fez rir muito, ele nos conta sobre uma jovem viúva que tinha ataques nervosos, não conseguia dormir e que foi submetida a um tratamento pelo padre do lugar, agora, o resultado desse tal tratamento ... só lendo pra você saber.
Outro causo engraçado é sobre um tal peixe venenoso que alguns pescadores insistiam em saborear, mesmo sabendo dos riscos... Muitas vezes não é a história em si, mas sim a maneira como a crônica foi contada. 
Lembrei-me dos mineiros de minha terra, quando dizem "É a Maria do Osvaldo", lá na Bahia, em Itaparica também é assim, só que em vez de " Maria do Osvaldo" dizem "Maria de Osvaldo".
Amigos, é uma leitura muito gostosa e flui tanto que a gente nem sente o tempo passar. Então aí vai mais uma dica: Arte e ciência de roubar galinha, de João Ubaldo Ribeiro.

Adalto Paceli

domingo, 25 de outubro de 2015

Pérolas

Já dizia o saudoso Chacrinha "Quem não se comunica, se estrumbica", pois o importante na comunicação é que seja entendida, para isto não é preciso sobressaltar a norma de prestígio nem as variantes linguísticas, todas têm sua importância, dependendo das circunstâncias de grupos, lugar, momento, escrita ou oralidade, dentre outras.
No entanto, algumas expressões são engraçadas e nos causam uma certa estranheza ao ouvi-las e depois ajudam a aliviar as tensões do dia a dia. Aí vão algumas:
. Evite aborrecimentos no trânsito não dirigindo nas horas de bico.
. Mergulhou num lugar raso, quase fica parapilégico.
. Abri o jornal e lá estava a foto estancada!
. O prédio ficou imundado.
. Sou muito tenente a Deus.
. O oculista delatou minha pupila.
. Que coisa mais antiga, isto é do tempo do Zagalo.
. Certa vez, uma prima e amiga de minha mãe disse pra ela: "Maria, o Maramba virou bate!" Tratava-se de um clube que diziam estar ficando 'mal frequentado'. Na verdade, ela queria dizer "Maria, o Umuarama virou boate.'
. Não gosto de palavras de baixo escalão.
- Vai ter greve? Então vamos ter paralisia?
- Adoro uva paz!
- Levantei-me depressa e quase tive uma virtude.
- O Varti só quer usar aquela camisa berge!
- Leve seus documentos, se por uma aventura um guarda te parar ...
- Bete mora na casa há muitos anos, já virou usou campeão.
_ Você acredita que o Sérgio teve a cachorra de contar nosso segredo para a Célia?
_ Minha vizinha tirou um módulo do seio.
_ Você vai ao mercado? Traz umas nacatarinas pra mim.

Adalto Paceli

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Pai rico e pai pobre

     Procuro diversificar minhas leituras, na medida do possível, pois temos nossas preferências. Então li um livro com dicas sobre como cuidar da nossa saúde financeira. 
       Cresci com minha mãe dizendo "Quem compra terra não erra" ou "Quem quiser ser nobre, desfaça do que tem e tenha cobre". Sei que não é bem assim, mas esses conselhos me ajudaram a ter os pés no chão quando o assunto é dinheiro, afinal, é tão difícil levantar  cedo para trabalhar... Opa, divagando demais, voltemos ao livro em questão. 
    O autor desse livro é o milionário do Havaí, de descendência japonesa, Robert Kyosaki, que justifica o título contando que seu pai é um professor universitário, o pai pobre. Já o pai rico é, na verdade, pai do seu amigo de infância.
      Robert dá sequência à sua narrativa por meio de histórias ou fatos vividos por ele e esse amigo, orientados desde pequenos por esse "pai rico". 
      É uma  leitura agradável e instigante, gostaria de destacar a orientação que permeia a obra: temos que nos organizar para obtermos mais ativos, ou seja, bens que trazem retorno financeiro, a exemplo, imóveis e ações, dentre outros. E tomarmos cuidado para não nos descontrolarmos e ficarmos só investindo em bens passivos, que perdem seu valor com o tempo, móveis e produtos tecnológicos de ponta, por exemplo, pois na hora da necessidade esses  não terão liquidez.
      É óbvio que minha visão é bem simplista e que ao ler você terá muito mais amplitude e talvez um posicionamento diferente. Os comentários, pontos de vista e as  sinopses são válidos, mas nada substitui a efetiva leitura, só ela nos faz mergulhar no pensamento do autor, misturar com os nossos e ter como resultado uma experiência singular. Fica aí a dica.

Adalto Paceli

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mosaico II


Como atividade escolar passei algumas vezes para meus alunos o filme O caçador de pipas. Fiquei emocionado em todas as ocasiões e revoltado com o personagem Amir nas cenas  em que ele tentava prejudicar Hassan, não conto detalhes para que você não perca o interesse em assistir ao filme, pois vale a pena. No entanto, o que ficou essencialmente do filme para mim foi o dia a dia do povo afegão. Os seus valores, seus sofrimentos e  perseguições e, em particular, a questão da violência sob o manto da religiosidade. Não quero entrar no mérito da questão e sim passar minha sensação. É óbvio que, sendo um filme rodado por americanos, temos que considerar a ideologia dos Estados Unidos com relação a esse povo, a questão do Onze de Setembro e a perseguição aos Talibãs.
Soube depois pela Internet que os dois atores mirins e um adolescente sofreram perseguição ao retornarem das gravações para o Afeganistão, pois as autoridades consideraram uma determinada cena entre os três personagens ofensiva à moral afegã.
Retornando à essência do filme, aqueles costumes não saem de minha mente. A subjugação da mulher, a burca, as proibições, enfim, a falta de liberdade individual me impressionam, não escrevo isso como contestação à ideologia islâmica ou ao regime de governo, não sou estudioso do assunto.
Recentemente caíram em minhas mãos dois livros, os quais li com avidez, pois tratavam também do povo afegão. Os livros são A cidade do sol, escrito por Khaled Hosseini, aliás autor do livro homônimo ao filme a que me referi e O livreiro de Cabul, escrito pela norueguesa Asne Seierstad. Confesso que antes de terminar a primeira parte do livro A cidade do sol senti um mal estar, joguei o livro num canto e disse em voz alta "droga, não quero mais ler esse livro!". Mas a curiosidade falou mais alto e concluí a leitura. O livreiro de Cabul começou mais leve, esse livro tem um caráter de quase pesquisa, sem a chatice de se ler uma, a autora passou uma primavera em Cabul, na casa do livreiro Sultan e, com a permissão dele relatou depois, em forma de histórias, tudo que pôde presenciar e sentir nesse período em que ficou hospedada com essa família.
Enfim, deixo essas  dicas  para você que gosta de sempre aprender coisas novas viajando na leitura.
Adalto Paceli



sábado, 17 de outubro de 2015

Mosaico

Li três livros indicados pelo Rodrigo, meu amigo professor de História, a saber, Raízes do Brasil, O povo brasileiro e Formação do Brasil contemporâneo, escritos respectivamente por Sérgio Buarque de Holanda, Darci Ribeiro e Caio Prado Júnior. Aprendi muito com essas leituras, entendi um pouco melhor a formação do nosso povo, como chegamos até aqui, algumas dicas interessantes do porquê  de sermos do jeito que somos.
Sérgio Buarque e Caio Prado, ao meu simples olhar, são mais intelectualizados, insistem num olhar mais distante, lembrando o narrador observador. Talvez isso seja antes um mérito que um demérito, dá um caráter mais "científico". Já Darci, talvez por ser antropólogo, já é mais próximo do leitor, viaja no mesmo barco em que estamos.
Pondo os autores à parte por um momento e fixando nas obras, destaco a nossa formação "racial", a riqueza da contribuição do Índio, do Africano e do Português, a princípio. Em Raízes, Sérgio Buarque dá um destaque ao Português, demonstrando aí, novamente pelo olhar desse leigo que lhes escreve, um certo elitismo. Darci, ao contrário, dá peso igual aos nossos  três formadores, exaltando-se ao falar dos nossos mais de trezentos anos de escravidão.
Caio Prado, como o próprio título já indica, parte do Brasil "independente", Esse autor dá mais importância à Abertura do Portos em 1808 que à Independência em 1822, o que é realmente relevante e nos faz ponderar a respeito. Critica ao lado de Darci, mas por um outro viés, a demora da abolição da escravatura no Brasil e cita as pressões inglesas para que os negros fossem libertos logo. O que houve porém foi uma enrolação dos três poderes. Criaram a lei do Ventre Livre, do Sexagenário, dentre outras, com o propósito primeiro de protelar ao máximo a abolição. Qualquer semelhança com os dias de hoje é mera coincidência.
Enfim, citando Brecht, "Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la", concluo convidando àqueles que não conhecem esses livros a lê-los, se pude alcançar minimamente o que esses notáveis brasileiros escreveram, garanto que vocês alcançarão muito mais. Boa leitura!

Adalto Paceli de Oliveira


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O povo brasileiro

Terminei  de ler Darci.
Do começo ao fim
ele tenta nos dizer
o que é ser brasileiro,
qual sentido de nação
todos devem ter.

Li Darci
É! O Ribeiro
de O povo brasileiro.
Disse que o Brasil
Desde que era colônia
nunca existiu pra si.

Gastaram negros e índios,
nosso solo e nossas matas
pra fazer dinheiro e gastar lá fora.
O povo que aqui se formava
vivendo sem direito a nada.

Agora sou eu que digo:
depois de quinhentos anos
de desmando e latifúndio.
De mídia descarada e partidária.
Já temos um Brasil Pátria?

Sim, uma nação que vive
para o bem de seu povo.
Sem corrupção e com trabalho.
Com a terra dividida pro plantio
do pobre agricultor.
Não só o agronegócio.

Uma pátria onde o patrão
é apenas um dos lados de toda profissão,
mas não é dono do pobre nem da nação.
Em que a mídia, embora com ideologia
não coloque o poder e o patrocínio
acima do cidadão.


Adalto Paceli

















quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Por que nós temos Pai?




Pense um pouco....

Se até nos Contos de Fadas eles aparecem: Em João e Maria, um pai que os amava de verdade, na Bela e a Fera, o pai quase morrendo fez de tudo para agradar sua filha. Em Cinderela...
Ah! tem Chapeuzinho Vermelho, como assim, você não viu? É que tem muita Mãe que faz  o papel de Pai, tem também o Tio-Pai, o Avô-Pai, o Irmão-Pai....E tem  Jesus que  escolheu José para ser seu Pai.
Meu Pai é o meu Herói, porque todo dia ele sai pra trabalhar pra poder ganhar o seu salário e nos sustentar, eu adoro meu Pai, como ele adora o time dele... rss.
Pai é como o Oxigênio, sem ele não dá para ficar.
Obrigado Pai, por me dar a Vida, eu te Amo muito, e tenho muito orgulho de chamá-lo de meu Pai.

Com Carinho, de seu filho,


Arthur Diniz


(12 anos) 6º A – Cemei Prof. Eduardo Romualdo de Souza.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Democracia


Um certo Senador Pintado
falava no Roda Morta
programa que de fato
teve já o seu valor.

Fiquei um tempo ouvindo
o que  dizia aos jornalistas
de progressistas mídias:
"Página, Ou Seja, Olha e Era"

Falou com todas as letras
que a oposição nacional
coloca o país nos trilhos
em menos de um ano,
Etecétera e tal.

Mas que pena...
tive que ir dormir.
Acabou a energia,
mas posso garantir

Que o nobre político
falou de Reforma Agrária,
Condenou o golpismo
daqueles que perdem a eleição
e querem  terceiro turno...

Confio ainda
que essa mídia de vanguarda
que pensa num país pátria,
perguntou e pontuou.

Deixando claro para todos
que Corrupção se combate
com investigação,
direito de defesa
e então prisão...

E no minuto final esse digno senhor
esclareceu que corrupção
não se combate com golpismo,
que se muda governante com eleição.


Adalto Paceli

sábado, 25 de julho de 2015

Tio Bejo

Aquele homem baixinho
Que anda olhando pros lados
Compra a casa da esquina
E os carrões estacionados.
Compra só de mentirinha
Em sua mente limitada.
Faz seu jogo de loteria
 Imagina-se milionário.

Ao voltar pra sua casa
Na Franca do calçado,
Encontra a mãe velhinha
Na rua em meio aos carros.
Grita, esbraveja, empurra
A pobre com mal de alzheimer.
Abre o portão aos arrancos
Com a mãe presa ao braço.

Não casou nem teve amor
De alguém que o quisesse,
 Vive assim iludido, no seu mundo encantado
Com mulher, mansão, empregados...
Enquanto isso na casinha
Morando com sua mãe,
Faz feijão com arroz,
Varre o chão, vai ao mercado.

Seu nome é Benjamin, 
 Todos o chamam de Bejo,
Levando essa vidinha, 
Cuidando da mamãezinha.
Poderia um dia ser lembrado
Pelo bem que assim fazia...
Mas não é bem assim,
Pois há algo errado.

Ser pobre, solitário e baixinho. 
Amargo e mal humorado 
É humano!
Sonhar e na lua tropeçar
Também se deve relevar.
Mas grosseria, gritos e arrancos?
Não! 
Aquela velha senhora

 merecia carinho!


                                                                                                                                  Adalto Paceli



















domingo, 5 de julho de 2015

Doidos de minha infância II

Dentre aquelas pobres almas que vagavam pelas ruas, uma protagonizou um episódio que mamãe contava com gosto. Era a Dona Maria, que ficava fora de si, se é que isso fosse possível, quando alguém a chamava de Cebolinha. Nessa circunstância ela gritava palavrões, pegava o que via pela frente para atirar e ficava por muito tempo fazendo escândalo. Isso para a criançada, infelizmente, era um show imperdível.
Certa vez, andando pelo Bela Vista, um bairro de Passos, ganhando um pedaço de pão aqui, uma moeda ali, passou pela porta de Dona Efigênia, uma bondosa senhora, amiga de minha mãe. Estando com a porta aberta, Dona Efigênia chamou pela pobre andarilha:
_ Dona Maria, como vai? Entre, acabei de passar um café.
A mulher entrou, convidada a sentar-se, tomou café e comeu pão. Quando fazia menção de ir-se, a dona da casa propôs:
- Fique essa manhã aqui, vou separar algumas roupas para a senhora, enquanto isso tome um banho, descanse. Depois do almoço a senhora segue.
Dona Maria, que era uma boa alma aceitou comovida. E assim passou-se a manhã, almoçaram juntas, tomaram  outro cafezinho, a caridosa mulher fez uma trouxa com roupas usadas e acompanhou a pobre senhora até a calçada, mas para sua infelicidade cometeu um pequeno equívoco:
-Venha sempre, quando estiver passando por aqui, não se acanhe, bata e virei atendê-la com o maior prazer, Dona Cebolinha.
Esse final não prestou, o desequilíbrio mental falou mais alto e a Dona Maria ficou possessa. Jogou a trouxa de roupas no meio da rua, levantou o vestido e xingou sua protetora de todos os palavrões imagináveis. Saiu pela rua a resmungar, esquecendo-se de todo o favor recebido.
Assustada, a amiga de minha mãe não teve outra opção que entrar e tentar esquecer o ocorrido, pois devemos fazer o bem sem olhar a quem.



sábado, 4 de julho de 2015

Doidos de minha infância I


Desde muito pequeno acostumei-me a conviver com andarilhos e doidos, pois isso era comum em Passos, Minas Gerais. Mexíamos com eles e fugíamos, às vezes quase nos pegavam. Hoje bate um remorso, mas eu era um garoto solto, que ia à escola, tinha horários, mas a rua da minha pequena cidade era meu quintal, meu e da minha turminha.
Dentre os  mais conhecidos, lembro-me de alguns, Biscoitão, Tião Galinha, Relógio Quebrado, Tomate Podre, Cebolinha e Dona Dita das Mangueiras.
A Dita das Mangueiras era assim conhecida por morar num casebre com um quintal que tinha várias mangueiras. Quando havia fruta madura, pulávamos o muro e, com a maior desfaçatez cascávamos a manga com a boca e comíamos montados nos galhos. Certa vez quase morri de susto, pois estava tranquilo saboreando uma fruta quando vi meus colegas descerem apavorados, nem liguei, continuei na minha. Mas de repente vi a ponta de um bambu passar pertinho do meu rosto, quando olhei pra baixo, era a Dona Dita tentando me derrubar da mangueira. Subi para um galho mais alto e, nem sei como, consegui passar de uma para outra árvore e descer. Como fiz para chegar ao muro e saltá-lo? Nem me pergunte, pois nem eu mesmo sei.

Adalto Paceli

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O diário de um menino - Aventuras


                                                                                 

A guerra do esgoto

Eu estava sozinho em casa vendo tevê e, de repente, ouvi um barulho estranho que vinha da cozinha. Fiquei assustado, não conseguia me mexer, então fiquei totalmente parado. Esperei uns minutos. De repente o barulho repetiu-se!!! Resolvi ir até a cozinha ver o que estava acontecendo.
Quando cheguei lá vi que o cano da pia que tem ligação com o esgoto tinha  rompido. A partir daí foi só desespero. Começou a sair uma coisa verde pelo cano e sair baratas, ratos, sujeira. No começo achei divertido, estava prestes a viver uma grande aventura, mas depois me arrependi de não ter ligado pra minha mãe, e pro meu pai. Aquele negócio verde meio preto ia tomando conta da casa. Então resolvi fingir que era um monstro e que eu era o salvador da pátria.
Amarrei um lençol no pescoço, para fingir que era uma capa, peguei um rodo para ser minha espada, e estava pronto para a guerra. Montei meu campo de batalha no andar de cima, antes que aquele negócio começasse a subir. Então ele veio subindo e eu com minha poderosa espada ia mandando ele de volta para baixo.
Fiquei fazendo isso até meus pais chegarem do trabalho. Quando minha mãe viu aquilo espalhado na casa inteira, ela quis me matar. Falou que eu era um irresponsável, que se eu tivesse ligado pra ela não precisaria levar um tempão para limpar tudo, nem gastar dinheiro com produtos para limpar ou até comprar alguns móveis novamente.
Como já era de se esperar fiquei de castigo, sem videogame, sem tevê, sem celular etc., por dois meses. Mas o pior castigo é que minha mãe contratou uma babá para ficar cuidando de mim enquanto ela está fora. Tentei convencer minha mãe com aquele papo que já tenho 11 anos, sou bem grandinho, sei me cuidar, meus amigos iam zoar com a minha cara, mas não adiantou nada.
Se a minha brincadeira se chamava ``A guerra do esgoto ´´, agora meu objetivo se chama ``Me livrar de uma babá´´.

                             Como livrar-se de uma babá    I

Depois de todo aquele episódio da minha brincadeira, minha mãe me obrigou a ajudá-la a limpar toda a casa. Levamos um dia inteiro para limpar toda casa, e eu ainda tive que fazer lição à noite. Além disso, o pior ainda estava por vir, minha mãe cumpriu com o que prometeu e contratou a babá, ela se chama Charlote.
Bom, minha mãe contratou a Charlote para ficar comigo de dia e de noite, até ela chegar. A babá ia me buscar na escola todo dia, então combinei com ela um disfarce  para ninguém saber que eu tinha uma babá, ela me chamava de sobrinho e eu a chamava de tia.
Depois da primeira semana de trabalho da babá eu comecei a colocar meu plano para me livrar dela em prática. Então quando ela fazia sopa eu derrubava o prato no chão e falava que era sem querer, eu levava um copo de água para o quarto e derramava na cama, e quando ela ia lá em cima, a cama estava toda molhada, Charlote perguntava por que, eu falava que eu devia ter feito xixi e ela trocava a cama.
Fiquei fazendo isso durante meses e meses, mas a “babá” era muito resistente.
Depois de um ano de trabalho, quando a minha mãe entrou de férias, ela deu férias para a Charlote.
Esse mês quem vai cuidar de mim é a minha mãe, então tive que interromper meu plano por 1 mês .
Mas quando Charlote voltar de férias ela não sabe o que espera por ela... KKKKK...

                                               Se livrar de uma babá   II 

Hoje a Charlote volta de férias, e meu plano já está pronto para ser executado.
Sete horas da manhã, de repente ding-dong, era a Charlote voltando de férias. Logo no primeiro dia de trabalho depois das férias da babá, de propósito comi ovo com salsicha e tomei leite com chocolate e, antes de sair, tomei Coca-Cola e água. Quando saímos, saí correndo e pulando antes dela. A uns dois quarteirões antes da escola parei e falei para ela que minha barriga estava doendo, ela mandou-me sentar um pouco no banco e esperar parar de doer. Sentou-se ao meu lado e falou para eu me deitar em seu colo. Eu me deitei e, como planejado, vomitei no colo dela. Foi muito engraçada a reação dela.
Eu fiquei irritando ela durante cinco meses, só que resolvi parar. Antes que perguntem por que, respondo: eu parei porque a Charlote é uma boa pessoa, legal, companheira e ótima cozinheira (a comida dela é uma delicia).
Então depois de um ano e seis meses, resolvi aceitar minha babá. Agora eu e Charlote somos amigos fiéis e ela é minha babá preferida.
Eu adoro a minha babá, mas não deixamos de lado o lance de tia e sobrinho, por enquanto...

                                                 Júlia Mirandola - 6º B

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Democracia

Veja os fatos como são
lendo nossa revista.
Isto é, segundo nosso patrão.

Folha por folha, só 'verdade',
sempre divulgando a notícia,
com total parcialidade.

Cobrimos o Globo inteiro,
não só a cidade ou  sua região.
O que nos move é o dinheiro.

Somos de fato o quarto poder,
pois mídia é joia rara,
derruba e pode até eleger.

Adalto Paceli.








segunda-feira, 22 de junho de 2015

Arte em sala

Os alunos costumam levar seus desenhos para serem colocados no mural da sala. Veja alguns deles:

Gabriela - 6º ano


sexta-feira, 5 de junho de 2015

O ócio criativo (Domeninco de Masi)


Li esse livro recentemente, estava de olho nele há muito tempo e tive a oportunidade de tomá-lo emprestado. Por que não o adquiri? Desde adolescente prefiro os livros emprestados, pois me comprometo a ler logo para devolvê-los.
O ócio criativo é escrito a quatro mãos, uma especialista faz questionamentos e comentários e Domenico, um sociólogo italiano muito perspicaz, responde. A questão central do livro é que estamos num período, por muitos chamado de pós-industrial,  em que a tendência é produzir-se mais com menos mão de obra devido à alta tecnologia e assim, necessariamente, para o autor, uma questão de tempo, o homem trabalhará menos e terá que administrar bem suas horas de lazer.
Uma questão que me pareceu intrigante é que, segundo a obra, o ponto de vista acima já é uma realidade para muitos países do chamado primeiro mundo e que a redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, já era para estar acontecendo, pois o lucro dos “patrões” continua elevadíssimo, no entanto, o que vemos são altíssimas taxas de desemprego na Europa, a exemplo da Espanha.
Enfim, os grandes capitalistas não querem diminuir seus lucros, ainda que em troca de uma paz social, pois o desemprego é desastroso para a sociedade como um todo. Até quando iremos assim? O Brasil não é exceção nisso tudo, somos a 8ª economia e com uma imensa massa trabalhadora com jornada de 44 horas semanais em media, CLT.
É óbvio que passo uma visão simplista devido às características desse meu texto e que peguei uma vertente que mais me chamou a atenção e que há muitas outras. Parte dessa simplicidade de visão é devida também ao meu pouco conhecimento histórico, para aqueles que se debruçam sobre esse assunto, o livro terá muito mais profundidade. O melhor então, em vez de criticar meu raso entendimento é ler o livro. Que tal?
Adalto Paceli